Ações: estas são as principais recomendações das gestoras para investir em 2019

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Ludmila Tavares, Flickr, Creative Commons

Mudança importante nas apostas das gestoras internacionais para investir nas bolsas em 2019. Se no ano passado a maioria dos responsáveis das entidades recomendavam como primeira opção um fundo de ações europeu, este ano os que olham para a Europa já não são a maioria. Assim o revela a sondagem que a Funds People realizou entre os responsáveis máximos de 15 entidades estrangeiras com escritório de representação na Península Ibérica, cujos resultados nesta edição revelam que apenas alguns dos inquiridos recomendam como primeira opção de investimento para o próximo ano uma estratégia de ações europeias.

O Brexit, a tensão entre Roma e Bruxelas devido ao orçamento italiano e, sobretudo, o mau comportamento registado pela bolsa europeia este ano são fatores que arrefeceram o interesse dos responsáveis máximos das entidades estrangeiras na Península Ibérica pela Europa e aumentou o seu interesse por outro tipo de estratégias, como as de ações globais. As nuances verificam-se na altura de analisar cada fundo concreto selecionado (aparecem produtos de geração de rendimentos ou com filosofia ISR).

A comparação dos resultados deste ano em relação aos que o mesmo estudo produziu há doze meses volta a mostrar a grande popularidade dos fundos temáticos. A sondagem realiza-se sempre aos responsáveis das mesmas entidades com o objetivo de conhecer qual é o tipo de produtos recomendados e como vão variar as suas preferências ao longo do tempo.

Por ordem alfabética, apresentamos-lhe quais são os fundos concretos escolhidos pelos responsáveis máximos das gestoras internacionais como principal recomendação de investimento para o próximo ano e os motivos pelos quais os levaram a defender essa estratégia:

Marta MarínA principal aposta de Marta Marín para investir em ações em 2019 é o Amundi Funds II- Pioneer US Fundamental Growth. Segundo a diretora geral da Amundi para a Península Ibérica “trata-se de um fundo de ações americanas que procura fazer crescer o capital, oferecendo ao mesmo tempo uma proteção contra as perdas". A especialista refere também que o fundo prima por "uma gestão ativa que procura empresas de qualidade que cotem a preços razoáveis, definindo qualidade como sinónimo de empresas que investem no crescimento, com balanços sólidos, vantagens competitivas sustentáveis, marcas fortes, competitividade em termos de custo e/ou escala e crescimento sustentável dos seus lucros”. Marín acrescenta ainda que este fundo resulta "numa carteira concentrada de elevada convicção baseada nas melhores ideias e com uma baixa rotação”. A abordagem na qualidade concede-lhe um bias defensivo, com uma volatilidade consistentemente melhor relativamente à do seu índice (Russell 1000 Growth TR) e à do peer group.

Allianz_GI_Romualdo_Trancho_Bay_n_031As escolhas principais de Romualdo Trancho, Business Development da Allianz Global Investors para a Península Ibérica, são o Allianz Global Water e o Allianz Global Artificial Intelligence. Segundo o responsável, “o Allianz Global Water é um fundo que investe nos mercados de ações globais com um forte enfoque em empresas que estão envolvidas significativamente na área da gestão de recursos hídricos”. O seu objetivo principal é obter crescimento de capital durante o longo prazo.

Já relativamente ao fundo Allianz Global Artificial Intelligence, segundo Trancho, o “objetivo do fundo é analisar o potencial disruptivo da Inteligência Artificial e investir em ações de empresas que têm progresso neste segmento ou que beneficiam disso diretamente para alcançar um crescimento de capital estável.

Beatriz Barros de Lis AXAO produto que Beatriz Barros de Lis, diretora geral da AXA Investment Managers, escolhe como grande aposta para o próximo ano é um fundo temático, o AXA WF Framlington Digital Economy, produto que investe globalmente em empresas que estão na cadeia de valor do e-commerce. “Esta cadeira de valor inclui a partir da publicidade e promoção online, as empresas que facilitam a materialização das compras (pagamentos, logística, etc.), as empresas nativas deste tipo de comércio e as que facilitam o funcionamento a agentes que começam no ecommerce”, explica a responsável máxima da gestora francesa no mercado ibérico.

aitorA grande aposta de Aitor Jauregui em ações para investir no próximo ano é um fundo de gestão passiva que replica o principal índice da bolsa americana: o iShares Core S&P 500 UCITS ETF. Segundo explica o responsável da BlackRock para Portugal, Espanha e Andorra, “os bons resultados corporativos norte-americanos e o forte crescimento económico apoiam a nossa opinião positiva sobre esta classe de ativos face ao ano que vem. O iShares Core S&P 500 UCITS ETF ou o CSPX é o maior ETF de ações norte-americanas no universo UCITS e também o mais líquido, segundo a Bloomberg. Trata-se de uma forma eficiente em termos de custos para aceder a um mercado onde gerar alfa é cada vez mais difícil”, afirma.

