Portugal voltou aos mercados financeiros para duas emissões de curto prazo. Veja o comentário de Filipe Silva, diretor da Gestão de Ativos do Banco Carregosa.
Portugal voltou aos mercados nesta quarta-feira, dia 15 de junho, em duas emissões de curto prazo. Na emissão mais curta, a três meses, foram emitidos Bilhetes do Tesouro no valor de 245 milhões de euros a uma taxa de juro de 0,075%, com a procura a superar a oferta em 2,6 vezes.
No prazo mais longo, a onze meses, foram emitidos 755 milhões de euros a uma taxa indicativa de 0,146%. Em termos de procura, esta superou a oferta em 1,61 vezes.
“As taxas subiram em ambos os leilões. Na dívida emitida a 3 meses, a última taxa tinha sido negativa (menos 0,004%) e na emissão a um ano, em 18 de maio a taxa tinha sido de 0,043%. Ou seja, já tivemos recentemente uma taxa a 12 meses mais baixa do que a taxa a 11 meses feita hoje", começa por dizer Filipe Silva, diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa.
O profissional acrescenta que "esta subida de taxas reflete a distinção que está a ser feita entre os chamados “safe havens”, que é a dívida teoricamente “sem risco” – como a dívida alemã e dos países nórdicos – e os países periféricos, como Portugal, Itália, Grécia e Espanha, cujas taxas não têm descido e a diferença de taxas (o spread) face a esses países têm vindo a alargar. Acreditamos que esta distinção pode estar relacionada com o Brexit e os efeitos que terá uma saída do reino Unido da UE". A aumentar a percepção de risco do nosso país, Filipe Silva diz estar "a capitalização da CGD e a fragilidade da banca, como o comportamento do BCP em bolsa". O profissional acresscenta também que "em todo o caso, esta subida não é muito acentuada e as taxas de endividamento português continuam historicamente baixas. A dívida portuguesa continua a ser uma alternativa para os investidores que procuram algum retorno, uma vez que nos países com menos risco as taxas de curto prazo estão negativas, daí a boa procura para a dívida portuguesa",afirmou Filipe Silva, diretor da Gestão de Ativos do Banco Carregosa".