A vitória dos mais pequenos: quatro vantagens com que as small caps iniciam 2014

Cristina_Matti_Portrait_1
Cedida

Nos últimos 13 anos, as small caps apenas registaram um mau comportamento global em três ocasiões: 2007, 2008 e 2011. Por outro lado, 2013 despediu-se sendo um ano muito fértil para esta classe de investimento. Segundo Cristiana Matti, gestora da Pioneer Investments, 2014 também será um ano propício para o “peixe miúdo”. Num evento sobre investimento que gestora celebra anualmente em Madrid, Matti justifica esta afirmação com o facto do contexto económico estar a melhorar substancialmente, na perspetiva em que as taxas de juro não vão subir  e a inflação está sob controlo: “de um ponto de vista macro, vemos sinais de confiança também para 2014”, resume.

Mas estes sinais positivos também são visíveis do lado micro, já que a expectativa da especialista  - que ao mesmo tempo é condição para novas subidas – é de que as empresas de pequena e média capitalização sejam capazes de incrementar o seu EPS este ano. Parte dos trabalhos de casa já estão feitos. Tradicionalmente, contudo, as small caps têm sido capazes de aumentar os seus lucros com maior facilidade do que as grandes capitalizadas, embora se deva salientar que isto acontece também por partirem de um “nível” mais baixo. Adicionalmente – e esta é a parte interessante – Matti explica que 37% das small caps europeias têm, no presente, liquidez, enquanto 54% têm mais “dinheiro em caixa” do que dívida; a gestora situa a dívida/EBIDTA numa média de 1,2 vezes.

Em conjunto com o lado macro e o lado micro, a terceira vantagem comparativa  que este tipo de empresas cotadas apresentam é que “sem estarem extremamente baratas, as pequenas e médias capitalizadas continuam a negociar com prémio em relação às blue chips, e continuam a ter potencial de crescimento graças aos seus fundamentais sólidos”. A quarta vantagem a favor das pequenas em relação às grandes exposta pela gestora assenta na evolução dos fluxos: esta classe de investimento está a receber muitas entradas, e isto, por sua vez, pode transformar-se num catalisador para atrair novos investidores.

Como distinguir os líderes de amanhã?

Neste contexto, o interesse da responsável da Pioneer Investments, centra-se exclusivamente nas empresas com maior capacidade para se financiarem, com um bom governo corporativo e, sobretudo,  com uma habilidade para fazerem crescer os seus lucros e o seu cash ao longo de todo o ciclo económico. Matti assegura que apenas procura os “líderes de amanhã” ...  uma busca em detalhe, pois parte de um universo de 1.300 empresas, que depois filtra até chegar aos 60 ou 70 títulos do seu fundo. De facto, para conseguir o máximo de informação possível esta gestora organiza até 300 visitas a empresas, por ano.

A gestora gosta de sublinhar que o seu processo de seleção de ações segue três ‘c’: compromisso, consistência e controlo. Compromisso com um estilo de gestão bottom-up, ativo, centrado na seleção de ações. Consistência com o risco ajustado e controlo sobre toda a estratégia: quando uma ação alcança o preço objetivo definido pela equipa de gestão, e a mesma considera que se esgotou o seu potencial de “subida”, começam a vender. Graças a esta filosofia, o fundo obteve retornos de dois dígitos a um, três e cinco anos, e situa-se no primeiro percentil a um ano, e no segundo a três anos.