Ano complicado para os mercados emergentes. Para além dos desafios gerais de uma pandemia, atrasos nas cadeias de abastecimento e aumento dos preços das matérias-primas e consequente inflação, têm de lidar com nuvens de incerteza específicas de cada região. Viveram a vitória eleitoral dos candidatos populistas no Peru ou os problemas de gestão do desgaste sanitário por causa da COVID no Brasil, ou na Índia. Mas talvez o mais notável seja a crescente pressão regulatória na China, com alterações que afetam os sectores da educação, habitação e videojogos. E isto está a refletir-se nas valorizações. Existem mercados, tais como o das ações chinesas, que até entraram em território de correção técnica (queda superior a 20%).
Os fluxos são também um bom espelho deste apetite adormecido. No final de setembro, pouco mais de 9,43 mil milhões de euros (fundos de investimento e ETF) tinham fluído para a categoria Morningstar Global Emerging Markets Equity. Um dado que está de acordo com as entradas tímidas que, historicamente, têm caracterizado os mercados emergentes, mas não se compara ao grande ano para categorias Global Large-Cap Equity (captações de quase 142 mil milhões) ou Sector Equity Technology (22,3 mil milhões).
Para além do ruído
Mas o ruído de curto prazo é algo pouco preocupante para os gestores desta análise. Selecionámos para esta análise os fundos na categoria Global Emerging Markets Equity com Selo FundsPeople 2021 em Portugal, Espanha e Itália que têm a pontuação de sustentabilidade mais alta segunda a Morningstar (Portfolio Sustainability Score). Embora cada fundo traga a sua própria visão aos mercados emergentes, existem semelhanças nas suas filosofias. Principalmente, uma predominância por negócios de qualidade. Ou seja, empresas com perspetivas de crescimento de lucros sustentáveis e que mantêm um balanço sólido, tal como definido pelos gestores do Candriam Sustainable Equity Emerging Markets. E há uma razão para este viés para a qualidade. Para a equipa da Candriam, tais empresas estão posicionadas para beneficiar das megatendências estruturais do futuro.
"O nosso estudo interno dos mercados mostra que os investidores tendem a ter uma reação insuficiente ao retorno das empresas. Não reconhecem a persistência do retorno que pode levar a empresas altamente rentáveis a conseguirem melhores resultados", argumentam os gestores do JPMorgan Funds Emerging Markets Equity Fund. É uma filosofia com a qual os gestores do Vontobel Fund mtx Sustainable Emerging Markets Leaders concordam. "O maior impulsionador do preço das ações de uma empresa é a sua capacidade de investir de forma rentável", defendem.
Mas dada a inevitabilidade do ruído e da volatilidade, os gestores concordam que devem andar de mãos dadas com apostas de qualidade e com um horizonte temporal longo. "Tendo esse profundo conhecimento das empresas em que investimos, podemos estar mais confiantes da nossa convicção", explica o gestor do Allspring (Lux) WF Emerging Markets Equity Fund.
Aproveitar as quedas
No final, é isto que permite aos gestores procurar oportunidades quando a volatilidade abre portas. E este é outro sentimento generalizado: as correções recentes são uma boa janela para os investidores. É o caso do Federated Hermes Global Emerging Markets Fund. O gestor concentra-se em ideias atrativas a longo prazo, tais como tecnologia B2B, SaaS, 5G, cloud, digitalização e biologia como áreas preferenciais, dados os riscos regulamentares limitados, e alinhamento com a agenda de localização/autossuficiência da China.
Encontrar boas ideias, mas também posicionar-se para evitar riscos. E uma das nuvens mais citadas pelos gestores é a inflação. O aumento dos preços, especialmente nas matérias-primas, penaliza significativamente algumas economias emergentes... mas é também um vento favorável para outras. É o caso da América Latina, Médio Oriente, África do Sul e Rússia, segundo a equipa do Nordea 1 Emerging STARS Equity Fund. Reconhecem que estão a aumentar a sua exposição a esta parte do mundo investindo em empresas de matérias-primas. Desde que cumpram as suas normas ESG, é claro.
Analisamos seis fundos de ações emergentes com Selo FundsPeople que contam com as mais altas pontuações de sustentabilidade de acordo com a Morningstar.
Abaixo estão mais informações sobre os fundos selecionados:
Candriam Sustainable Equity Emerging Markets: megatendências sustentáveis em mercados emergentes.
Dois focos definem a filosofia de investimento do Candriam Sustainable Equity Emerging Markets. Primeiro, a seleção de empresas com perspetivas de crescimento sustentáveis dos seus lucros e que mantêm um balanço sólido. (Continuar a ler)
Federated Hermes Global Emerging Markets Fund: à procura de vencedores estruturais nos mercados emergentes
O resultado de uma abordagem de longo prazo que procura identificar os vencedores das mudanças estruturais nas economias emergentes. (Continuar a ler)
JPMorgan Funds Emerging Markets Equity Fund: disciplina de capital e alta qualidade emergente
A filosofia do JPMorgan Funds Emerging Markets Equity Fund baseia-se na premissa de que os mercados emergentes, precisamente devido ao seu estatuto de desenvolvimento, são inerentemente ineficientes e mais voláteis do que os mercados desenvolvidos. (Continuar a ler)
Nordea 1 Emerging Stars Equity Fund: compromisso e análise fundamental proprietária
Esta é a estratégia de emergentes core da gama STARS da Nordea AM. O objetivo do Nordea 1 Emerging STARS Equity Fund é o de identificar os vencedores de amanhã. (Continuar a ler)
Vontobel Fund mtx Sustainable Emerging Markets Leaders: disciplina e foco ESG.
Disciplina e foco. Estas são, nas palavras dos gestores, os dois motores por detrás do Vontobel Fund mtx Sustainable Emerging Markets Leaders. (Continuar a ler)
Allspring (Lux) WF Emerging Markets Equity Fund: qualidade a um preço atrativo
A carteira nasce, em primeiro, de uma seleção bottom-up, muito centrada em negócios de alta qualidade. Só então, após esse primeiro filtro, são analisadas as avaliações. (Continuar a ler)
