Álvaro Cabeza (UBS AM): “O investidor ibérico comprou-nos a ideia dos ativos chineses e isso permitiu-nos abrir portas nas redes de distribuição”

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Álvaro Cabeza. Créditos: (UBS AM)

Passaram já três anos desde que Álvaro Cabeza assumiu a direção da UBS Asset Management para a Península Ibérica. Neste tempo, a gestora suíça experimentou um importante crescimento em muitos âmbitos. Revela um crescimento a nível patrimonial neste período de 130%, numa entrevista com a FundsPeople.

Segundo o diretor geral da UBS AM para Portugal e Espanha, esta evolução é algo que coloca ênfase no interesse dos investidores ibéricos por uma gestora global e diversificada. “Este ano, mais de 90% dos fluxos líquidos dirigiram-se para os nossos fundos de obrigações. É algo que nunca tinha acontecido na história do escritório. A procura dos investidores centrou-se essencialmente nas nossas estratégias de obrigações chinesas, dívida americana a curto prazo e obrigações globais”, revela.

Crescer de forma saudável

Para Alvaro Cabeza, “o objetivo do escritório não é apenas crescer, mas sim fazê-lo de maneira saudável, diversificando as vendas a nível de fundos e de clientes”. No que respeita aos produtos, os últimos anos foram muito ativos a explicar aos investidores as vantagens de incluir nas suas carteiras ativos chineses. “É difícil encontrar alocações diretas à China. Geralmente, fazem-se através de fundos asiáticos ou de ações globais. O cliente comprou-nos a ideia de investir em ativos chineses e isso permitiu-nos abrir portas em redes de distribuição com as quais não mantínhamos uma relação”.

Ativos chineses abrem portas

Conseguiram-no primeiro com ETF e, numa segunda etapa, com estratégias de obrigações e,  inclusive, long-short. “Não é casualidade que a maior parte do crescimento da UBS AM desde o estalar da pandemia tenha vindo da Ásia, concretamente da China. Como grupo, o objetivo tem estado em desenvolver o negócio onshore nesse país. Quando se investe em obrigações chinesas tem que se saber três coisas: regulação, regulação, regulação.

Sobre isto, a experiência do responsável diz duas coisas: “Em primeiro lugar, que as propostas de investimento têm que ser colocadas em marcha antes que o mercado dê a volta. E, em segundo lugar, que é possível orientar o barco do negócio até onde queremos”. Isto aplicaram-no também à sua base de clientes. “Desde a minha incorporação na entidade, o foco da empresa tem estado na diversificação por cliente. É algo que conseguimos”.

Inovação em fundos temáticos

Com vista ao futuro, o responsável considera que existem duas áreas com grande potencial de crescimento na Península Ibérica: “Por um lado, está a sustentabilidade, com a aposta em fundos temáticos de gestão ativa que investem em tendências muito concretas. Estamos a trabalhar no lançamento de novos fundos deste tipo, muito potentes, e quando saiam para o mercado sairão como produtos artigo 8 e 9”, adianta.

Na sua opinião, não restam dúvidas do interesse que existe por parte do investidor ibérico em estratégias que estejam consideradas em algum destes artigos do regulamento da SFDR. “Este ano, no negócio de ETF na Península Ibérica, conduzido por Nina Petrini, mais de metade dos fluxos foram, sobretudo, para fundos cotados artigo 8”, revela. A segunda área onde deteta que existe margem de crescimento no mercado ibérico é em tudo o que esteja relacionado com o mundo da gestão alternativa, tanto líquida como ilíquida.

Alternativos ilíquidos: a grande aposta

 “No plano ilíquido, contamos com a UBS O’Connor, uma boutique dentro da UBS AM, com mais de 40 anos de experiência em gestão alternativa, com capacidades que cobrem uma ampla gama de veículos de investimento entre eles os hedge funds, cujo objetivo é gerar rentabilidades absolutas atrativas ajustadas ao risco, com uma baixa correlação com a maioria das principais classes de ativos e benchmarks tradicionais. Dentro da frente ilíquida, a nossa expetativa é continuar a investigar o interesse que temos percebido pelo investimento em real estate global. Neste segmento, somos um dos 10 maiores investidores a nível mundial”, recorda.

Segundo o profissional o interesse dos clientes por diversificar as suas carteiras com estratégias que aportem descorrelação é evidente: “Até agora, esse interesse limitava-se ao institucional, mas cada vez se estende mais ao mundo de wealth management. Faltava o invólucro correto para o desenvolvimento e encontrou-se nos fundos ELTIF. Nas nossas conversas com distribuidores notamos que estão cada vez mais dispostos a capturar esse prémio de iliquidez do ativo. É uma mudança de mentalidade importante”.

Tal como a China que se populariza nas carteiras, Álvaro Cabeza está disposto a enfrentar todo esse trabalho de pedagogia que é necessário realizar para que o investidor ibérico conheça em profundidade o ativo final e, por fim, acabe por aceitá-lo na  hora de construir as suas posições. Fá-lo-á pela mão de uma equipa de vendas que, na parte da gestão ativa, para além dele, conta com Jaime Raga e Diogo Gomes. “O nosso objetivo será continuar a dar o melhor serviço”, conclui.