Na Europa, as empresas de pequena capitalização tiveram um retorno inferior ao do segmento das de grande capitalização em 2022 e 2023, quando o BCE estava a aumentar as taxas de juro. No entanto, desde o início deste ano que o equilíbrio tem favorecido as small caps. Será uma coincidência ou devemos esperar que o fim da política restritiva do BCE dê um novo impulso ao segmento de empresas de pequenas capitalização? Se assim for, quais são as principais razões por detrás desta tendência?
Como afirma Bart Geukens, gestor de Small Caps Europeias na DPAM, “as small caps crescem a um ritmo mais rápido do que as big caps devido à sua capacidade para duplicar receitas mais facilmente”. Após um longo período de retornos superiores, as pequenas capitalizações europeias tiveram um retorno significativamente inferior em comparação com as de grande capitalização europeias desde setembro de 2021, devido a uma política monetária mais restritiva causada pela inflação.
A guerra na Ucrânia e o subsequente medo do crescimento e da inflação também não ajudaram esta classe de ativos. Para prosperarem, as empresas de pequena capitalização precisam de condições económicas saudáveis, um baixo stress financeiro, um bom acesso ao crédito e uma determinada apetência pelo risco, é o argumento de Bart Geukens.
Diversidade entre as small caps europeias
As small caps europeias são um universo muito diverso, com fallen angels (big caps que caíram para o universo de small caps), small caps eternas (alcance de mercado limitado/potencial de crescimento limitado) e estrelas em ascensão, acrescenta Bart Geukens. Embora muitas small caps europeias tenham uma presença geográfica ampla e as mesmas regras da UE se apliquem a todas estas empresas, aquelas com um viés local podem ver-se afetadas pela legislação local e pelos incentivos (ou desincentivos) do mercado.
“Antes de investirmos em small caps, reunimos com a administração para nos assegurarmos de que não há problemas de gestão e de que as empresas estão bem orientadas”, assinala o especialista. Em termos de países, as small caps italianas têm sido as claras vencedoras até agora este ano, com uma exposição relativamente maior aos setores financeiro, energético e de materiais, “todos os quais tiveram um excelente desempenho”, assinala. Enquanto as small caps alemãs têm sido as claras perdedoras, visto que a Alemanha está mais exposta aos setores industriais, de meios e materiais, e é o mercado mais dependente do impulso económico chinês, que tem estado debilitado durante muito tempo.
Valorizações atrativas que oferecem oportunidades
O especialista acrescenta que as small caps sofreram uma subvalorização relativa nos últimos três anos, enquanto os lucros relativos se mantiveram bastante bem em comparação com as big caps europeias. “Isto conduziu a uma desvalorização do índice de mais de 20% em comparação com as empresas de grandes capitalização e, na minha opinião, a uma subvalorização significativa das pequenas capitalizações”.
Neste contexto, Bart Geukens assinala que “as small caps estão a negociar com o maior desconto, em comparação com as big caps, desde a grande crise financeira de 2009”. Esta perspetiva a longo prazo pode ser fundamental para aproveitar as oportunidades que as atuais valorizações do mercado das small caps apresentam, conclui o gestor.