A reunião do G7 pode ter algum impacto nos mercados?

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Créditos: Viktor Forgacs (Unsplash)

Este fim de semana ficou concluída a reunião do G7 com poucas fotos da reunião e poucos compromissos. Por exemplo, segundo explica Stephanie Kelly, responsável do Instituto de Análise da Aberdeen Standard Investments, “além do compromisso de fornecer mil milhões de vacinas aos países em desenvolvimento, apesar da maioria só chegar em 2022, no comunicado não se assumiu nenhum compromisso importante sobre o clima, a cooperação económica, a COVID-19 ou a China”.

Não obstante, há duas conclusões claras que se podem extrair desta reunião dos líderes das principais economias do mundo. A primeira é a divergência que existe entre a União Europeia e o Reino Unido após o Brexit, que concentra agora notícias sobre a chamada Sausage War. A segunda é o primeiro acordo que se alcançou em direção a uma homogeneização no imposto sobre as empresas, estabelecido em 15% no mínimo, pensado, sobretudo, para as grandes multinacionais e com o olhar posto, especialmente, nas tecnologias. “As propostas têm implicações muito significativas. Apesar de um imposto mínimo mundial de 15% conseguir gravar pelo menos parte dos lucros gerados nos países nos quais vendem as multinacionais, também poderá representar uma mudança radical”, afirmam na DWS.

O imposto de 15%, um feito

Em concreto, segundo explica na gestora, nos últimos dois anos a digitalização permitiu localizar intangíveis (como patentes, logos ou algoritmos) em jurisdições mais vantajosas fiscalmente, apesar de a maioria dos empregados, das máquinas e dos departamentos de investigação se localizarem em jurisdições com impostos mais altos”. E considera que as novas normas vão dificultar este tipo de evasão fiscal, ao mesmo tempo que vão deixar margem suficiente para os países mais pequenos poderem fomentar o investimento estrangeiro direto mediante a aplicação de vantagens fiscais.

O responsável de economia da AXA IM, Gilles Möec, resume-o muito bem: “O G7 chegou a um acordo sobre o imposto de sociedades a nível mundial. Os dois pilares da abordagem da OCDE ficam, portanto, ratificados: haverá espaço para a taxar localmente os lucros no ponto de consumo, além de um imposto mínimo em todas as partes”, refere o especialista.

A pergunta é se este acordo pode ou não ter impacto nos mercados. A curto prazo parece que não, mas outra coisa é a longo prazo, já que haverá claramente economias que se veem beneficiadas e outras nem tanto. “Em primeiro lugar, é preciso tempo para acordar os detalhes. Em segundo lugar, a sua aplicação será complexa e prolongada. Do ponto de vista político, podem acontecer muitas coisas em poucos anos”, afirma Yves Bonzon, CIO do banco privado suíço Julius Baer.

Que economias ganham e quais perdem

Não obstante, na Euler Hermes e Allianz Research elaboraram um relatório no qual identificam que economias podem sair beneficiadas deste acordo histórico alcançado pelo G7. Para isso analisaram o potencial de crescimento de 16 economias no primeiro trimestre de 1993 e no quarto de 2020 em função do crescimento da produtividade, da população ativa, da percentagem de importações sobre a economia, da percentagem de investimento e das dívidas públicas sobre o PIB e da percentagem dos impostos corporativos sobre o PIB. Concluem que países como a Polónia, Espanha ou China vão estar no grupo dos grandes beneficiados

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