A volta à China em 5 fundos consistentes

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No verão de 2015 a China abalou os mercados mundiais, colocando todas as bolsas em alerta. O colapso não ficou por aqui, e no início de 2016 a China voltou a assombrar os mercados. Apesar da desaceleração do gigante asiático ter sido um dos grandes temas de 2015, a maioria dos analistas do mercado continua a confiar no potencial de crescimento do país, prevendo um crescimento superior a 6% para este ano. Contudo, importa ressalvar que a dívida total da China fechou, neste último trimestre, com um rácio de 249% sobre o PIB, quase mais 100 pontos percentuais do que os registados no final de 2007. Como lembrava recentemente Jorge Botelho, CIO da BBVA AM Portugal, “a solução para quebrar este feitiço pernicioso passa pela progressiva transformação da China numa economia mais assente nas dinâmicas do setor dos serviços e do consumo privado. Mas, para isso, é fundamental reduzir o excesso de capacidade industrial e provocar o ajustamento da economia através do reconhecimento das imparidades no sistema financeiro”. 

Na análise da Funds People Portugal aos fundos que integram a categoria Greater China Equity foram destacados cinco produtos de investimento de cinco casas internacionais. Esta categoria agrega produtos cuja estratégia passa pelo investimento em ações de empresas da China continental, Hong Kong e Taiwan. Inclusivamente, os fundos podem incluir ações de empresas cuja parte significativa das receitas tenha origem nestes mercados. Com pelo menos 75% dos ativos investidos em ações, e desses, pelo menos metade alocada a ações chinesas e um décimo ao mercado de Taiwan.

Com um retorno médio de 6,41% nos últimos três anos civis, a categoria mostra uma relação de retorno por unidade de risco bastante reduzida, considerando o desvio padrão no mesmo período, de 19,29%. No entanto, é o fundo com maior retorno anualizado a três anos que se apresenta também com a menor volatilidade, nomeadamente, o produto da Invesco (ver tabela). No lado oposto, o produto da Neuberger Berman é o que se apresenta com menor rentabilidade e o segundo com maior volatilidade.

Tanto o ano de 2015 como os primeiros meses do atual exercício (até dia 29 de abril de 2016) pesaram significativamente no retorno da categoria, que evidencia um recuo médio de -13,91% e -6,82%, respetivamente.  No entanto, as rentabilidades do ano estão longe dos mínimos, com os produtos a acompanharem a ligeira recuperação dos mercados na região.

Em termos de dimensão, falamos de fundos que oscilam entre os 149,8 milhões de euros do produto da Threadneedle, e os mais de 3.500 milhões do produto da Fidelity.

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Threadneedle China Opp Ret Net EUR

Fundo de investimento cujo objectivo de apreciação a longo prazo do capital passa pelo investimento em ações e ativos relacionados, de empresas domiciliadas ou com principal atividade na China. Até um terço do património pode ser alocado a instrumentos derivados, operações forward, fixed income ou outros, e em circunstâncias especiais a gestão pode manter uma parte significativa do fundo em liquidez. A carteira está praticamente na totalidade alocada a ações, com algumas posições marginais em instrumentos derivados. O estilo de investimento é orientado para empresas de elevada capitalização de mercado, embora com sem uma inclinação evidente para value ou growth. Com 58 posições em carteira, o fundo está sobre exposto ao sector de serviços financeiros (28%), tecnologia (18,4%) e consumo cíclico (14,22%). Vanessa Donegan, da Threadneedle Investment Services, é a gestora ao leme do fundo.

Schroder ISF Greater China A Acc

O produto, gerido por Louisa Lo, da Schroder Investment Management, tem como objectivo a apreciação do capital, investindo, para o efeito, em ações de empresas da República Popular da China, Hong Kong e Taiwan, embora apresente posições marginais (inferiores a 1%) em empresas como a Rio Tinto, BHP Biliton e Newcrest Mining. A carteira apresenta 72 posições, com uma orientação evidente para empresas com elevada capitalização de mercado, mas um estilo indefinido no que se refere ao binómio value/growth.

Neuberger Berman China Equity EUR Ins

Gerido por Yulin (Frank) Yao, da Neuberger Berman Europe, este fundo de ações procura alcançar um nível atrativo de retorno total, através do investimento em ações do mercado chinês. Numa carteira com 37 posições, a aposta em títulos de elevada capitalização de mercado é total, com um inclinação, embora não muito pronunciada, para o estilo growth. O sector tecnológico é o mais preponderante no património do fundo, representando cerca de 26% do total.

Invesco Greater China Equity E

Com o objetivo de alcançar uma apreciação de capital a longo prazo, o fundo da Invesco, investe pelo menos 70% dos seus ativos em ações ou instrumentos financeiros equivalentes de empresas e outras entidades domiciliadas na China, Honk Kong ou Taiwan, ou que exerçam o grosso da sua atividade nessas mesmas regiões. Gerido por Mike Shiao e Lorraine Kuo, o fundo apresenta-se com um estilo orientado para ativos de elevada capitalização bolsista, sem uma inclinação value ou growth definida. Apesar dessa orientação large-cap, pouco menos de um terço do património está alocado a pequenas ou médias capitalizações de mercado. O portefólio, composto por 33 títulos, apresenta uma elevada concentração sectorial, especificamente nos sectores de consumo cíclico e tecnologia, que pesam 37% e 31%, respetivamente. De destacar a sub-ponderação aos sectores de serviços financeiros e industrial, com alocações marginais do património.

Fidelity China Focus E-Acc-EUR

O fundo da Fidelity apresenta uma estratégia focada na China, através do investimento em ações de empresas cotadas na China e em Hong Kong, bem como em ações de empresas não-chinesas com uma parte significativa da sua atividade centrada neste país. O estilo é large-cap/value, embora não tenha sido consistente ao longo do tempo, tendo evoluído a partir de um estilo growth nos últimos 5 anos. A gestão, liderada por Jing Ning, acredita no potencial do sector financeiro, já que nele aposta quase um terço do património. Seguem-se o sector tecnológico, de consumo cíclico e energia, com 14%, 13,5% e 10%, respetivamente. O portefólio é diversificado, em comparação com a média, totalizando um total de 86 posições.

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