Ambiente económico chinês não sugere uma possível crise

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klarititemplateshop, Flickr, Creative Commons

Depois de lhe termos revelado a visão da Mirae Asset Global Investments sobre o mercado asiático como um todo, muito fica por dizer apenas sobre a China.

Natalia MuRecentemente em Portugal, Natalia Mu, product specialist na entidade, sublinhou uma visão positiva relativamente não só ao contexto atual em que a China se encontra, mas também no que toca ao contexto futuro. Apesar das reformas necessárias para corrigir os problemas estruturais da economia chinesa, “estas devem ser implementadas de forma gradual. E, de uma forma global, o governo chinês tem demonstrado que tem a capacidade e vontade não só de as executar, mas também de apoiar a economia de forma a que os desequilíbrios sejam corrigidos”, avança a profissional.

De facto, um dos ajustes mais recentes levado a cabo pelo governo chinês esteve relacionado com o chamado “shadow banking”. “Para tentar reajustar o crédito e a economia, foram tomadas medidas com o intuito de restringir os empréstimos não bancários, um dos problemas que têm vindo a surgir nos últimos anos”, afirmou Natalia Mu. Ainda que muitos tenham considerado que esta restrição iria condicionar o crescimento económico, a profissional considera que “a implementação de medidas de contração é positiva, uma vez que nos encontramos num ambiente económico saudável e a procura externa fornece alguma flexibilidade para que estes problemas internos sejam corrigidos”. Contudo, ainda que a contração da política monetária possa ser um risco para o crescimento económico, da gestora não consideram que este seja um cenário de uma possível crise económica.

Subida de taxas

Quanto às taxas de juro, Natalia Mu acredita que ainda que tenham estabilizado, “tendo em conta o ciclo de crédito, é necessário que seja colocada na equação uma possível subida. Contudo, irá depender do desenvolvimento do contexto económico”. Neste sentido, a profissional tece duas perspetivas futuras: “por um lado, se o contexto externo se deteriorar, o governo chinês terá que alterar a sua abordagem em relação aos problemas económicos internos, tanto relativamente ao crédito como em relação à moeda. Por outro lado, se o contrário se verificar, e a inflação subir, poderá surgir a possibilidade de uma subida de taxas”.

Por outro lado, na gestora acreditam que a China está a subir na cadeia de valor. Isto porque “tem vindo a investir cada vez mais em investigação, traçando um claro caminho de desenvolvimento em termos de inovação, tecnologia e automatização”, revelou Natalia Mu. Neste sentido, a profissional acredita que a economia chinesa terá que ser orientada para o consumo: “o consumo será o tema central da economia asiática nos próximos tempos. Na China, o consumo terá que assentar no crescimento dos salários, com um número cada vez maior de indivíduos inseridos na classe média, mantendo-se um nível sustentável de crescimento”.