As abordagens ESG de três entidades gestoras nacionais

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Créditos: Suganth (Unsplash)

Pode ler-se no EFAMA Factbook 2021 que "o investimento em ESG e dos fundos ESG está a ganhar força, com diferentes empresas a aderirem ao UN-PRI e/ou a fornecer fundos ESG, incluindo veículos de poupança-reforma do segundo pilar e do terceiro pilar". Em números, relevam no relatório, os produtos ESG, RI ou Sustentáveis, disponíveis para investidores de retalho, "totalizaram mais de 400 milhões de euros sob gestão até ao final de 2020".

Efetivamente, o profissional Rui Nunes, responsável de ações na Caixa Gestão de Ativos, e Amanda O’Toole, gestora de fundos na AXA Investment Managers, estiveram recentemente à conversa, em forma de podcast, sobre o investimento em economia limpa, mas também sobre os méritos e os drivers do ESG. Nessa conversa foi possível perceber a necessidade para as entidades gestoras e distribuidoras de incorporarem, de alguma forma, abordagens ESG ou ISR na sua gestão ou oferta

Face a esta necessidade, a FundsPeople procurou saber um pouco mais, desta vez junto de três entidades nacionais. Questionámos, nomeadamente, a IM Gestão de Ativos, a BPI Gestão de Ativos e a ABANCA como se estruturavam atualmente as suas abordagens ESG e como a perspetivavam para daqui a dois anos.

Ambição com modelo próprio

Nesse sentido, David Afonso, gestor na IMGA, começa por introduzir que atualmente possuem um fundo com compromissos ESG explícitos. Talvez até já saiba de qual estamos a falar, estando ele posicionado acima da média no Morningstar Sustainability Rating: o IMGA Iberia Equities ESG

No entanto, a abordagem de investimento ESG por parte da IMGA não fica por apenas este produto. Nos restantes fundos “a abordagem é de incorporação dessa vertente na visão da global da equipa de investimento do binómio risco/retorno das empresas”, explica. De facto, a crescente importância dos critérios ESG faz com que seja imperativo a inclusão da análise desses aspetos, “de forma a obter uma visão holística das potencialidades e riscos globais que as empresas enfrentam”, acrescenta. 

Além disso, revela que estão a trabalhar num modelo próprio “que permita a atribuição de avaliações ESG”. Desta forma, a equipa pode selecionar os critérios que considerar mais relevantes “e para os quais se considera que uma especial atenção deve ser dada”, assinala o profissional. Nesse contexto, conclui ao referir que a equipa espera incorporá-lo num futuro próximo. 

Três pilares fundamentais para o sucesso

Por outro lado, Jorge Sousa Teixeira, CFA, administrador na BPI GA, diz que a abordagem da BPI Gestão de Ativos assenta em três pilares fundamentais

“O primeiro consiste na incorporação de fatores ESG nos processos de análise de investimentos e na tomada de decisão, complementando os critérios financeiros tradicionais”, assinala. O profissional continua e afirma ainda que a incorporação de fatores ESG são em função da sua materialidade para cada classe de ativo, “sendo que os processos são melhorados através da informação fornecida pelos nossos provedores de informação ESG e ISR, que são incorporados em scorecards e dashboards desenvolvidos e alimentados internamente”, acrescenta. 

Por sua vez, o segundo pilar, “assenta no envolvimento de longo prazo nas empresas em que investimos, participando ativamente nas suas decisões de governo através do voto”, coloca. 

Por fim, relativamente ao terceiro pilar, o profissional apresenta que este “consiste no envolvimento com as mesmas, tendo por base o diálogo relativo a matérias ESG controversas realizado diretamente com as empresas, colaborativamente ou através do outsourcing de serviços especializados em diálogos relativos à violação de tratados internacionais”.

É de notar que, no início deste ano, a BPI GA era a entidade gestora que mais estratégias posicionava nos dois níveis superiores do Morningstar Sustainability Rating

Relação análise quantitativa/qualitativa

Já por parte do ABANCA, Hugo Freitas, responsável pela equipa de Investimentos, comenta que “por meio do modelo de investimento Alpha360, a análise ESG na seleção de fundos combina a análise quantitativa, por meio de fornecedores externos, com a análise qualitativa da equipa de investimento”. 

Nesse sentido, Hugo Freitas explica que o objetivo não é apenas selecionar fundos com boas métricas ESG, mas também perceber “como esses critérios afetam a tomada de decisões, a sua importância no processo de investimento e o comprometimento dos gestores em melhorar essas métricas”. 

Para o futuro, o profissional acredita que o promover de implementação de critérios ISR será fundamental para contribuir positivamente para os ODS.