A nova estratégia da Montepio Gestão de Activos para canalizar os fatores de risco e retorno do mercado de ações norte-americano

Montepio Ações EUA
José França, Rui Nápoles e João Abrantes. Créditos: Vítor Duarte

A Montepio Gestão de Activos viu a constituição do seu novo fundo Montepio Ações EUA aprovado pela CMVM a 25 de agosto, tendo sido lançado oficialmente no passado dia 7 de novembro. Tal como podemos ler no seu prospeto, o objetivo do fundo é providenciar a oferta de uma carteira diversificada de ações cotadas nos EUA, com o objetivo de cobertura total do risco cambial. A FundsPeople foi junto da equipa conhecer melhor este produto.

Rui Nápoles, diretor da Montepio Gestão de Activos, começou por destacar que o “fundo foi lançado com estas caraterísticas de maneira a centrar a rendibilidade do fundo na evolução das ações e empresas em que investe e que representam setores e indústrias inovadoras e impactantes a nível global”. Acrescentou ainda que “a filosofia de investimento irá refletir uma abordagem top-down, valorizando o enquadramento macro, fatores de investimento, por exemplo, quality, value, growth, e a distribuição setorial”, realçando o objetivo de diversificação e representatividade da carteira. Concluindo, referiu ainda que a “abordagem bottom-up, com análises individuais a empresas, não é totalmente excluída do processo de construção do portefólio, valorizando-se a sua natureza complementar”.

Mais em detalhe, o gestor José França refere que “o fundo investe atualmente em 90 empresas, adotando uma estratégia barbell, com uma parte do portefólio mais defensiva, estando voltada para healthcare, staples e utilities, apresentando um perfil atrativo de dividend yield, e outra parte do portefólio mais cíclica, de modo a capturar subidas de mercado, voltada para o setor financeiro e tecnológico”. Em termos gerais, o portefólio adota uma perspetiva um pouco mais defensiva do que o mercado, tendo um price to earnings ratio mais baixo e uma maior exposição ao fator value.

Na sua intervenção, o co-gestor do fundo João Abrantes esclareceu ainda que “a gestão ativa do fundo irá refletir o seu posicionamento estratégico, pelo que as rotações do portefólio não acontecerão por motivos de market timing, valorizando-se a perspetiva de médio e longo prazo dos investimentos”. Assim, e não obstante o acompanhamento e escrutínio diário do mercado, as mudanças mais significativas no portefólio tenderão a ocorrer em função da evolução das circunstâncias e fatores relevantes para o posicionamento estratégico, seja em termos macro, de setores ou de empresas.

Na temática do ESG, Rui Nápoles começou por destacar o caminho que a Montepio Gestão de Activos tem vindo a fazer para robustecer práticas de investimento que incorporem características ambientais, sociais ou de governação no enquadramento do SFDR. Neste âmbito destacou a contratação do serviço da Sustainalytics, considerada uma empresa de referência nesta área, e a complexidade e dinâmica evolutiva desta matéria, que se consubstancia num desafio relevante para a indústria em geral. Esclareceu, contudo, que o Fundo Montepio Ações EUA não foi lançado com o objetivo de investimento sustentável nem de promoção ativa de características ESG nos termos dos artigos 9.º ou 8.º do Regulamento SFDR, em grande medida, pela realidade ESG estar mais centrada na União Europeia e ser menos vincada nas empresas norte-americanas, que representam o universo de ativos do fundo.