Sasha_EversO produto de ações que Sasha Evers, diretor geral da BNY Mellon IM para a Península Ibérica e América Latina recomenda, é o BNY Mellon Long-Term Global Equity, fundo gerido por Walter Scott, gestora especializada na gestão de carteiras de ações globais com sede em Edimburgo. “Investe em empresas de elevada qualidade (empresas com baixos níveis de alavancagem) capazes de crescer acima do nível dos seus concorrentes e do mercado. São aquelas empresas tipicamente de grande capitalização com um ROE (return on equity) e ROI (return on investment) de entre cerca de 20-25%. A sua carteira foca-se em 40-60 valores que são geridos sob uma estratégia de comprar e manter no longo prazo orientada para maximizar o potencial de revalorização das ações. A rotação anual do fundo é baixa (normalmente entre 15-25%). A qualidade da carteira vê-se refletida no bom comportamento da estratégia do fundo em momentos de stresse dos mercados financeiros (2008-2011). É um fundo que se gere de forma ativa com um estilo mais focado nas características das ações individuais do que em tendências macro. Utiliza o índice MSCI World como indicador de referência mas apenas para efeitos comparativos e não como referência para a composição da carteira”, destaca.

Garcia_Ruben_HRRúben Garcia apresenta uma das apostas mais interessantes para 2019 no mercado de ações: o Threadneedle (Lux) – Global Smaller Companies. O diretor geral da Columbia Threadneedle Investments para a Península Ibérica destaca o fundo porque as pequenas empresas são uma classe de ativos claramente diferenciado. Têm uma maior iniciativa empresarial, com um enfoque em nichos de negócio específicos, o que gera um crescimento e rentabilidades de investimento superiores.

A sua gestão ativa permite-lhe incluir na carteira empresas que distribuam produtos e serviços diferenciados que sejam difíceis de replicar (e que estejam protegidos por marcas, tecnologias patenteadas, redes de distribuição sólidas, etc.). Isto dá-lhes poder de definição de preços, lucros elevados e previsíveis, bem como o controlo sobre o seu próprio destino. Isto significa que temos uma tendência de qualidade, uma tendência para investir em ações growth em vez de value. Na Columbia Threadneedle Investments, usamos uma análise fundamental centrada na seleção de empresas de elevada qualidade e em crescimento com vantagens competitivas sustentáveis que geram uma elevada rentabilidade e que, na nossa opinião, estão subvalorizadas em relação a outros ativos do mercado.

Mariano ArenillasSegundo Mariano Arenillas, responsável da DWS para a Península Ibérica, a rentabilidade prevista para 2019 nos principais ativos é menor do que nos anos anteriores, devido à possível subida de taxas de juro na Zona Euro, devido a um ligeiro arrefecimento das magnitudes macro nas principais geografias, assim como devido à exigência implícita no preço das ações de algumas bolsas, e em mais um ano, devido também à instabilidade política de alguns países desenvolvidos. Tudo isso faz com que enfrente 2019 com uma proposta inicial conservadora em cada tipo de ativo, e conforme for decorrendo o ano de 2019 ter flexibilidade e liquidez para se ajustar face às oportunidades que possam surgir. “Mais um ano, para ações, a nossa aposta em 2019 continua focada no DWS Invest Top Dividend, fundo que investe em empresas globais de elevada capitalização e, por isso, liquidez. Thomas Schüssler, o seu gestor desde há mais de uma década, premeia as empresas que ao distribuir um dividendo superior são capazes de manter um nível de endividamento baixo e uma evolução dos seus resultados muito previsível. O resultado é uma carteira diversificada de cerca de 80 empresas globais com um risco baixo em relação às bolsas onde cotam. O objetivo do fundo é pagar um dividendo anual ao investidor superior a 3%”, explica.

Sebastián VelascoA eleição de Sebastián Velasco, diretor geral da Fidelity para Portugal e Espanha é o FF - Global Technology Fund, um fundo que investe em valores tecnológicos a nível mundial. O gestor opina que, apesar das recentes correções de muitos valores que se viram arrastados pelos FAANG, os motores a longo prazo do setor não mudaram: os seus indicadores financeiros são muito sólidos em comparação com os de outros setores e continua a existir uma vasta variedade de negócios para investir que estão expostos a tendências estruturais e cotam a valorizações atrativas, especialmente as empresas de pequena e média capitalização. Gostam, entre outras, da tecnologia de telemóveis dobráveis, os serviços de IT, os jogos, as empresas de infraestruturas de telecomunicações para a implementação das redes 5G e as empresas expostas à procura de soluções de digitialização.

franklin javier villegasPara Javier Villegas, diretor geral da Franklin Templeton Investments para a Península Ibérica, é um momento macro favorável para a Europa. “Neste cenário de valorizações atrativas e boa saúde dos resultados corporativos no contexto atual de taxas, os setores mais cíclicos comportar-se-ão melhor. Por isso, apostamos no Templeton Euroland, um fundo de ações que investe na Zona Euro que permite evitar um mercado britânico que pode gerar volatilidade em excesso onde as valorizações estão muito mais ajustadas. Trata-se de um fundo com uma tendência value (cíclicos) focado num estilo de seleção de empresas com um horizonte de investimento de longo prazo. A gestora Templeton foi fundada em 1940 e desde então manteve o seu estilo de investimento, baseado num processo orientado para a procura de valor a longo prazo”, indica Villegas.

