7 perguntas de mercado, 7 respostas da Fidelity

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romleys, Flickr, Creative Commons

O início de setembro e, com ele, o começo eminente do novo ano escolar, levou Tom Stevenson, especialista da Fidelity Worldwide Investments, a refletir sobre os temas que dominaram o mercado durante o decorrer de 2013-2014. Em particular, Stevenson detecta até sete perguntas que estão em cima da mesa nos últimos tempos, e às quais tenta dar resposta.

1.     Para onde se dirige o mercado norte-americano?

2014 foi o ano em que o índice S&P 500 ultrapassou, pela primeira vez, a barreira dos 2.000 pontos. A pergunta é se o bull market originado em 2009 poderá manter o impressionante rally observado desde então, especialmente nos últimos dois anos. A resposta de Stevenson, a priori, é que o mercado “necessita de subir com mais decisão”, para assegurar aos investidores que ainda existe potencial de subida. “Apesar dos lucros do segundo trimestre terem sido razoáveis, a maior e mais influente bolsa do mundo enfrenta um obstáculo chave no ano que vem: o inevitável endurecimento da política monetária dos EUA”, avisa o especialista.

2.     Taxas de juro: quando e quanto?

Neste ponto o representante da Fidelity mostra-se claro: “Sabemos que o QE chegará ao fim em outubro”. “O que está menos claro é quando começarão a subir as taxas de juro e quão longe chegarão”, acrescenta. Para Stevenson, a escalada do S&P 500 não é mais do que “uma consequência da política ultra-acomodatícia da Reserva Federal durante os últimos cinco anos”. Por tudo isto, a resposta a esta questão pode qualificar-se de ambígua: “Ninguém sabe quão bem sucedida será a retirada desses estímulos”.

3.     O que se passa com o Japão?

Como muitos se recordam, o Japão foi o melhor mercado de ações em 2013, graças ao otimismo atraído pela política das três flechas do seu novo governo, também denominada de “Abenomics”. No entanto, durante este ano o mercado japonês foi mais irregular por causa dos dados negativos de crescimento do PIB no segundo trimestre e por causa da polémica subida do IVA de 5% para 8%. A resposta de Stevenson nesta temática é definitivamente enigmática: “Parece que o apoio prestado por Abe é menos seguro”.

4.     E  nas obrigações?

Apesar da  advertência em bloco sobre as obrigações que se fazia ouvir desde janeiro, de que esta classe de ativos iria enfrentar um 2014 muito complicado, o certo é que a procura por rentabilidade continuou a ser insaciável, levando as bund e as obrigações do tesouro espanhol a registarem novos mínimos históricos de rentabilidade. “Apostar contra o mercado de obrigações foi um erro caro em 2014....Mas será que este mercado se estabilizou?”, pergunta o especialista.

5. Que futuro se espera para o mercado imobiliário chinês?

Juntamente com a banca paralela ou “shadow banking”, os receios em relação ao rebentar de uma bolha no mercado imobiliário chinês tem sido uma constante. Na verdade, para Stevenson, esta é a maior pergunta sem resposta, entre todas as que os mercados têm lançado nos últimos tempos. “O sector imobiliário inflacionou bastante o tecto de dívida na China, e a propagação de um crash  de mercado iria ser notado globalmente, já que poderia colapsar, por exemplo, a procura de matérias primas”, avisa o especialista. Stevenson reforça também que “os investidores esperaram que as autoridades fizessem um soft landing, mas, com os preços a derrapar em quase cada cidade principal da China, o cenário é mais preocupante do que nunca”. Conclui com uma advertência: “Para onde a China vá, é provável que os outros mercados emergentes vão atrás”.

6.     O que se pode esperar da Europa?

Para o representante da Fidelity, a intervenção verbal de Mario Draghi em julho de 2012 (o famoso “whatever it takes”), e todas as estratégias de comunicação seguintes “levaram os investidores a agir como se não existisse o baixo crescimento da região, o desemprego  e as tendências deflacionárias”. Na perspetiva do especialista, “as bolsas europeias foram significativamente mais fortes do que os factos em cima da mesa que os podem justificar”, pelo que volta a responder a esta pergunta com outra: “Vão começar a aparecer as fissuras?”

7.     Até onde vai o Reino Unido?

A última pergunta é muito similar à primeira. Reino Unido e Estados Unidos são os países que estão na linha da frente das saídas, com uma política de taxas de juro mais restritiva, graças à fortaleza das suas respetivas recuperações. “A inflação está sob controlo e o desemprego avança em direção adequada”, explica Stevenson, para, em continuação, acrescentar que até meados do ano “um novo factor voltou ao cenário central: o risco político”. Em concreto, o especialista refere-se ao referendo sobre a independência da Escócia que acontecerá no próximo dia 18 de setembro e as eleições gerais previstas para 2015. A conclusão também é clara a este respeito: “Os mercados vão enfrentar um período mais volátil nos próximos meses”.