As empresas de pequena e média capitalização norte-americanas negoceiam com um desconto de 25% em relação às grandes empresas, pelo que o potencial é significativo.
Num contexto com um ciclo monetário expansivo, valorizações muito estreitas nos títulos de grande capitalização e uma elevada concentração de mercado, as ações de pequena e média capitalização nos EUA, agrupadas no índice Russell 2500, estão a chamar a atenção dos especialistas em investimentos, em particular a dos que procuram diversificação e crescimento a longo prazo.
Segundo Charlotte Daughtrey, especialista de Investimentos da Federated Hermes, estas ações oferecem um equilíbrio ideal entre volatilidade e retorno, o que as torna uma opção relevante para o momento económico atual.
Valorizações atrativas num momento-chave
“As small and mid caps dos Estados Unidos deverão negociar com um prémio de 10% em relação às grandes empresas, no entanto, atualmente, fazem-no com um desconto de 25% face ao S&P 500”, assinala Charlotte Daughtrey. Esta diferença de valorização apresenta uma oportunidade significativa para os investidores, especialmente tendo em conta que estas empresas mantêm historicamente uma rentabilidade superior no longo prazo. A especialista assinala que, enquanto gestores ativos, estas valorizações permitem-lhes adquirir empresas de elevada qualidade sem se pagar um preço excessivo.
Tailwinds estruturais
Duas tendências estruturais poderão ser tailwinds para as small and mid caps nos próximos anos:
- A relocalização (onshoring) da indústria nos EUA beneficia estas empresas, cujas fontes de receitas são principalmente locais, protegendo-as da volatilidade do dólar, visto que as suas receitas são aproximadamente 70-80% domésticas, comparadas com os 50% das grandes empresas;
- Deslocação demográfica para o sul, também conhecida como smile belt. “Segundo estimativas, para o ano de 2050, espera-se que a população norte-americana cresça 50% em relação aos níveis do ano de 2000, com grande parte deste crescimento concentrado nos estados do sul. Isto impulsiona a procura por infraestruturas e habitação, criando um mercado propício para indústrias vinculadas à construção e aos materiais, especialmente de dimensão média, com forte exposição aos mercados domésticos”, explica Charlotte Daughtrey.
Neste sentido, a especialista deu alguns exemplos de empresas de média capitalização de mercado, com posições dominantes em 90% dos seus mercados de cimento, especialmente fortes no Texas, e no mercado de cimento nos EUA, mas também deu exemplos de empresas líderes em testing de semicondutores e robótica, beneficiando tanto da relocalização, como do boom da IA.
Como é que o ano eleitoral afeta as small and mid caps?
Um dos fatores fundamentais que a especialista salientou é a influência das eleições no comportamento das ações de pequena e média capitalização. Embora muitos temam a volatilidade associada às eleições, os dados históricos sugerem que as ações deste segmento superam consistentemente o S&P 500 durante anos eleitorais.
“Desde a sua criação em 2003, o Russell 2500 superou o S&P 500 em todos os anos eleitorais, demonstrando a sua resiliência num contexto de incerteza”, assinalou. Além disso, comentou que, enquanto o S&P 500 deu uma rentabilidade anual de 6,2% em anos eleitorais desde os anos 30, as small e mid caps superaram consistentemente este retorno desde a sua criação em 2003.