javierO fundo de ações escolhido por Javier Dorado como primeira opção de investimento para o próximo ano é o JPMorgan Funds – US Opportunistic Long-Short Equity, fundo de ações norte-americano que segue uma estratégia de investimento flexível long-short, e que procura proporcionar exposição ao potencial de revalorização deste mercado mas com uma volatilidade inferior. “Para conseguir esta menor volatilidade, adota tanto posições longas como curtas. É gerido, por isso, de forma flexível, tomando posições longas naquelas empresas que se tem uma maior convicção, e posições curtas que permitam à equipa gestora beneficiar também das empresas sobre as quais as perspetivas não são boas. Essa maior flexibilidade traduz-se num leque maior de oportunidades e uma gestão mais eficiente do risco, que faz com que a volatilidade do fundo seja inferior à do mercado de ações dos Estados Unidos (S&P 500). Este fundo gerou uma rentabilidade muito atrativa desde o seu lançamento em todos os períodos”, indica o diretor geral da J.P. Morgan AM para Portugal e Espanha.

JavierJavier Mallo, responsável da Legg Mason Global AM para Portugal e Espanha, escolhe o Legg Mason Clearbridge US Large Cap Growth. “Acreditamos que a economia dos Estados Unidos irá continuar a crescer durante os próximos meses, o que irá continuar a repercutir de forma muito positiva no tecido empresarial do país, tanto em empresas de pequena capitalização como nas de grande capitalização. Dentro deste último segmento a nossa aposta será este fundo, cuja equipa gestora seleciona individualmente, com um enfoque a longo prazo, grandes empresas norte-americanas com perspetivas de crescimento atrativas, uma posição dominante dentro dos seus respetivos setores e um vasto historial de rendimento, tendo muito em conta as suas valorizações. Ou seja, empresas que são capazes de prosperar por si mesmas e que contam com um maior controlo sobre as suas taxas de crescimento graças à sua posição de liderança”, destaca do produto.

ignacio rodriguezIgnacio Rodríguez Añino acredita que na Europa existe um grande número de empresas cujas cotações não refletem o valor subjacente do seu negócio e, por isso, têm um potencial de revalorização elevado que poderá gerar rentabilidades atrativas para um investidor paciente. “Neste tipo de valores foca-se o M&G (Lux) European Strategic Value Fund, um fundo de ações europeias gerido de forma ativa e com estilo value. A sua equipa gestora, liderada por Richard Halle, analisa de forma rigorosa este tipo de empresas europeias em diferentes setores – incluindo o Reino Unido – que considera subvalorizadas pelo mercado, com o objetivo de alcançar rentabilidade e crescimento do capital a longo prazo (num prazo superior a cinco anos)”, afirma o responsável da M&G Investments para Portugal, Espanha e América Latina.

NordeaA primeira opção de investimento de Laura Donzella para 2019 é o Nordea 1 – Global Stars Equity. De acordo com a diretora de vendas da Nordea AM para a Península Ibérica e América Latina, a tendência para o cumprimento dos padrões ESG (ambientais, sociais e de bom governo) está a acelerar num contexto caracterizado pela procura contínua de rentabilidade por parte dos investidores. “Na Nordea já estamos há mais de dez anos comprometidos com o investimento responsável. Fruto do nosso compromisso em tal área, lançámos as estratégias STARS, que se situam na vanguarda do investimento responsável. O objetivo do Nordea 1 – Global Stars Equity Fund é oferecer rentabilidades de forma responsável sem deixar de exercer um efeito positivo no mundo”, explica Donzella.

CarlaCarla Bergareche, diretora geral da Schroders para Portugal e Espanha, acredita que as ações europeias sofreram mais devido a razões políticas, desde o Brexit, às tensões políticas em Itália e a alguns países emergentes, do que propriamente devido aos seus fundamentais. “Pensamos que os possíveis eventos negativos da guerra comercial já estão razoavelmente descontados no preço, e que a estes níveis de valorização face a 2019 podemos aproveitar este contexto para tomar posições em empresas que gostamos a preços muito atrativos, principalmente em setores cíclicos. Por fim, será um contexto favorável para um stock picker como Martin Skanberg, gestor do Schroder ISF Euro Equity”. Esse é o fundo que recomenda para investir em 2019.

Diogo gomesO veículo de investimento que Diogo Gomes, responsável de vendas da UBS Asset Management para o mercado português, é o UBS Global Income. Trata-se de uma estratégia que investe em ações globais com um caráter defensivo para um contexto mais incerto e que procura proteger a carteira, gerando uma yield atrativa através do investimento em empresas com dividendos sustentáveis, potenciado pela venda de opções de compra sobre estas ações. “Graças a esta combinação, o beta da carteira diminui de forma considerável. É uma alternativa interessante para se manter investido de forma defensiva”, destaca deste produto o responsável da entidade.