À primeira vista, os ETF ESG podem parecer iguais. No entanto, apresentam grandes diferenças entre si, com variações significativas nos critérios de seleção, tracking error e rentabilidade.
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À primeira vista, os ETF ESG podem parecer iguais. No entanto, apresentam grandes diferenças entre si, com variações significativas nos critérios de seleção, tracking error e rentabilidade. A UBS AM analisou mais de perto os principais ETF para ver em que diferem dos seus tradicionais índices de referência em termos de exposição, tracking error e - consequentemente - rentabilidade.
O quadro 1 apresentado pela empresa suíça mostra que muitos índices utilizados por ETF populares tendem a apresentar uma elevada diversificação e uma estreita relação com as suas versões tradicionais. “Por exemplo, mesmo nos turbulentos 12 meses que terminaram em março de 2023, o MSCI USA ESG Select Index teve um beta de 1,02 e uma correlação de 100% com o MSCI USA Index tradicional; o seu tracking error também foi inferior a 2,29%”.
O MSCI USA Select tem uma exclusão limitada (por exemplo, fabricantes de armas de fragmentação) e alguma sobreponderação de ações com elevada classificação ESG, embora tenha como objetivo igualar a rentabilidade do índice tradicional. Isto torna-o naquilo a que as gestoras chamam um índice ESG convencional. “Este tipo de índices parecem mais relevantes para os investidores que preferem evitar as exclusões de atividades mais comuns e que preferem ter um perfil de carteira com uma classificação ESG ligeiramente superior”.
Quadro 1: Comparação de alguns dos maiores ETF cotados nos EUA com os respetivos índices tradicionais

A entidade também observou que o MSCI USA Leaders Index tem um beta e uma correlação ligeiramente inferior e um tracking error próximo dos 3%, face a 2% do índice Select. “Isto confirma a descrição do índice MSCI, uma vez que sobrepondera empresas com elevadas classificações ESG e exclui a maioria das mais atrasadas”, explicam.
Uma seleção mais negativa (exclusão) e uma seleção mais positiva (sobreponderação de empresas com melhores valorizações) dão lugar a um maior tracking error e a uma maior discrepância de rentabilidade entre o índice ESG e o tradicional. “O índice Leaders parece, por isso, mais adequado para os investidores que preferem ter uma carteira com classificação ESG significativamente melhor”.
Cálculo das exposições ESG
Os investidores que tenham grandes preferências em matéria ESG podem questionar-se: qual é o grau de exposição ESG obtido através do acompanhamento dos índices ESG mais populares? O MSCI proporciona pontuações para as diferentes dimensões ESG numa escala de 0 a 10, onde 0 é a pior pontuação e 10 a melhor possível.
Quadro 2: ETF ESG norte-americanos - pontuações de sustenibilidade

Melhorias do MSCI ESG Score relativamente aos índices de referência tradicionais
No gráfico seguinte foram calculadas as melhorias na pontuação ESG dos diferentes índices em relação ao respetivo índice de referência tradicional e dividiram as dimensões E, S e G. A sua conclusão: o índice MSCI USA ESG Select é o que oferece o maior viés para uma pontuação ESG mais elevada (uma melhoria de 23% em relação ao seu índice de referência tradicional): “Curiosamente, segundo a metodologia do MSCI, passar do índice FTSE US para a versão FTSE US ESG não tem um impacto positivo na pontuação ESG global”, afirmam.
No gráfico abaixo, o que chama a atenção é o pior comportamento ESG do Nasdaq Clean EDGE Green Energy em comparação com o NASDAQ. As grandes ponderações do índice Nasdaq em tecnologia da informação são excluídas, bem como os serviços de comunicação e, em particular, estas empresas têm em média pontuações ESG muito elevadas. A Microsoft, por exemplo, tem uma pontuação ESG de 9,8 em 10. “Assim, na dimensão ESG, o Nasdaq é um índice de referência difícil”, revelam.
Quadro 3: Melhorias dos índices MSCI ESG em relação aos benchmark tradicionais

Também se observam discrepâncias entre as diferentes dimensões ESG quando as diferenças percentuais são analisadas. “A principal melhoria na dimensão ambiental pode ser alcançada ao mudar do índice MSCI USA para o MSCI USA ESG Leaders. Do ponto de vista do pilar de governance, o MSCI USA ESG Select proporciona a maior melhoria em relação ao MSCI USA”. Por último, consideram que a avaliação da dimensão social requer um conjunto diferente de perguntas e análises. “O MSCI USA Select Index oferece aqui a maior melhoria”.
Na opinião da entidade, todos os principais índices ESG oferecem melhorias substanciais na classificação de sustentabilidade em relação aos seus respetivos índices de referência tradicionais em pelo menos uma das principais dimensões. “Dada a grande correlação entre os índices ESG e os tradicionais, bem como as poucas implicações de tracking error de passar para um índice ESG convencional, parecem compensar os custos. Além disso, nenhuma das nossas conclusões se altera quando utilizamos dados da UBS Global Wealth Managemente (GWM) ou da Sustainalytics, embora as pontuações sejam, em média, ligeiramente inferiores”.
O diabo está nos detalhes
Os índices de sustentabilidade podem diferir muito, ou muito pouco, dos seus homólogos tradicionais. Em função das suas preferências e objetivos, os investidores devem realizar a correspondente análise para compreender as implicações do índice de referência para qualquer produto de investimento que escolham.
“É provável que uma maior adesão aos princípios de sustentabilidade conduza a um maior tracking error devido tanto à seleção negativa (exclusão de ativos de baixa classificação) como à seleção positiva (sobreponderação de ativos de elevada classificação). No entanto, o tracking error não é a única métrica que os investidores devem ter em conta; a exposição a fatores, os vieses por países e setores, a rotação da carteira, etc., também são considerações importantes”, indicam.
Os princípios de sustentabilidade também são diferentes para todos os investidores e não equivalem necessariamente a uma simples orientação baseada nas pontuações dos provedores que, como ponto de partida, estão escassamente correlacionadas. A escolha do provedor do índice prende-se com a quantidade de tracking error (discrepância de rentabilidade entre o índice ESG e o tradicional) a ter em conta na hora de elaborar um índice de referência. Os investidores em índices ESG devem estudar os detalhes antes de comprar.