O processo de seleção de fundos na Pictet WM é um equilíbrio entre a rigorosidade quantitativa e o juízo qualitativo baseado na experiência humana. Esta abordagem híbrida permite-lhes oferecer aos seus clientes uma gama diversa e robusta de opções de investimento.
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Numa entrevista recente, Sébastien Gentizon, diretor de Análise de Fundos na Pictet Wealth Management, revelou à FundsPeople os intrincados detalhes do processo de seleção de fundos desta entidade, divisão de gestão patrimonial do prestigioso Grupo Pictet da Suíça. Sébastien Gentizon, que se juntou à Pictet em 2012, foi analista sénior de fundos, cobrindo gestores globais emergentes e asiáticos antes de se tornar diretor de Análise de fundos em 2022. Passou quatro anos em Singapura, onde apoiou o lançamento da unidade de consultoria de fundos da Pictet WM na Ásia.
“Com uma arquitetura aberta e uma equipa de dez pessoas, contamos com especialistas na matéria e encarregamo-nos de completar o inventário de fundos para clientes tanto em consultoria, como em gestão discricionária”, explica Sébastien Gentizon. Trata-se de uma equipa de analistas especializados por classe de ativos, da qual o diretor está encarregado. Todo o processo de seleção é realizado a partir de Genebra, aplicando um único processo para diversas regiões. “Esta abordagem centralizada permite manter um padrão de qualidade e consistência em todas as recomendações e decisões de investimento”, explica o diretor.
Uma abordagem tradicional com ferramentas modernas
“A nossa abordagem é tradicional”, afirma Sébastien Gentizon. “Começamos com uma triagem quantitativa a partir de bases de dados como a Morningstar, Bloomberg ou FactSet, com uma camada adicional desenvolvida internamente”. Este passo inicial é essencial para filtrar e avaliar os fundos dentro de cada universo, assegurando comparações justas. “Melhorámos significativamente a qualidade dos dados e a compreensão das carteiras”, acrescenta, destacando que, além da análise de dados históricos, também é realizado um seguimento constante das posições atuais e das mudanças nas estratégias dos gestores.
Sébastien Gentizon explica que analisam mensalmente a correlação do alfa entre gestores do mesmo estilo, centrando-se em como este alfa varia com o tempo. “Procuramos gestores que se complementam e geram alfa em diferentes períodos, garantindo que este não está correlacionado com o de outros gestores”. A Pictet WM distingue-se pela sua capacidade de identificar ideias de investimento fora dos universos tradicionais e pela sua flexibilidade para se adaptar a diversas estratégias.
Quanto à seleção de estratégias alternativas, como os hedge funds e o capital privado, conta que esta é supervisionada pela Pictet Alternative Advisors.
A análise qualitativa representa cerca de 80%
A análise qualitativa é fundamental na seleção de novos gestores e no seguimento dos atuais, representando cerca de 80% do processo. “Focamo-nos nos quatro P, do inglês parent company, process, portfolio construction and people. Identificamos entre três e cinco gestores em cada tema ou classe de ativos, com base na triagem prévia, e verificamos se cada fundo é comparável e não tem vieses”. O analista avalia os quatro P com uma pontuação qualitativa conversando com o gestor do fundo. “Embora alguns gestores se destaquem em comunicação ou marketing, selecionamos o que melhor se ajusta às nossas necessidades”, comenta o especialista. “Se necessário, podemos eleger um gestor com uma pontuação inferior”.
Uma vez pontuados, o analista centra-se num ou dois fundos e reúne com a equipa de investimento. “Dedicamos tempo ao gestor, especialmente em fundos com estruturas pequenas. Não investimos sem antes reunirmos com o gestor da carteira, a equipa de riscos e a direção da gestora”, explica. Embora seja um processo que exige tempo e recursos, permite-os entender melhor as suas operações.
Quanto ao horizonte de investimento, são flexíveis de acordo com a estratégia e o ciclo económico, avaliando o comportamento do fundo em horizontes de três, cinco e dez anos e entendendo como o fundo se comporta em cada parte do ciclo.
Após este processo, o analista apresenta o fundo à equipa e ao comité de aprovação. Se for aprovado, são feitas perguntas mais detalhadas, e, de seguida, o fundo passa ao comité de investimento do banco, que inclui membros de gestão discricionária, consultoria, risco e ESG, para a sua aprovação final. Também verificam a sua elegibilidade nas distintas jurisdições.
Equilíbrio entre as métricas qualitativas e os fatores quantitativos
Não se limitam aos grupos da Morningstar. Por exemplo, se procuram gestores de valor em ações globais, encontram diferentes estilos: deep value, quality value, GARP (Growth at Reasonable Price). Aperfeiçoam estes universos, pelo que são frequentemente menores do que os da Morningstar ou de outros fornecedores. Têm uma métrica total que tem em consideração os diferentes elementos de acompanhamento: volatilidade, erro de acompanhamento, índice de informação, risco de queda e consistência na geração de alfa. Para isso, contam com algoritmos desenvolvidos internamente com que pontuam os fundos de forma sistemática. Em todo o caso, em primeiro lugar, realizam a comparação, e, em segundo lugar, fixam-se no historial para garantir que cada unidade de risco assumida consegue gerar alfa.
Inovação e precisão na análise
A Pictet WM utiliza ferramentas de avaliação e simulação modernas para testar diferentes cenários e avaliar como os fundos se podem comportar sob diversas condições de mercado. Embora Sébastien Gentizon não mencione especificamente as ferramentas de simulação utilizadas, refere que algumas delas foram desenvolvidas internamente, embora seja comum na indústria a utilização de software avançado que consegue simular diferentes condições de mercado e avaliar o retorno potencial dos fundos.
A utilização da tecnologia está em todo o processo. “Procuramos continuamente formas de facilitar e aperfeiçoar o nosso processo de investimento. Utilizamos a IA, contamos com o nosso próprio chatbot, um dos primeiros da indústria da banca privada, e empregamo-lo à triagem qualitativa, tornando mais eficiente a análise de textos”.
Considerações estratégicas
Sébastien Gentizon explica que a seleção de novos gestores não se baseia nas perspetivas gerais do mercado estabelecidas pelo CIO, mas sim no que falta no inventário de fundos, estruturado e alinhado com a alocação estratégica e tática de ativos. “O nosso CIO proporciona as classes de ativos em que queremos investir, e o nosso papel é garantir que cada parte da alocação conta com uma estratégia/fundo em que investir”, explica.
A Pictet WM também inclui estratégias passivas na sua seleção, com cerca de 200 fundos de gestores ativos e mais de 400 estratégias passivas, principalmente ETF e indexados. Estas estratégias passivas são essenciais para exposições táticas de curto prazo. A análise destas estratégias está a cargo de um analista dedicado que avalia aspetos fundamentais, como o empréstimo de valores e a amostra. A Pictet WM desenvolveu um sistema de pontuação para garantir que apenas as melhores estratégias passivas são selecionadas, garantindo uma avaliação exaustiva.