No ING IM consideram que as actuais mudanças empurraram a economia global para um enquadramento mais saudável e os mercados optaram por um regime mais direccionado para o crescimento.
“Apesar dos decepcionantes dados, os mercados são resistentes”. Isto, segundo o ING Investment Management, pode dever-se ao facto dos investidores terem tomado consciência de que o pico do ajuste fiscal está bem atrás de nós. Neste sentido, na gestora holandesa, consideram que um foco mais equilibrado por parte dos responsáveis políticos poderá ter consequências positivas no crescimento durante um ou dois anos. “O nosso cenário base é que a actual crise da economia global é temporário”. Porquê?
"Em primeiro lugar, porque os bancos centrais vão continuar a fazer o que for possível para estimular a economia. Em segundo lugar, a baixa de preço das ‘commodities’ será benéfica para os lucros reais. E, por último, porque o pico do ajuste fiscal está mesmo atrás de nós. Evidentemente, ainda são necessárias reformas económicas, mas os responsáveis das políticas económicas da Zona Euro começaram a aperceber-se que reformar a economia não é o mesmo que centrar-se na poupança", explicam num artigo.
Um dos principais problemas da Zona Euro é que o mecanismo de crédito não funciona correctamente. Isto é especialmente grave no caso das PME em países como (Portugal) Espanha e Itália, onde é praticamente impossível conceder financiamento a esse tipo de empresas. Simultaneamente ao corte de taxas aplicado no passado dia 2 de Maio (para 0,5%), o BCE prometeu liquidez para pelo menos mais 14 meses (até Julho de 2014). O BCE também anunciou que iniciou a consulta com outras instituições europeias para desenvolver uma série de políticas para fazer face aos problemas das pequenas empresas dos países periféricos.
O presidente da autoridade monetária europeia, Mario Draghi, surpreendeu os mercados ao afirmar que "tem a mente aberta" para taxas de juros negativas, por meio das quais, se cobraria aos bancos para depositar o seu dinheiro junto do BCE. Em resposta, a rendibilidades das obrigações caiu. No caso de Itália, as obrigações a dois anos caíram para níveis inferiores a 1%. "Enquanto o BCE fez todos os esforços para salvar o euro no ano passado, este ano está a fazer todo o possível para reanimar a economia. Neste sentido, Draghi está a beneficiar da baixa de preços das ‘commodities’ assim como dos sinais de mudança na agenda de austeridade", afirmam os analistas do ING IM.
“O cenário leva-nos a favorecer os activos de risco”
Com a emergência de alguns brotos verdes, ainda frágeis, provenientes da equação política, na gestora consideram que os investidores devem estar alerta para a possibilidade de que as actuais mudanças tenham empurrado a economia global para um enquadramento mais saudável e os mercados tenham optado por um regime mais orientado para o crescimento. "Isto leva-nos a continuar positivos para activos de risco (acções e imobiliário). Além disso, estamos atentos para um possível aumento das posições de risco sempre que se confirme a direcção das políticas monetárias e as mudanças de comportamento dos investidores sejam visíveis".