As infraestruturas e a energia solar são os temas de investimento mais atrativos no segmento das energias renováveis, segundo o gestor da Erste AM.
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Desmascarar os mitos sobre as energias renováveis trouxe Alexander Weiss, gestor da Erste AM, à Península Ibérica. Na sua opinião, “a história das energias renováveis continua intacta e oferece oportunidades”. Enquanto os painéis solares e os moinhos eólicos continuam a ganhar terreno, “o próximo passo deverá ser a modernização e atualização das redes elétricas. Muitas são bastante antigas. Além disso, será importante instalar mais baterias, cujo preço baixou bastante nos últimos anos, em sintonia com a expansão da energia fotovoltaica”, afirma.
Energia solar
A energia solar é a mais barata atualmente. O problema é que não é contínua. Durante o dia, que é quando é produzida, há menos consumo, pelo que o armazenamento em baterias é fundamental. “Haverá muitos sistemas de feedback entre a casa, o carro e a rede, com sistemas mais eficientes que poderão levar à autossuficiência em muitas casas. Muitos serviços públicos terão de repensar o seu modelo de fixação de preços”, afirma.
A nível macro, há também projetos transformadores, como o cabo de 4000 km que permitirá à Austrália abastecer Singapura com energia produzida por painéis solares nos próximos anos. “Espanha poderá tornar-se uma potência segundo este modelo e seria ótimo se, em países como a Alemanha, isso puder ser combinado com a produção de energia eólica”, considera.
Temas de investimento
Para além de uma aposta clara nas infraestruturas (redes, estações de carregamento de carros elétricos), Weiss vai continuar a investir na energia solar, que espera que continue a apresentar um forte crescimento a nível mundial. “É a energia que pode chegar mais rapidamente à rede, o que é muito importante para os centros de dados”, afirma. Relativamente à energia nuclear, acredita que “continuará certamente a fazer parte da mistura e da solução. Será interessante ver como evoluem os novos mini reatores, embora a sua implantação não seja tão rápida e fácil de incluir no planeamento como uma instalação solar.
Quanto ao hidrogénio verde, de que muito se tem falado ultimamente, Weiss explica que, para que a sua produção seja rentável, seriam necessárias, pelo menos, oito horas diárias de fornecimento ininterrupto de energia solar, o que nem sempre é possível. “Acreditamos que a sua principal utilização será em aplicações industriais, na produção de aço ou na refinação. Além disso, pode ser transportado, pelo que pode ser produzido em muitos países, embora neste momento muitos projetos ainda não sejam rentáveis”.
A Europa e Trump
Numa altura em que os custos energéticos da Europa são mais elevados do que os dos EUA devido, entre outros fatores, à combinação da crise de abastecimento de gás russo causada pela guerra na Ucrânia e o encerramento das centrais nucleares alemãs, Weiss vê uma grande necessidade de uma maior integração do mercado europeu. “Se quisermos alcançar uma maior independência energética na região, as ligações em rede entre os vários países têm de ser melhoradas. Dessa forma, o excesso de produção ocasional de energias renováveis pode ser armazenado e depois distribuído”, aconselha.
Sobre o efeito da reeleição de Trump nas energias renováveis, acredita que é preciso desmistificar ideias pré-concebidas. “A primeira é que nem todos os republicanos odeiam as energias renováveis. Durante o primeiro mandato de Trump, as novas instalações solares aumentaram 32% e a energia eólica 60%, enquanto as vendas de carros elétricos atingiram níveis recorde. Além disso, alargou os créditos à energia solar”. Weiss também tem em conta o equilíbrio de poder noutras áreas. “No Senado, há uma maioria republicana de 53-47, mas muitos estados, como o Texas, beneficiaram enormemente da IRA (Lei de Redução da Inflação) e não há uma maioria suficiente na Câmara dos Representantes para a revogar.
Weiss admite que “Trump é imprevisível e também se tem manifestado contra os carros elétricos e a energia eólica offshore, embora também tenha dito que era um adepto da energia solar e não tenha mencionado a IRA na sua campanha”. O gestor sublinha que é importante continuar a concentrar-se na produção interna, algo que tanto os democratas como os republicanos querem. Sobre a influência de Musk, o gestor salienta que “embora a Tesla tenha fábricas na China, as vendas nos EUA provêm das suas fábricas locais, pelo que não serão afetadas pelas tarifas. É também um dos maiores produtores de baterias nos EUA, não apenas para automóveis.
Avaliações
As avaliações no setor das energias renováveis são baixas, com muitas empresas a negociar a um price to earnings (PE) entre sete e nove. “Muitas destas empresas já têm até 40 anos de história e sabem como navegar em diferentes cenários. Houve uma debandada e, como gestores ativos, aproveitámos essa oportunidade para acrescentar algumas empresas muito interessantes a um preço muito bom. Por exemplo, comprámos uma empresa com um histórico sólido, rentável, a negociar a um PE de 5 e com uma dividend yield de 13%”, conclui.