As cinco diferenças entre os ETF sectoriais que se compram na Europa e os que se compram nos EUA

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@Doug88888, Flickr, Creative Commons

A Europa não é o mesmo que os EUA. Também não são iguais aos seus mercados de valores e, portanto, também não são iguais às preferências dos investidores no momento de escolher um ou outro sector onde investir. Uma forma de ver em que se parecem os investidores e em que diferem dependendo de que lado do Atlântico se encontram é nos fluxos dos fundos. A gestora State Street publicou recentemente os fluxos que os ETF sectoriais experimentaram em 2019, em particular, no mês de novembro e os resultados consistem em muita informação sobre as diferentes visões de mercado e também da própria economia, que têm os investidores europeus e americanos.

Dos 11 sectores que a gestora americana analisa, há seis coincidentes e cinco divergentes. Da meia dúzia que coincidem há um que se destaca em relação aos restantes e esse não é outro senão o sector do real estate já que os ETF deste sector são os que mais fluxos positivos acumulam no ano em ambas as praças. Não obstante, esse é o conjunto do ano já que como explica Rebecca Chesworth, estratega chefe de sectores e agora também ESG da State Street, “ainda que os REITS e as empresas que operam propriedades tenham tido um bom desempenho este ano, apesar da sua baixa correlação com outros ativos, as suas propriedades estão a começar a colher os lucros já que veem menos necessidade das qualidades defensivas proporcionadas por este sector”.

Na outra face da moeda, se fosse necessário escolher os três sectores que geram as maiores dispersões, esses seriam os da tecnologia, industria e materiais, o que não é de estranhar tendo em conta o peso que estes sectores têm nos mercados de valores americanos, no primeiro dos casos, e europeus no segundo. Além disso, outra das grandes diferenças vê-se na perspetiva que cada um dos mercados tem a respeito do sector da saúde: muito negativa nos EUA e positiva na Europa, pelo potencial dos resultados empresariais do sector.

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Não obstante, segundo explica Chessworth, está a começar a ver-se uma tendência geral entre os investidores face a 2020 que implica uma mudança de sentimento de mercado em direção aos sectores mais cíclicos em detrimento dos mais defensivos, sobretudo a nível institucional. “Nos últimos dois meses, fomos testemunhas da crescente confiança dos investidores institucionais para comprar uma ampla gama de ativos de risco. Começamos a observar uma rotação de posições defensivas em direção a valores cíclicos, ainda que a diferentes velocidades conforme a região”, afirma a especialista.

O reposicionamento sectorial para dar esse passo não foi o mesmo entre os investidores europeus e os americanos. Por exemplo, enquanto os investidores institucionais americanos optaram por rodar posições em sectores com um perfil value como o da energia ou das financeiras, na Europa o investidor continua a favorecer os temas que favoreceram a longo prazo com um perfil defensivo, como os sectores da saúde e do imobiliário. Continuaremos a observar como as recentes notícias sobre as disputas tarifárias, projeção de resultados empresariais, etc., influenciarão a rotação sectorial das carteiras de investimento”, aponta Chessworth.