As melhores ideias das entidades internacionais em gestão alternativa para 2018

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Sitoo, Flickr, Creative Commons

Num contexto em que as ações subiram muito e em que as obrigações podem entrar num ponto de inflexão perante as mudanças de política monetária por parte dos principais bancos centrais, para os investidores, diversificar as carteiras com fundos de gestão alternativa passou de ser uma opção para ser uma obrigação. E é aqui que os clientes estão mais atentos ao que as gestoras internacionais lhes poderão propor, gestoras essas que têm vindo a reforçar as suas gamas de produtos de gestão alternativa. Algumas fizeram-no adquirindo boutiques especializadas na gestão de fundos alternativos. Outras, realizando um importante esforço em matéria de inovação ou contratando equipas especializadas com um bom track record na gestão destes produtos.

A fidelidade do investidor do fundo está intimamente vinculada aos resultados conseguidos. Sendo estratégias com objectivos de rentabilidade que nem sempre são cumpridos, nem sempre é fácil manter o cliente satisfeito. Como nos anos anteriores, a Funds People realizou um inquérito entre os responsáveis de diversas gestoras internacionais sobre as ideias que propõem em gestão alternativa para enfrentar 2018. Por ordem alfabética apresentamos qual é o produto eleito por cada responsável, os motivos da eleição e uma breve descrição da filosofia do fundo:

Marta_Mari_nA recomendação de Marta Marín para enfrentar o próximo ano é um produto proveniente da gama Pioneer Investments, adquirida pela Amundi: o Pioneer Funds -  Absolute Return Multi-Strategy. Segundo indica a diretora geral da Amundi para a Península Ibérica, trata-se de um fundo que procura gerar retornos estáveis com uma baixa volatilidade em todo o ciclo de mercado. “Investe numa ampla gama de classes de ativos, tanto tradicionais como alternativos, em estratégias direcionais e não direcionais. O processo conta com uma gestão rigorosa do risco, que assenta em quatro pilares de investimento (macro, coberturas macro, estratégias satélite e seleção) de acordo com um orçamento de risco e que procura uma diversificação efetiva. É um fundo que pode melhorar o perfil de rentabilidade e risco de uma carteira multi-ativos”, enfatiza Marín.

Beatriz Barros de Lis AXAA estratégia de gestão alternativa selecionada por Beatriz Barros de Lis perante o próximo ano é o Axa WF Multi-Premia. “Com um património de 1.000 milhões de dólares e gerido pela AXA IM Chorus, a equipa de investimento da empresa em Hong Kong, este é um fundo com um enfoque líquido e diversificado que procura oferecer aos investidores rentabilidades ajustadas ao risco constantes e sem correlação com as classes de ativos tradicionais. Conseguem-no mediante a seleção, procura constante e combinação de factores. O nosso objectivo com esta nova estratégia é proporcionar aos clientes rentabilidades ajustadas ao risco atrativas, transparentes e com liquidez. A estratégia investe em instrumentos líquidos em ações, taxas de juro, taxas de câmbio e obrigações privadas”, indica a diretora geral da AXA IM para a Península Ibérica.

 AitorJaureguiO produto de gestão alternativa que elege Aitor Jauregui para 2018 é o BSF European Absolute Return. “Trata-se de um fundo de retorno absoluto que investe em empresas do MSCI Europe, cujo processo de investimento se baseia na seleção de valores. A equipa de gestão posiciona-se longa nas empresas com maior potencial de revalorização e curta naquelas com uns fundamentais mais débeis. A exposição líquida oscila entre -25% e +25%, mas no longo prazo poderá considerar-se market neutral”, revela o responsável de desenvolvimento de negócio da BlackRock na Ibéria. Lançado em 2009, entre as principais características que destaca Jauregui está o facto de o produto ser gerido por David Tovey e Stefan Fries, que se apoiam na equipa de ações europeias da BlackRock, composta por 21 gestores/analistas e gere 45.000 milhões. Tem uma posição por ação de +/- 5% em relação ao índice, uma exposição bruta máxima de 150%, pode ter cash até 100% e conta com um perfil de volatilidade baixo, historicamente em torno dos 3%”.

Sasha EversO fundo de gestão alternativa que assinala Sasha Evers é o BNY Mellon Absolute Return Bond Fund. Tal como indica o diretor geral da BNY Mellon para a Península Ibérica, o fundo é gerido pela Insight, a subsidiária especializada na gestão de retorno absoluto de obrigações. Investe numa ampla gama de instrumentos de obrigações, tem um enfoque de retorno absoluto que se concentra em limitar os riscos de queda. O fundo procura proporcionar uma rentabilidade de Euribor a 3 meses +3% em períodos anualizados sucessivos de três anos antes de comissões. Para isso, o fundo tenta conseguir uma rentabilidade positiva em períodos sucessivos de 12 meses. Não tem nenhuma inclinação relativamente às taxas de juro que podem ser de curta ou longa duração, normalmente num intervalo de duration entre -3 e +3. Isto significa que o fundo tem o potencial de gerar retorno em contextos de taxas de juro em subida ou descida. Pode investir em instrumentos de obrigações tradicionais e também tomar posições de arbitragem na curva de yields. O fundo é gerido de forma ativa durante todo o ciclo económico”.

