A fotografia que mostra a grande mudança de mentalidade das empresas em matéria de ESG

ESG sustentável clima verde

Mudança de mentalidade histórica das empresas em matéria de ESG. E não só no que diz respeito à indústria de gestão de ativos, onde as entidades procuram ter fundos dos artigos 8.º e 9.º. Também pelas empresas em que investem, onde cada vez mais empresas colocam a tónica nas políticas socialmente responsáveis.

Isto reflete-se no inquérito que a Fidelity International realiza todos os anos entre os seus 160 analistas, tanto de ações como de obrigações, com uma fotografia que mostra uma mudança drástica em termos de sustentabilidade. Se em 2019, a nível global, apenas 30% das empresas em todo o mundo reconheceu fatores ESG, agora esta percentagem está próxima dos 80%.

Fazendo uma análise geográfica, a tendência dos últimos três anos é generalizada. Na Europa, a percentagem passou de 50% para mais de 90%; na América do Norte de 25% para 70%, no Japão de 50% para quase 70% e na Ásia Pacífico (ex China e Japão) de 20% para 80%. Mas talvez os dados mais relevantes sejam os da China, onde os analistas da Fidelity revelaram que atualmente metade das empresas reportam informações adequadas sobre assuntos ESG. Em 2019 a percentagem rondava os 15%.

A mudança de mentalidade da China

“A China melhorou consideravelmente o nível de interesse e preocupação com o ESG. Metade das empresas já consideram estes aspetos na tomada de decisões.  Passámos de ter de lhes perguntar o que estavam a fazer nesta área para serem as próprias empresas que nos vêm informar dos seus planos. É algo que tem a ver com o compromisso de zero emissões a que a China se comprometeu até 2060”, revela Sebastián Velasco.

Como explica o diretor-geral da Fidelity para Portugal e Espanha, a China destaca-se especialmente pela melhoria da informação sobre os riscos relacionados com as alterações climáticas, onde há três anos apenas 3% das empresas reportaram dados. Agora, fazem-no uma em cada quatro empresas.

Na sua opinião, o facto de esta tendência se generalizar “não se explica pelo facto das empresas quererem ficar bem na fotografia, mas porque estão cada vez mais conscientes de que as suas receitas estão em risco e os seus custos estão condicionados à responsabilidade social das empresas”.  Porém, para muitas empresas, atingir zero emissões até 2030 parece um objetivo demasiado ambicioso. Globalmente, apenas 25% esperam ser neutros em oito anos. É uma percentagem apenas cinco pontos acima do ano anterior.