A concentração num punhado de ações no S&P 500 ultrapassa os 30%, mas a Europa não fica atrás.
Registe-se em FundsPeople, a comunidade de mais de 200.000 profissionais do mundo da gestão de ativos e património. Desfrute de todos os nossos serviços exclusivos: newsletter matinal, alertas com notícias de última hora, biblioteca de revistas, especiais e livros.
Para aceder a este conteúdo
A concentração num punhado de ações em alguns índices da bolsa tem sido um tema bastante debatido entre investidores e analistas. Acrónimos como FANG, GRANOLAS, MAMAA e, mais recentemente, as Sete Magníficas (que agrupam as líderes do mercado com forte potencial de crescimento) estão diretamente relacionados com estas elevadas concentrações por capitalização de mercado.
A elevada concentração dos índices tem uma série de implicações significativas para os investidores:
a) uma elevada dependência de um pequeno número de títulos que influenciam significativamente a rentabilidade global do índice, agindo como impulsionadores-chave do retorno;
b) a elevada concentração também pode reduzir os ganhos da diversificação, visto que as carteiras podem estar muito concentradas nestes poucos títulos;
c) existem riscos de uma possível sobrevalorização e de uma correção do mercado;
d) os investidores podem ver as suas carteiras fortemente ponderadas em poucos títulos, o que aumenta a exposição a riscos idiossincráticos associados a estas empresas.
Concentração do mercado de ações americanas
Historicamente, a concentração dos dez títulos principais do S&P 500 flutua. A meados da década de 1960, a concentração ultrapassava os 40%, impulsionada pelo domínio dos títulos dos Nifty Fifty. Posteriormente, a concentração diminuiu, apenas para voltar a aumentar durante o auge das dotcom e o recente aumento impulsionado pela tecnologia.
A elevada concentração atual é atribuída à significativa quota de mercado e aos sólidos resultados das principais empresas tecnológicas, beneficiadas pelas tendências como o auge da IA e a transformação digital. Segundo uma análise publicada no site da Goldman Sachs, as dez maiores ações americanas representam agora 33% do valor de mercado do índice S&P 500, ultrapassando os 27% atingidos no pico da bolha tecnológica há 24 anos.
Contribuição das dez maiores ações para a rentabilidade do S&P 500
Por outro lado, a equipa de análise da J.P. Morgan AM assinala que o recente aumento da concentração do mercado de títulos nos EUA é o mais pronunciado em 60 anos, com um conjunto de poucas ações a gerar a maior parte dos retornos. Além disso, historicamente, um forte aumento na concentração do mercado sempre foi sempre revertido, com o índice equiponderado do S&P 500 a superar o índice ponderado por capitalização de mercado.
Esta concentração contribuiu para um período de rentabilidades muito fortes no mercado americano, com uma rentabilidade total anualizada de 16% nos últimos cinco anos, em que as dez principais ações representaram mais de um terço desses ganhos.
A concentração do S&P 500 está em máximos de várias décadas
A tecnologia é cada vez mais dominante
Recentemente, vimos como a participação das Sete Magníficas no S&P 500 acabou por alcançar outro máximo histórico, 32%. Isto significa mais 12 pontos percentuais do que no início de 2023. A participação destes sete títulos no índice quase duplicou em pouco mais de quatro anos, segundo os dados da Bloomberg. Isto deve-se ao facto de as três maiores ações - Apple, Microsoft e Nvidia - valerem oficialmente mais de três biliões de dólares. Entretanto, o setor tecnológico acaba de alcançar outro máximo histórico em relação ao S&P 500. A tecnologia é cada vez mais dominante.
O caso do mercado europeu baseado noutro acrónimo
Da mesma forma que nos EUA, os mercados europeus de ações também registaram elevados níveis de concentração. O índice STOXX Europe 600, por exemplo, está a ser muito influenciado por um grupo de empresas conhecidas como as GRANOLAS: GSK, Roche, ASML, Nestlé, Novartis, Novo Nordisk, L’Óreal, LVMH, AstraZeneca, SAP e Sanofi. Embora os níveis de concentração nos índices europeus sejam significativos, costumam ser inferiores aos dos EUA. Por exemplo, os dez títulos mais importantes do índice MSCI Europe representam cerca de 21% da capitalização em bolsa do índice, face aos 33% do S&P 500.
Contribuição para a rentabilidade dos pesos pesados
No entanto, alguns índices europeus por países apresentam níveis de concentração ainda mais elevados. Por exemplo, no SPI suíço, os três títulos principais - Nestlé, Novartis e Roche - representam quase 42% do índice; no IBEX 35, quatro títulos - Inditex, Iberdrola, Santander e BBVA - estão fortemente ponderados e representam mais de 50% do índice; no FTSE 100 britânico, os setores de energia e finanças possuem quotas ligeiramente inferiores a 50%.
Será interessante observar como evolui a concentração nos índices da bolsa e que novas tendências emergem em resposta às mudanças tecnológicas e económicas.