As empresas no centro da dinâmica da sustentabilidade

Beryl BOUVIER OFI Positive Impact

Mais e mais valor pode ser desbloqueado no mundo para criar mais positivismo, e podemos fazê-lo com rentabilidade e performance”, exclama Béryl Bouvier, da OFI Asset Management numa conversa com a FundsPeople acerca do conceito que descreve como o “investimento responsável de nova geração”: o investimento de impacto. 

A gestora do OFI Fund Positive Economy explica o quanto esta abordagem vai além de formas mais tradicionais de investir de forma responsável, focando no objetivo de impacto, além do processo. “A economia positiva oferece uma forma de suportar e capturar as oportunidades económicas nos negócios sustentáveis. Mais de 12 biliões de dólares de oportunidades de mercado podem ser geradas todos os anos a partir do final desta década como resultado do alinhamento dos governos e empresas com objetivos de sustentabilidade”. 

No entanto, a abordagem não é simples nem fácil, e mais do que ter um objetivo, para a profissional, é importante conseguir medir o impacto das decisões que se tomam nesse sentido. “É muito importante para nós ter a resposta a duas questões: o que faz a empresa e como posso medir o impacto das suas decisões. As métricas de investimento de impacto podem diferir significativamente com base no que a empresa faz. Dependendo do âmbito da empresa, o impacto pode advir tanto das emissões de CO2 poupadas na gestão eficiente de resíduos, como do número de pessoas com algum tipo de vulnerabilidade que têm acesso a um programa de saúde”. 

As empresas no centro da dinâmica da sustentabilidade

Na prática, no processo de investimento, tomam como referência todos os objetivos de desenvolvimento sustentáveis (SDG) definidos pelas Nações Unidas e selecionam as ações de empresas que se destacam na sua “capacidade para produzir um impacto social ou ambiental”. “Somos crentes de que a economia positiva será a resposta para um crescimento mais positivo e sustentável. As empresas, e as empresas cotadas em particular, estão no centro desta dinâmica através dos seus potenciais contributos positivos. Os produtos, os serviços e as novas soluções que vão ajudar trazer um impacto positivo no sentido de atingir os SDG”. Assim, temas como a economia circular, energias renováveis, alimentação saudável, educação, entre os muitos outros contemplados, fazem parte do dia a dia da equipa de Béryl Bouvier e são parte integrante do processo de investimento. 

O reforço da pandemia

E a pandemia que alastrou pelo mundo em 2020 veio provar o quanto as abordagens ESG e ISR são mais do que apenas uma forma de canalizar valores no investimento. São também uma forma de impulsionar a performance. “O que o COVID mostrou é que a qualidade de uma empresa é maior quanto mais integram os fatores ESG. Uma boa empresa é uma empresa que gere um bom negócio com base em boas práticas. E mais do que o tema do impacto no clima, a pandemia trouxe para cima da mesa a questão social e do capital humano. O propósito de uma empresa é cada vez mais importante e os investidores estão a prestar atenção ao papel que estas desempenham na relação com todos os stakeholders. A relação com os empregados, com os fornecedores, com o estado…”, comenta. 

Finalmente, a profissional da entidade gestora francesa aborda a questão da falta de uniformidade da informação disponível e o greenwashing que alastra no mercado. “Precisamos verdadeiramente de regulação que estabeleça o que é uma metodologia adequada e relevante, e que estimule a transparência no que se refere aos processos e indicadores seguidos na gestão de portefólios e seleção de valores”, conclui.