Mariano_ArenillasA proposta de Mariano Arenillas como estratégia de gestão alternativa para o novo ano é o Deutsche Invest I Global Infrastructure. Segundo explica o responsável da Deutsche Asset Management para Portugal e Espanha, este fundo beneficia da crescente procura global pelo desenvolvimento e expansão de infraestruturas. Investe em empresas que se dedicam a adquirir e explorar auto-estradas, aeroportos, portos, redes de telecomunicações, redes hídricas, petróleo e gás. Estes serviços cobrem necessidades básicas e, portanto, têm uma procura elevada e constante com um risco relativamente baixo devido a um fluxo de caixa regulado”, sublinha o responsável da entidade alemã.

_C2_A9NC054“Num contexto de mercados de ações a cotar com valorizações razoavelmente elevadas, e mercados de obrigações que proporcionam pouca rentabilidade, os mercados alternativos oferecem um estilo de investimento que nos pode proporcionar uma rentabilidade razoável descorrelacionada das principais classes de ativos”, afirma Ramón Pereira, diretor geral da Franklin Templeton para Portugal e Espanha. O fundo que o responsável elege para o novo ano é o Franklin K2 Alternative Strategies, produto que – segundo explica – procura as melhores estratégias long/short de ações, event driven, valor relativo e global macro, para com um objectivo de volatilidade entre 2% e 4% obter uma rentabilidade anual de entre 3% e 5%. “É um fundo multiestratégia de estratégias alternativas, com passaporte UCITS, liquidez diária e trespassável. A K2 tem mais de 20 anos de experiência gerindo alternativos, com uma análise detalhada de cada estratégia e sem que nunca se tenha investido num fundo com problemas de liquidez”.

Lucia Catalan Goldman Sachs GSA ideia de gestão alternativa assinalada por Lucía Catalán é o GS Global Strategic Macro Bond, fundo gerido pela equipa de obrigações da Goldman Sachs AM no qual expressam as suas maiores convicções macroeconómicas através de sete sub-estratégias dentro do universo de obrigações e divisas. “O fundo tem como objetivo obter uma rentabilidade semelhante aos mercados de obrigações (4-6%) com uma volatilidade média entre os 4 e os 7% em qualquer contexto de mercado. O fundo tem também como objectivo proporcionar diversificação a uma carteira global de obrigações. Não contando com exposição a crédito ou ações, a equipa tem sido capaz de obter uma grande descorrelação com os índices tradicionais desde o lançamento do fundo há três anos. Num contexto de incerteza como o atual dentro do universo de obrigações, este fundo, que já superou os 2.000 milhões sob gestão, é um dos que maior procura tem por parte dos clientes em toda a Europa, e que melhor comportamento acreditam que pode ter, pela capacidade que a equipa tem de aproveitar as ineficiências de mercado de forma estratégica”, indica a diretora geral da Goldman Sachs AM para a Ibéria e América Latina.

Inigo Escudero InvescoA estratégia recomendada por Iñigo Escudero para 2018 é a Invesco Macro Allocation Strategy, um fundo alternativo global que investe em três classes de ativos (ações, obrigações e matérias primas) mediante a combinação de uma alocação estratégica de recursos e uma alocação tática. Segundo detalha o diretor de Vendas e Serviço ao Cliente da Invesco para a Ibéria e América Latina, “a parte estratégica pretende beneficiar da tendência a longo prazo, enquanto a tática procura aproveitar os movimentos de mercado no decorrer do ciclo, graças ao facto de poder adotar posições longas e curtas, bem como alavancar-se com a utilização de derivados. A alocação tática pode alcançar os 80% da carteira e é baseada num modelo multi-factor. O fundo tem uma rentabilidade de cerca de 6% em 2017 e quase 9% nos últimos 12 meses, situando-se no primeiro quartil do seu grupo de comparáveis”, indica Escudero.

javierO fundo de gestão alternativa selecionado por Javier Dorado é o JPM Global Macro Opportunities. Tal como indica o diretor da J.P.Morgan AM para Portugal e Espanha, trata-se de um fundo de retorno absoluto com um objectivo de rentabilidade de bater o mercado monetário em 7% com uma volatilidade menor a 10% no médio prazo. “O produto procura obter rentabilidades positivas em distintos contextos de mercado. Pode investir numa ampla variedade de ativos de obrigações e ações, assim como em derivados para implementar estratégias tradicionais e/ou sofisticadas que reflitam a visão macroeconómica da equipa. Tem sido capaz de capturar o bull market bem como obter rentabilidades positivas em contexto de queda. A rentabilidade anualizada desde há três anos é de 10%, com uma volatilidade de 8%”.

