As ações portuguesas com mais peso nas carteiras dos fundos nacionais nos últimos 15 anos

Photo by Dennis Flinsenberg on Unsplash

Embora não estejamos perante máximos históricos na Bolsa de Lisboa, pode ser interessante recuar até 2005 e observar como evoluíram ao longo de 15 anos as ações com mais peso na carteira agregada dos fundos domiciliados em Portugal. Neste contexto, procurámos observar o panorama da exposição das ações nacionais nos fundos portugueses no fecho dos anos 2005, 2007, 2010, 2015 e 2020.

Durante os anos em análise e nos períodos específicos considerados, apenas em duas situações um título representava mais de 10% do total de ativos investidos em ações nacionais e, em apenas um único momento, uma ação representou uma percentagem maior de 25% do total de ativos investidos em ações nacionais. 

Adicionalmente, à medida que os anos foram evoluindo, também o título com mais peso na carteira agregada dos fundos nacionais se foi alterando. Isto é, em 2005 os fundos portugueses aplicavam maior valor em ações da EDP (8,5%) e dois anos depois, em 2007, esse valor investido na EDP diminuiu num ponto percentual e passou a ser a empresa energética GALP a empresa cotada nacional que atraiu mais investimento dos gestores nacionais (11%). Em 2010 foi a vez do BES dominar na carteira agregada dos fundos portugueses e, em 2015, chega a vez da SONAE SGPS ser a empresa nacional com maior peso nas carteiras dos fundos (9,5%). Por fim, já no ano de 2020, a ação com maior preponderância nos fundos portugueses voltou a ser a EDP, representando 10,2% do total investido. 

Sinteticamente, em cada coluna estão apresentadas as 10 empresas nacionais com mais peso nas carteiras agregadas dos fundos nacionais. Ainda exposta está a percentagem do total investido pelos fundos nas restantes empresas do PSI20. Assim, conseguimos analisar que - dos períodos considerados - foi no ano da pandemia que os fundos nacionais menos dinheiro alocaram nas restantes empresas cotadas no PSI20 e, portanto, mais dinheiro nesse top 10 (26,8%). Em oposição, foi em 2007 - pouco antes do eclodir da grande crise financeira - que se verificou maior percentagem de investimento nas restantes empresas portuguesas (39,4%) do PSI20 e desse modo, menos valor investido no top 10 de empresas que detinham mais peso nas carteiras. 

A ação do Banco Comercial Português foi a que, dos cinco períodos em análise, sempre constou entre as 10 empresas nacionais que mais peso detinham nas carteiras agregadas dos fundos. A SONAE SGPS também não fica para trás e, dos cinco anos observados, a empresa figura em quatro dos períodos analisados nesse top 10. 

Focando a atenção no ano de 2020, é de notar ainda o facto da Altri e da REN fecharem o ano com um peso nas carteiras dos fundos nacionais superior a 7%, sendo que em 2015, estas duas empresas não constavam entre o top 10 de empresas nacionais que detinham mais valor investido nas carteiras dos fundos. 

Assim, as 10 ações portuguesas que fecharam 2020 com mais peso nas carteiras dos fundos nacionais foram a EDP (10,2%) ALTRI SGPS (8,7%), SONAE SGPS (8,3%), BCP (7,7%), Navigator Company (7,1%), REN (7%), NOS (6,8%), Jerónimo Martins (6,8%), Corticeira Amorim (5,6%) e EDP Renováveis (5,1%). 

As ações portuguesas com mais peso nas carteiras dos fundos nacionais nos últimos 15 anos

Anos20202015201020072005
 % Total% Total% Total% Total% Total
EDP10,2%  7,5%8,5%
ALTRI SGPS8,7%    
SONAE SGPS8,3%9,5% 7,9%8,1%
BCP7,7%8,2%3,1%5,7%6,7%
Navigator Company (Portucel)7,1%6,5%   
REN7,0%    
NOS6,8%5,4%   
Jerónimo Martins6,8%5,3% 3,8% 
Corticeira Amorim5,6%4,6%   
EDP Renovaveis5,1%8,4%   
GALP 7,8%7,4%11,0% 
CTT 6,3%   
Banco BPI 7,0%  5,2%
SEMAPA  6,3% 7,6%
BES  24,6%3,5% 
ZON  6,5%  
SONAECOM  4,5%  
BRISA  4,3%5,7%5,6%
CIMPOR  3,9%6,6% 
Portugal Telecom  4,1%3,2%7,1%
Espírito Santo Financial Group  4,5%  
PT Multimedia   5,7%5,8%
Mota Engil    4,2%
NOVABASE    3,8%
Outras26,8%31,0%30,8%39,4%37,4%
Total Ações Nacionais100,0%100,0%100,0%100,0%100,0%
Fonte: Dados retirados da CMVM