Segundo Filipe Pathé Duarte, “atualmente vivemos num ambiente VUCA, ou seja, de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade”. O investigador e professor na NOVA School of Law acrescenta ainda que, com algumas variáveis que vão surgindo, como a eleição de Trump ou a tensão com a China, “vive-se num ambiente cada mais complexo”.
Desta forma, as tradicionais abordagens de planeamento que as empresas costumam adotar vão, na sua opinião, deixando cada vez mais de fazer sentido ou de serem suficientes, uma vez que vivemos num mundo de turbulência. “Associado a essa turbulência”, explica Filipe Pathé Duarte, “há duas coisas que a análise geopolítica considera: as wild cards e os games changers”.
O que são game changers? Segundo o investigador e professor, são elementos que “mudam o curso do rio”, dando como exemplo a blockchain, o 5G e a internet. “Mudam a forma como nos relacionamos com a realidade e, naturalmente, a forma como fazemos negócios”. Já as wild cards, são eventos locais que têm um efeito transversal e vertiginoso, como os atentados de sete de outubro, a invasão russa da Ucrânia, a vitória de Donald Trump e a queda do Muro de Berlim. “Estes acontecimentos obrigam a uma necessária adaptação por parte das estruturas”, explica.
Assim, na sua opinião, neste momento, há duas grandes tendências que estão a remodelar o mundo. “A primeira é, de facto, o avanço significativo das tecnologias emergentes, particularmente da inteligência artificial”, uma vez que considera que estas tecnologias estão a redefinir a política e o poder global, a economia e as questões de segurança. “A segunda tendência é que temos uma grande instabilidade no sistema internacional que está a perturbar as cadeias de abastecimento e a alterar alianças que já existiam”, afirma.
E a verdade é que, segundo Filipe Pathé Duarte, estas duas tendências estão a convergir, uma vez que “as tecnologias estão a avançar rapidamente para os campos de batalha” e são, ao mesmo tempo, alvo de tensão geopolítica. “Em termos de decisões de investimento, isto significa que tem de se navegar mais num ambiente volátil localmente”, afirma, explicando ainda que “os conselhos de administração têm de responder para mitigar as incertezas e os riscos e para tentar superar esta perturbação global”.
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