A parcela dos fundos passivos nas receitas da indústria permanecerá estável durante os próximos anos

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Créditos: Tech Daily (Unsplash)

A indústria de gestão de ativos registou um importante crescimento no ano do início da pandemia. A maioria das classes de ativos tradicionais registaram aumentos de dois dígitos, superando as suas médias históricas de cinco e 10 anos. Entre os ativos tradicionais, o património em fundos de ações de grande capitalização e em fundos de obrigações que investem em dívida pública aumentaram cerca de 11%. Fizeram-no a um ritmo que é quase o dobro da média dos últimos cinco anos.

Os ativos em veículos do mercado monetário, outro produto central para o setor, também cresceram. Neste caso, em 12%, graças à sua maior popularidade durante a pandemia. Além disso, os fundos ativos que se focam em mercados mais concretos, como os de ações de mercados emergentes e os de dívida high yield, também registaram um crescimento acima da média. Aumentaram os ativos sob gestão em 9% em 2020. A média histórica de cinco e 10 anos está nos 5%.

No entanto, e como explica a Boston Consulting Group, estas categorias, que em conjunto representam quase 50% dos ativos geridos pela indústria a nível global, geraram receitas praticamente planas para o setor. “Isto deveu-se a uma combinação de dois fatores: a pressão sobre os preços e a natureza competitiva da categoria”, afirma a consultora. E não é esperado que contribuam mais para as receitas futuras. Muito pelo contrário.

Muitos gestores de ativos falam do renascimento dos produtos ativos. A consultora, no entanto, não é tão otimista. De facto, esperam que tanto os fundos de ações, obrigações, mistos e monetários tradicionais, como os especializados num segmento de mercado concreto (emergente, high yield, …) passem por um crescimento mais lento durante os próximos anos, tanto a nível de ativos sob gestão como de retornos. 

“Com o aumento do ceticismo dos investidores quanto ao valor que os gestores ativos oferecem, é provável que os fluxos líquidos sejam fracos ou negativos. O facto de muitos gestores ativos não terem sido capazes de superar os seus índices só acentua as nossas preocupações”, assinalam.

A gestão passiva aumenta, mas não vai contribuir mais para as receitas

Entretanto, os investimentos passivos continuam a arrasar no plano dos ativos. “Os produtos que replicam índices aumentaram os ativos sob gestão em cerca de 17% a nível mundial durante 2020. Isto é explicado, por um lado, pela combinação de fortes fluxos líquidos e, por outro, pela subida do mercado. Os ETF tiveram um ano particularmente notável. Tanto os fundos cotados de ações como os de obrigações superaram as suas taxas médias de crescimento de 10 anos. Capturaram um crescimento dos ativos sob gestão de 21% e 24%, respetivamente. E as ofertas passivas que não são ETF também se portaram bem”, destacam.

Embora a Boston Consulting Group espere que os veículos de gestão passiva apresentem um crescimento mais rápido durante os próximos cinco anos, fazendo-o a ritmos anuais estimados em 9%, a nível de receitas a história é diferente. “As receitas dos passivos em percentagem dos valores totais da indústria global de gestão de ativos mantiveram-se praticamente iguais desde 2019 até 2020, em cerca de 6%. Prevemos que os produtos passivos manterão uma parcela das receitas globais semelhante durante os próximos anos. São produtos de margem reduzida, onde os preços já estão muito baixos”, concluem.

Fonte: BCG global asset management market-sizing database 2021. Broadridge.