A revisão de rating de Portugal na ótica do BiG

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Rafael Matsunaga, Flickr, Creative Commons

Hoje é conhecida a avaliação da DBRS do rating da República Portuguesa e a previsão é que se mantenha acima do junk status. Ainda que as Big 3 tenham vindo a melhorar a sua avaliação nos últimos anos, a DBRS é a única agência cuja avaliação coloca a dívida pública portuguesa no nível de investment grade, sendo uma das agências tidas em conta pelo Banco Central Europeu. O BiG, no Outlook para o segundo trimestre de 2017, apresenta a sua perspectiva relativamente a esta revisão de avaliação da DBRS e o modelo utilizado por esta.

Na óptica da equipa de research do BiG, a avaliação deverá manter-se inalterada, ou seja, o rating concedido continuará em Investment Grade BBB-, “com Outlook estável”, acrescentam. Esta avaliação "tem sido fulcral para o acesso a Portugal a financiamento e ao QE do BCE", pode ler-se no relatório. 

Desta forma, o modelo de avaliação utilizado pela DBRS “divide os factores de risco em 6 categorias, baseando depois a sua pontuação no histórico quantitativo e qualitativo de indicadores, bem como das perspectivas futuras”, explica o BiG no seu relatório. Por outro lado, “o modelo da DBRS é menos sensível a alterações no ciclo económico e depende, sobretudo, dos underlying fundamentals da economia”, afirmam.

Isto porque através da replicação do modelo, realizou “uma regressão dos ratings soberanos atribuídos pela DBRS com base em 10 variáveis de risco fundamentais (que representam a componente objetiva do rating) e definindo a componente subjetiva como a diferença entre os valores observados e os regredidos”, concluindo que este “atribuiu um rating, considerando apenas o factores quantitativos/objetivos de BB+”. Contudo, “o modelo apresenta uma maior preponderância da componente subjetiva no caso português face à média da amostra”, destacam. “O nosso modelo preconiza um Scorecard global de 32,67, o que acaba por justificar o atual nível de rating BBB-“, concluem.

Modelo_replicado_BiG

Por fim, consideram que “a dinâmica da dívida pública Portuguesa permanece, no mínimo, desafiante”. Isto porque se registou uma “subida de 17 p.p do rácio dívida pública/PIB desde a eclosão da crise” e, ainda, porque o “nível de encargos financeiros sobre receitas totais ultrapassa o nível crítico dos 10%”.