Alterações feitas pelo investidor institucional em obrigações para se adaptar ao novo contexto

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Créditos: nrd (Unsplash)

A equipa de gestão de ativos da State Street Corporation, parte da State Street Global Advisors, inquiriu os investidores institucionais (700 fundos de pensões, endowments, fundações e fundos soberanos de investimento, bem como gestoras de ativos e patrimónios) para conhecer a sua visão sobre o mercado de obrigações atual e como distribuem as suas alocações face à volatilidade dos mercados.

Assim, segundo o relatório The Future of Fixed Income, um maior número de investidores está a adicionar posições em crédito privado juntamente com as suas alocações a dívida pública. Além disso, observaram um crescente apetite entre os investidores por novas abordagens sistemáticas de obrigações para combater o impacto do aumento dos preços.

“Com o aumento drástico das yields, os investidores estão a tentar descobrir como equilibrar o risco e a rentabilidade nas suas carteiras. Isto levou-os a procurar além dos investimentos tradicionais em obrigações”, explica Gaurav Mallik, diretor de Estratégia de Carteiras da State Street Global Advisors. “Chegou o momento em que os investidores institucionais começam a adotar uma visão estratégica nas suas alocações. Estão a encontrar cada vez mais oportunidades na combinação de exposições a ativos privados com exposições a ativos líquidos negociados em mercados públicos”.

Procura por gestão indexada

O inquérito deste ano também revela que a pressão sobre as comissões e uma maior transparência estão a levar os investidores a escolher a indexação para obter acesso a setores atrativos. A alocação de carteiras de muitos investidores estão a mudar e as abordagens mistas de gestão ativa e passiva estão a ganhar novo ímpeto.

“Os investidores institucionais estão a optar por ETF de obrigações de gestão ativa e passiva a um ritmo acelerado para otimizar a sua alocação de ativos e a liquidez das suas carteiras neste complexo contexto de mercado”, comenta Bill Ahmuty, responsável pela equipa de Obrigações da SPDR na State Street Global Advisors. “Dada a evolução do mercado de obrigações, certas ineficiências estruturais que têm sido historicamente uma fonte de resultados superiores diminuíram, o que fez aumentar a procura por investimentos indexados”.

A capacidade de indexação para capturar todo o potencial de rentabilidade, inclusive nas exposições de obrigações mais complexas, a um baixo custo, fez com que a gestão ativa deixasse de ser a escolha predeterminada dos investidores em dívida. Mais de um terço (37%) dos inquiridos declara que mais de 20% da suas carteira de obrigações está investida em estratégias indexadas. E é que no caso dos grandes investidores, aqueles com mais de 10.000 milhões de dólares em ativos sob gestão, o número ascende aos 57%. Entre aqueles que esperam realizar alterações, a maioria prevê aumentar a sua exposição a estratégias indexadas (14%), em comparação com a gestão ativa (10%). Para os inquiridos que planeiam aumentar a sua exposição a obrigações indexadas à inflação, a maioria prevê a sua realização através da gestão indexada.

Novas fontes de rentabilidade, novas abordagens

Face à persistente volatilidade nos mercados e à ameaça de recessão, os investidores estão a intensificar o seu foco em fontes alternativas de rentabilidade. Esta procura supõe uma mudança na consideração dos setores tradicionais, acrescenta o risco de liquidez à equação, apoia o aumento das estratégias sistemáticas e pode alterar algumas preferências estabelecidas por abordagens de gestão ativa.

Entre as conclusões do inquérito destacam-se os seguintes dados:

  • Para responder às atuais condições do mercado e ponderar a duração da sua carteira, os inquiridos estão especialmente interessados em aumentar a alocação a empréstimos bancários (51%) e a obrigações indexadas à inflação (42%).
  • Um terço dos investidores (31%) decidiram reduzir as suas alocações a obrigações tradicionais a favor de estratégias alternativas ao longo dos últimos nove meses, e 29% prevê fazê-lo nos próximos 12 meses.
  • Os investidores demonstram também interesse em novas abordagens de obrigações assentes em dados de estratégias sistemáticas. Mais de metade (59%) dos investidores que estão a considerar estas estratégias afirmam que planeiam utilizá-las para substituir estratégias ativas existentes.

Além disso, os critérios ESG são a principal prioridade para vários institucionais, mesmo antes da gestão dos efeitos da inflação e da subida das taxas de juro. Cerca de metade integrou fatores ESG nas suas alocações a crédito corporativo high yield (47%). Também estão a ser feitos progressos nos segmentos de crédito com investment grade (44%), dívida de mercados emergentes e dívida soberana (41% cada um), mas a dívida titularizada (27%) continua a apresentar dificuldades neste âmbito.