A ferramenta da Pictet AM para investir na China com menor volatilidade

Nataliya Taleva Pictet AM
Nataliya Taleva. Créditos: Cedida (Pictet AM)

Mais do que um facto recente, a posição da China como uma das maiores economias do mundo é um regresso a uma realidade de há 200 anos. Uma economia tão importante e um papel tão mais relevante nas dinâmicas de comércio internacional fazem com que o investimento no país seja também cada vez mais inescapável em carteiras diversificadas globalmente. Posto isto, esse interesse tem-se materializado, entre outros, no fundo Pictet Mandarin que se apresenta em 2023 com o Rating FundsPeople por agregar mais de 10 milhões de euros entre investidores portugueses. Para entender melhor o sucesso do fundo e a estratégia por trás dele, tivemos a oportunidade de conversar com Nataliya Taleva, especialista de produto na Pictet Asset Management.

"A forma como olhamos para a China confirma que sim, que há um caminho estrutural que se está a desenrolar há vários anos. Ao longo do tempo, os fatores de crescimento da economia têm vindo a expandir-se, o que cria um panorama empresarial mais rico”, começa por explicar Nataliya Taleva. Segundo a especialista, “este panorama em mudança” também significa que vão existir vencedores e vencidos. “Para nós, isto cria um cenário em que podemos assumir posições longas e curtas, o que nos permite lidar melhor com situações que podem criar dores de cabeça para os investidores. Conseguimos mitigar o risco de queda gerindo não só as posições longas, mas também considerando o nível de exposição que assumimos no mercado”, diz. E igualmente importante é, para a especialista, o facto de o poder fazer com um elevado grau de flexibilidade. "Temos a flexibilidade de utilizar diferentes ferramentas para navegar em vários períodos de mercado. O nosso objetivo é proporcionar uma participação nas subidas, mantendo, historicamente, cerca de metade da volatilidade do mercado".

Embora as ações locais chinesas façam parte do universo de investimento, estas representam uma parte menor do mesmo. O foco principal da estratégia é canalizar o investimento através de ações cotadas em Hong Kong, Taiwan e ADR. “Esperamos manter uma exposição líquida positiva ao longo do tempo, mas os fatores que determinam essa exposição podem mudar em função das nossas perspetivas positivas em relação à China. Temos a flexibilidade de nos tornarmos neutros ou mesmo curtos em determinadas circunstâncias”, descreve. Historicamente, a exposição líquida tem rondado, em média, os 40%, mas variando frequentemente entre os 20% e os 80% com, inclusive, a possibilidade de entrar no campo net short. 

Seleção dos ativos

A abordagem bottom-up é fundamentalmente a que orienta a estratégia do fundo, como explica Nataliya Taleva. "Começamos por nos concentrar em setores, desenvolver conhecimentos e compreender a dinâmica dos mesmos. Fatores como o mercado alvo total e a dinâmica da concorrência são importantes no processo”, conta. "O nosso objetivo é identificar empresas bem posicionadas e com potencial de crescimento sustentável. Procuramos equipas de gestão de qualidade, dividendos crescentes e avaliamos a sustentabilidade dos seus modelos de negócio. As valuations são também um fator importante, uma vez que avaliamos se os múltiplos são suscetíveis de expandir e se existem potenciais catalisadores para os movimentos das ações", descreve a profissional da Pictet AM. Já as empresas que se destacam, mas pela negativa, nos mesmos critérios, alimentam a parte curta da carteira. 

Pés no terreno

O facto de a equipa estar sediada em Hong Kong e falar o idioma é, para Nataliya Taleva, de essencial relevância, mas também o é a colaboração com as restantes equipas de ativos chineses da Pictet AM. "Temos também uma equipa local de obrigações que se concentra na China. O diálogo e a colaboração contínuos com todas as nossas equipas e recursos ajudam-nos a ter uma perspetiva de investimento mais global. Isto torna-se especialmente importante em alturas como a da crise imobiliária chinesa, em que participamos em discussões para avaliar a situação, compreender os riscos sistémicos e avaliar o nível de intervenção e apoio do governo", descreve

Já no que ao papel do fundo diz respeito, Nataliya Taleva vê os clientes a utilizá-lo de formas distintas. “Alguns utilizam-na para gerir taticamente a sua exposição à região, substituindo parte das suas posições longas. Outros, que não têm exposição à região, apreciam a natureza dinâmica do mercado chinês e utilizam a nossa estratégia como uma abordagem de risco controlado para entrar no mercado. Em ambos os casos, o nosso objetivo é superar o desempenho do mercado com uma menor volatilidade", conclui.