A empresa parisiense faz um “mea culpa”: recebeu saídas líquidas no valor de 9000 milhões de euros.
“Os nossos resultados não foram bons. Fizemos um exame de consciência”. Sincero e realista, Didier Saint-Georges, managing director e membro do Comité de Investimentos da Carmignac, iniciava a sua palestra anual perante meios de comunicação ao enfrentar os erros cometidos. A empresa francesa arrasta três anos de resultados dececionantes para os seus clientes, incapaz de recuperar por completo do percalço com a crise chinesa de 2015.
E o dinheiro penalizou-os. Somente no último ano viram saídas de património no valor de 9000 milhões de euros. Assim, o património sob gestão da Carmignac fechou 2018 nos 42 000 milhões, de volta aos níveis de 2011.
Da macro aos mercados ao ISR
Com esse espírito de renovação, a gestora entra num novo ano atenta a três eventos principais:
- O (não) crescimento da China. Ainda que os números oficiais comunicados há uns dias situem o crescimento do país em 6,5%, na Carmignac estimam que se aproxima mais dos 5%. A política monetária e fiscal está a atuar como “uma lufada de ar fresco”, o problema é que tanto pressões internas (a imensa e crescente dívida) como externas (o decrescente excedente por conta corrente) dificultam qualquer câmbio substancial.
- A Fed deve extremar o cuidado. O mercado imobiliário americano está claramente a diminuir, mas a Fed deve certificar-se de que a inflação está sob controlo antes de poder mudar o rumo da sua política. “E isto é negativo também para a China”, explica Frédéric Leroux, membro do Comité de Investimentos Estratégicos.
- A capacidade de manobra do BCE é limitada. “Têm armas muito pequenas para a grande desolação que vemos na Europa”, resume Leroux.
Três grandes problemas que não têm fácil solução.