Almudena Mendaza: (Generali Investments): "O maior erro é tentar ajustar o perfil de risco aos movimentos de mercado"

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Almudena Mendaza. Créditos: Vítor Duarte

Há pouco mais de um ano que Almudena Mendaza assumiu as rédeas do negócio da Generali Investments em Portugal e Espanha, com o objetivo de impulsionar no mercado ibérico a gestora do grupo segurador italiano. "A operação base já estava montada, mas a minha primeira medida foi estabelecer uma sucursal. Era uma prova para os clientes do compromisso importante que pensávamos estabelecer na região", explica a diretora de Vendas.

Por essa altura, o escritório da Península Ibérica cresceu com a incorporação em setembro de Juan Pita da Veiga, e segundo nos adianta Mendaza o plano é continuar a crescer. "Ainda não completamos a equipa, mas eu prefiro avançar pouco a pouco, encontrando os perfis exatos que necessitamos", confessa. Assim, o seu objetivo é ter uma equipa de quatro pessoas no final do ano que vem.

Os primeiros 12 meses, conta, tem estado focada em entender e passar aos clientes a filosofia e o valor acrescentado do novo enfoque da Generali Investments. A entidade redefiniu em 2017 a sua estratégia de negócio para adotar um modelo de ecossistema de gestoras, que já alberga nove entidades distintas. Uma seleção cuidadosa de filiais, assegura Mendaza, com a filosofia de cooperação entre as mesmas. "Todas são casas fundadas como projetos de profissionais com décadas de experiência, fortes no seu campo".

O porquê de um enfoque através de um ecossistema de gestoras está muito ligado à maneira de entender as necessidades da indústria de gestão de ativos atual. Aportar uma visão de alocação de ativos é necessário, mas num mercado onde cada vez há mais consenso, é difícil ser realmente contrarian, reconhece Mendaza. "O asset allocation é um requisito básico para os clientes, mas hoje em dia o produto é o verdadeiramente diferencial", defende.

Seleção proativa de especialistas

É uma tendência que deteta especialmente no mercado ibérico, fruto da profissionalização do setor. "Se comparamos as grandes carteiras de há 10 anos com as de agora, vemos que há muita mais diferenciação nos fundos selecionados, embora a aposta de ativos e mercados seja similar", explica.

E é aí onde Mendaza sente que encontrou um lugar para a Generali IP nesta indústria tão competitiva. Na sua opinião, ter uma grande marca cada vez é menos decisivo. "Agora há uma seleção proativa por parte dos clientes. Procurar a especialização tornou-se determinante", conta.

O ativo mais difícil de gerir

Toda a informação, ferramenta ou insight que se possa aportar ao cliente será bem-vinda, porque a previsão da profissional é que continuaremos a ver volatilidade no curto-médio prazo. Como recorda, estivemos 10 anos sem subidas de taxas na Europa e outros 20 sem inflação. Agora entramos num cenário muito distinto. "Que irá trazer riscos, mas também oportunidades", enfatiza.

O segmento que mais a preocupa é o de rendimento fixo. "O ativo mais incómodo de gerir", reconhece Mendaza. Concretamente, podemos viver outro episódio de fortes vendas como o que se deu em abril deste ano. Num contexto de muitas mais dúvidas do que certezas, Mendaza apenas tem um conselho: não mudar o perfil de risco. "O maior erro que pode cometer um investidor é tentar ajustar o seu perfil de risco segundo o mercado. Porque a realidade é que provavelmente já vai tarde para proteger-se das perdas", defende. Tentar fazer market timing não costumar dar bom resultado. Apesar de na gestora não preverem uma subida em V dos mercados, o que têm mais claro é que sair quando as quedas já são pronunciadas, apenas fará com que se chegue tarde quanto a recuperação aparecer.