"A carta que escrevi depois do meu terceiro Transportugal"

No seguimento do artigo publicado, na secção estilo de vida, da primeira edição em papel da Funds People Portugal, aqui fica a carta escrita por Francisco Carneiro, no final do terceiro Transportugal. Estamos quase a dois meses da quarta edição desta prova que contará novamente com o director de investimento alternativos e produtos estruturados do Banco BPI.

Esta é a carta que eu coloquei no meu 'blog' este ano no final do meu terceiro.

Acabei o meu terceiro TransPortugal no 9ºlugar. Já estou sentado no BPI. Back to business.

Em 2010 fiz média de 18,41 km/h

Em 2011 fiz média de 19,68 km/h

E este ano fiz média de 20,49 km/h nos 1160 da ligação Bragança/Sagres

Fiz mais 7 horas que o Vitor Gamito em 9 dias. Não é vergonha pois ele é dos melhores de Portugal.

Estou muito contente de ter feito um lugar no top 10 (que era um dos meus objectivos). É bom quando se traça um objectivo e se consegue alcançar mesmo quando nem tudo corre bem.

Nestes três anos tive uma evolução boa graças ao meu treinador Nuno Sabido e a alguns amigos mais experientes e melhores ciclistas que me aconselharam. Eu ao princípio não achei que estivesse a fazer diferença ter um treinador mas na verdade é que ao fim de 1 ano os resultados começam a aparecer. No ciclismo há detalhes que não são detalhes. A roupa, a alimentação em prova e fora de prova, a recuperação e a posição em cima da bicicleta são tudo aspectos importantes que eu achava que tanto fazia. Este ano apesar de estar a andar mais o corpo aguentou muito melhor, sem mazelas de maior.

É impressionante a evolução. Antigamente ficaria desfeito e agora consigo recuperar bem de esforços grandes.

Este ano tive vários problemas (Queda de 1 cavalo) que me fizeram treinar menos mas a verdade é que o trabalho de três anos estava cá e o mais importante é ter feito melhor do que no ano passado. Este ano andei mais.

Algumas ideias deste TrasPortugal 2012.

1.A água é a coisa mais importante que existe. Nós podemos passar sem tudo mas se falta a água, uma pessoa não consegue pensar em mais nada. Eu na etapa para Monchique passei muita sede e ontem voltei a ficar sem água. Ontem paguei caro ter desidratado na subida para o Fóia. Só acabei com o grupo do costume porque eles esperaram por mim e me incentivaram. Ontem chegou o homem da marreta em grande.

 

2.As Terras em Portugal que têm fontes tem mais gente e são mais desenvolvidas. Talvez o melhor investimento que uma aldeia pode fazer é construir uma fonte ou escavar uma mina.

3.Nunca comprar terra que não tenha água, sem água não há vida.

4.A ideia que não há cobras com mais de 1 metro em Portugal é mentira.

5.O interior do país é um lugar bom para se gastar dinheiro mas não é um lugar bom para se ganhar.

6.Os estrangeiros encaram a velhice de uma maneira diferente dos Portugueses. Algumas dos concorrentes estrangeiros passam a reforma deles a fazer corridas de bicicleta pelo mundo.

7.O Pedro Sousa, amigo do Paulo Moura foi desafiado em Novembro para fazer o TransPortugal, treinou 6 meses sem parar, não andava de bicicleta, chegou, acabou e diz já está, não quero saber mais das biclas. Também é uma onda a respeitar.

8.O Hotel H2O em Unhais da Serra tem que ser visitado, especialmente no Inverno. A piscina e a situação são fantásticas.

9.Numa competição quando se está fraco não se pode mostrar que se está fraco, pelo contrário, para não se ser atacado tem que se mostrar força mesmo que simulada. A capacidade de sofrimento é importante em tudo. Se uma pessoa vai reagir à “dor” e ao desconforto não consegue fazer nada.

Obrigado a todos pelos incentivos e Parabéns à organização do TransPortugal, são umas férias fantásticas.