Análise FundsPeople 2021: fundos de obrigações high yield

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Créditos: Joseph Greve (Unsplash)

A política acomodatícia seguida pelos bancos centrais na luta contra os efeitos do coronavírus, a recuperação económica provocada pela campanha de vacinação maciça e o regresso à normalidade que ela permitiu, têm sido terreno fértil para o universo de high yield.

No contexto de taxas a 0% e de elevada inflação, que deixam as yields reiais em muitas classes de rendimento fixo em terreno negativo, os apoios em que o mercado de dívida de high yield tem confiado já não são tão fortes como eram no início do ano. Isto, juntando com o estreitamento dos spreads e as altas valorizações, levou a que muitos se questionassem se o high yield ainda tinha algum caminho por percorrer.

A seu favor está o facto de, por enquanto, o risco de crédito continuar a ser favorável. Como explica a gestora UBP, “as expetativas de incumprimento apontam para níveis inferiores à média: menos de 1% em 2021, quando a média histórica de longo prazo se situa em 3,6% nos EUA”. E espera-se que este risco de default se mantenha sob controlo, desde que o caminho de recuperação iniciado há um ano com as notícias da primeira vacina COVID-19 não seja dramaticamente invertido.

Onde está o risco

De facto, a Janus Henderson Investors adverte que o surgimento de novas variantes ou um aumento acentuado nos casos que conduzam a um novo confinamento “poderá ter um maior impacto na dívida high yield, causando um abrandamento do crescimento mundial e uma deterioração dos fundamentos empresariais, bem como levar a um declínio na confiança dos investidores na classe de ativos”. Algo que, até ao momento, não aconteceu, já que os fluxos trimestrais para fundos globais de high yield que se vendem na Europa têm sido positivos desde abril de 2020, segundo dados da Morningstar.

O outro grande risco enfrentado pelo rendimento fixo em geral, e pelo high yield em particular, é que esta inflação transitória acaba por se tornar num problema que obrigue os bancos centrais a subir as taxas prematuramente. “A acelaração do ambiente económico poderia conduzir a um aumento da inflação e a uma postura mais dura por parte dos bancos centrais mundiais, o que provocaria um aumento do preço do dinheiro. Até agora, a volatilidade das taxas de juro têm tido pouco impacto nos spreads, mas continua a ser um risco significativo no futuro”, afirma a T. Rowe Price.

Dada a possibilidade de alguns destes riscos se materializem, o que estamos a começar a ver entre os gestores dos fundos selecionados de obrigações globais de high yield para esta comparação é uma redução do risco que estão a assumir nas suas carteiras.

E uma das formas mais populares é reduzir a exposição aos mercados emergentes, especialmente à China. “As nossas carteiras reduziram a sua exposição ao setor imobiliário chinês à medida que as incertezas sobre potenciais erros políticos se tornaram mais evidentes”, afirma Justin Jewell, gestor do BlueBay Global High Yield Bond Fund.

A mesma decisão foi tomada por Tom Ross, gestor do Janus Henderson Horizon Global High Yield Bond Fund, porque “embora as valorizações neste segmento sejam atrativas, reduzimos o risco, pois acreditamos que os ativos imobiliários chineses continuarão a ser voláteis e poderão acentuar a sua fraqueza”.

A outra forma de reduzir o risco nas carteiras tem sido aumentar a qualidade de crédito das emissões em que investem. “Favorecemos os players BB de maior qualidade, que reforçámos recentemente. Após um ano de compressão no mercado high yield, acreditamos que os BB oferecem um valor atrativo em relação aos mercados de investment grade e CCC numa base ajustada ao risco”, afirma Thomas Joret, gestor da Candriam.

“Temos estado sobreexpostos aos créditos com classificação B, já que esperávamos e continuamos a esperar uma compressão dos spreads entre as notações”, afirma a equipa de gestão do BGF Global High Yield Bond, que também sobrepondera os mercados desenvolvidos aos mercados emergentes.

Embora o cenário encoraje a ser mais seletivo do que no passado, e mais flexível de modo a adaptar-se a ambientes de mercado em mudança, segundo Thomas Joret, isso não significa que o high yield tenha esgotado todo o seu potencial, especialmente em comparação com outros tipos de rendimento fixo. “Desconfiamos das atuais ajustadas avaliações no mercado de high yield, tanto em termos de yields como de spreads. No entanto, em termos relativos, acreditamos que oferecem um bom carry face a outras classes de rendimento fixo num ambiente de baixa taxa de juro”, explica o gestor da Candriam.

Fundos

A seguir, explicamos quatro fundos de obrigações high yield selecionados por contarem com Selo FundsPeople em 2021 em Portugal, Espanha e Itália que, para além disso, tiveram fluxos líquidos positivos no último ano.

FundoEntidade gestoraSelo Portugal
BlackRock Global Funds - Global High Yield Bond FundBlackRockB
BlueBay Funds - BlueBay High Yield Bond FundBlueBayC
Candriam Sustainable Bond Global High YieldCandriamBC
T. Rowe Price Funds SICAV - Global High Yield Bond FundT. Rowe PriceC

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