Javier_Mallo_Legg_MasonA aposta de Javier Mallo em alternativos é o enTrust Permal Alternative Income Strategy. “Trata-se de uma estratégia alternativa de obrigações cuja procura tem crescido nos últimos anos. É um fundo multi-estratégia, com formato UCITS e liquidez diária, que reúne o melhor da indústria de gestores de hedge funds. Atualmente incorporamos seis gestores com uma clara vocação para o investimento alternativo e combina estratégias de crédito, systematic trading e opportunistic event driven. O fundo conta com um objectivo de rentabilidade de 4-6% e uma volatilidade inferior a 4%”, explica o responsável da Legg Mason Global AM para Portugal e Espanha.

NordeaO produto de gestão alternativa selecionado por Laura Donzella é o Nordea 1 – Alpha 10 MA Fund, “uma solução líquida alternativa, multi-estratégia, capaz de oferecer diversificação face às classes de ativos tradicionais, ao mesmo tempo que gera rentabilidades semelhantes às de uma carteia multi-ativos”, sublinha a responsável da Nordea para a Ibéria e América Latina. Tal como explica, “este fundo, que combina princípios de equilíbrio de riscos com estratégias direcionais, alavanca-se nos conhecimentos e grande experiência da equipa de multiativos da Nordea na gestão com base em prémios de risco. Este enfoque de investimento proporciona ao fundo uma grande diversidade de fontes de retorno, as quais permitem construir uma carteira com um comportamento independente do mercado ao longo de um ciclo de investimento. É por isso que pode ser uma solução muito atrativa no atual contexto de baixas rentabilidades”, afirma.

RengifoCom um bull market nos Estados Unidos desde 2009 e a abundante liquidez, Gonzalo Rengifo vê as valorizações ajustadas nos mercados de ações. “Mas as oportunidades existem sempre”, afirma o diretor geral da Pictet AM para a Ibéria e América latina. “Além disso, para 2018 estimamos uma rotação para sectores cíclicos value. Neste sentido, o Pictet Total Return Atlas é uma estratégia de retorno absoluto global que investe em empresas atrativas em termos de valorização em relação à sua história e seus pares, fundamentalmente grandes capitalizações. É o caso de empresas com um potencial subvalorizado que passam por grandes mudanças na estratégia, ou que estão em processo de aquisição, bem como empresas nas quais o mercado está muito focado no curto prazo. O conjunto proporciona um comportamento melhor que o do índice MSCI All Countries World ao longo de um ciclo de três anos, com aproximadamente um terço da volatilidade e uma proteção ativa em períodos de stress”.

CarlaO ruído político e a incerteza têm sido dos elementos constantes ao longo de todo 2017 e, segundo Carla Bergareche, é mais que provável que 2018 discorra de forma semelhante. Segundo a diretora geral da Schroders para Espanha e Portugal, como investidores, será essencial saber navegar através destes períodos de maior complexidade minimizando o impacto das quedas e aproveitando as fases de subida. “Para isso, os fundos long/short e de retorno absoluto configuram-se como uma das alternativas mais sólidas e estáveis para aqueles investidores com um horizonte de longo prazo, combinando diversificação e descorrelação. A nossa aposta nesta área é o Schroder ISF European Alpha Absolute Return, que investe em ações de empresas europeias através de posições longas e curtas, através de derivados, com o objectivo de proporcionar uma rentabilidade positiva durante um período de até 12 meses em todas as condições de mercado. A carteira concentra-se em torno dos 30 e 60 títulos, pelo que só investe em empresas nas quais a equipa tem uma forte convicção”.

JuanInfanteA estratégia de gestão alternativa eleita por Juan Infante para enfrentar o próximo ano é o UBS Global Alpha Opportunities, fundo de fundos em formato UCITS que segue uma estratégia oportunística desenhada pra gerar rentabilidade num ciclo de mercado (3 a 5 anos) através do investimento numa carteira de hedge funds UCITS. Tal como explica o responsável da UBS Asset Management para a Ibéria, o fundo parte de uma carteira diversificada de 10 a 25 fundos, assessorada por diversos gestores de hedge funds com enfoques de investimento distintos. “A atenção principal está sobre estratégias de hedge funds líquidas, tais como Equity Hedged e Valor Relativo. Quando adequado pode investir em crédito e outras estratégias de hedge funds”, indica Infante.