Andrea Delitala (Pictet AM): “A situação justifica uma abordagem mais tática”

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Andrea Delitala. Créditos: FundsPeople

Em 2022, Andrea Delitala, diretor de Multiativos da Pictet AM e gestor do Pictet Multi Asset Global Opportunities (MAGO), fundo com Rating FundsPeople 2022, previu a eliminação gradual do apoio financeiro maciço 2020-2021, mas não a caótica comunicação dos bancos centrais, com condições financeiras mais restritas, o que criou uma volatilidade desenfreada. De facto, o início de 2022 pode ser descrito como um período em que os investidores não tiveram onde se esconder. “É preciso ter em conta que a mudança do ritmo dos bancos centrais, com exceção do japonês, foi determinante para toda a classe de ativos. Decretaram o fim da repressão financeira, com uma contração sem precedentes do excesso de liquidez, abraçando a luta contra a inflação, apesar da natureza predominantemente exógena da mesma”, reconhece o especialista.

Na sua opinião, a situação justifica uma abordagem mais tática, ao entender que os riscos e as oportunidades se desenvolvem a um ritmo mais rápido do que o habitual. “Com os atuais prémios de risco, as ações não estão caras, a menos que os lucros esperados sejam dececionantes, o que é possível. De todas as formas, as previsões do aumento de 10% dos lucros atuais devem-se, sobretudo, à energia e às matérias-primas, sendo os lucros muito menores noutros setores”, afirma.

Posicionamento atual

No início de setembro, a sua exposição a ações estava ligeiramente acima dos 20%, abaixo da sua posição neutral de 30% e enviesada para growth de alta qualidade a longo prazo, como energias limpas e infraestruturas, que considera melhor situadas num ambiente inflacionista.

No que concerne as obrigações, estão a aumentar posições na parte curta e média da curva de yields da dívida europeia, na sua maioria obrigações da Comissão da UE. “Aqui o mercado parece descontar um agressivo ciclo de ajuste monetário”. Além disso, mantém proteções consideráveis em crédito, investment grade e high yield. “No caso de uma recessão, vemos um papel diversificador nas obrigações dos Estados Unidos”.

Combinação de prémios de risco

De acordo com o gestor, os produtos multiativos implicam um elevado grau de confiança entre investidor e gestor, dada a liberdade deste para investir de forma flexível em todas a classes de ativos. “O Pictet MAGO situa-se no lado conservador, como alternativa às obrigações flexíveis e aos fundos equilibrados, sendo altamente tático para preservar capital, sem perder oportunidades de avaliações. Procura alcançar o rácio de Sharpe máximo para uma volatilidade máxima de 5%, que costumava prevalecer em estratégias prudentes de obrigações. Para isso, investe globalmente numa ampla gama de ativos e instrumentos, combinando prémios de risco e cobertura”, explica.

A equipa inicia com as perspetivas económicas de 12 a 18 meses, sendo 80% da rentabilidade atribuível a esta análise e aos cenários, em comparação com o que desconta o mercado, desafiando o consenso. Seguem-se os fatores de risco mais importantes e as mudanças de regimes de correlação. Cada posição proporciona rentabilidade ou protege e estabiliza a carteira. Na sua posição neutral tem 30% de exposição a ações e 70% a obrigações. “A médio prazo demonstrou ser eficaz para limitar as quedas, como na crise de 2018 devido à COVID-19. A sua rentabilidade anual nos últimos cinco anos foi de 4,93% com uma volatilidade de 4,68%”, sublinha.