Para discutir a estratégia da Amundi Alpha Associates falamos com Petra Salesny, managing partner e sócia fundadora da entidade.
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A atividade corporativa no mundo da gestão de ativos tem ganho dinamismo nos últimos anos. As entidades estão a recorrer a M&A para ganharem eficiência através de economias de escala ou para crescer em determinados serviços estratégicos. A compra da Alpha Associates, especialista em mercados privados, pela Amundi, primeira gestora europeia, insere-se neste segundo vetor.
A operação, concluída no primeiro semestre de 2024, acrescentou à Amundi 8.500 milhões de euros em ativos nos segmentos de dívida privada, infraestruturas e private equity em portefólios multimanager, elevando as capacidades da gestora francesa em mercados privados para um total de 71.000 milhões de euros no final de setembro.
Quem é a Alpha Associates?
Para discutir a estratégia da Amundi Alpha Associates, falamos com Petra Salesny, managing partner e sócia fundadora da entidade. Como COO, é responsável pela estruturação e fundraising de fundos de fundos e programas de investimento, serviços ao investidor e marketing. Numa recente visita à Península Ibérica, a profissional destacou o track record de 20 anos da gestora que, localizada em Zurique, serve clientes institucionais de toda a Europa. Foi fundada em 2004 como uma cisão da Swiss Life e atualmente ainda é gerida pelos sócios fundadores.
A empresa conta com 70 profissionais distribuídos por dois hubs: 50 na sede de Zurique e 20 em Paris. Na sua carteira de investimentos figuram mais de 100 LP institucionais, fundamentalmente pensões e seguradoras na Alemanha e na Suíça.
A sua formação como advogada leva-a a sublinhar a importância dos processos de due diligence que a entidade efetua. “As equipas de investimentos e legal trabalham em conjunto nos processos de due diligence e negociação”, explica.
Foco nos investidores
Num contexto de aumento da oferta no universo dos mercados privados, em que elementos é que os clientes se focam? “Os investidores procuram um track record consistente”, afirma, e para isso “é importante a continuidade da equipa de investimentos. Têm de demonstrar que o conseguem fazer”, tanto em termos de conhecimento como de competências. Nesse sentido, “a dimensão da equipa tem de ser proporcional aos ativos que gerem”.
Outro elemento que prioriza é a orientação para o serviço ao cliente. “A equipa tem de ser capaz de responder às perguntas dos investidores no prazo de 24 horas. Na vertente institucional, trabalhamos com grandes organizações a quem oferecemos serviços de mandato em que estão envolvidos diferentes departamentos. É necessário assegurar um correto funcionamento da relação com clientes”, explica.
Capacidades que traz para o grupo Amundi
Com a união das duas entidades, “estamos a tentar combinar o melhor de dois mundos. A Alpha Associates estava até agora presente na Europa Central e centrava-se no segmento institucional, que representa 90% da sua carteira de clientes. Graças à Amundi, “o alcance destas capacidades será global”, estendendo-se ao segmento wealth e de retalho. “Esta combinação é parte da lógica do acordo de ambas as gestoras”, um passo para “democratizar os mercados privados” e proporcionar um acesso satisfatório aos clientes de retalho, afirma Petra Salesny.
Estratégias e planos para o futuro
Em private equity cobrem todos os segmentos: desde buyout, venture, growth, special situations a fundos de impacto. A estratégia de fundos de infraestruturas centra-se em estratégias brownfield, core, core plus e value add. Em private debt: direct lending, Europa e Estados Unidos.
Em termos de distribuição geográfica da carteira, a Europa e a América do Norte representam 45%, respetivamente. Nas carteiras por medida também têm exposição em mercados emergentes, especialmente à Ásia e Europa de Leste.
Além da gestão através de fundos de fundos, oferecem serviços de mandatos por medida (SMA) para carteiras institucionais a partir de 100 milhões de euros.
Atualmente estamos a trabalhar na nossa oferta de evergreen com subscrições mensais e reembolsos trimestrais”, assinala. Lançaram recentemente um ELTIF 2.0 para o investidor de retalho com uma abordagem multiestratégia (private equity, infraestruturas e private debt) e planeiam lançar um evergreen em private equity global para instituições ao abrigo de uma estrutura UCI Parte 2.
Momento de construir
Durante estes meses, a sócia da Amundi Alpha Associates dedicou parte do seu tempo a conhecer o ecossistema Amundi, visitando clientes nos diferentes escritórios da gestora francesa para identificar as necessidades dos investidores, especialmente nos países onde a boutique não tinha presença. “Cada país tem diferentes requisitos em termos de produtos. Queremos oferecer uma oferta adaptada às necessidades dos investidores”. “É momento de construir”, afirma Petra Salesny. E, embora estes sejam tempos mais complicados para o fundraising, “isto não é novo para o mercado de private equity, o setor vive altos e baixos”. No entanto, destaca que estamos a lidar com investimentos ilíquidos e de longo prazo (há um período de investimento de quatro anos e uma vida do fundo que pode ir até 12 anos). Por isso, “não se pode fazer market timing”. A estratégia que Petra Salesny defende, e que sustenta o track record da entidade, é “investir de forma sistemática e contínua em cada colheita, diversificando entre as gestoras top quartile, em diferentes geografias, estratégias, etc. Desta forma se conseguirá um retorno atrativo”, afirma. “Se entrar hoje num fundo, estará a investir nos próximos quatro anos”, um período em que se espera uma considerável melhoria do contexto.