As nove previsões para o próximo ano de Stefan Kreuzkamp (Deutsche AM)

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oliviarli, Flickr, Creative Commons

Os mercados financeiros recordarão para sempre 2016 como um ano que foi verdadeiramente moldado por factores políticos disruptivos. Apesar de não ser claro como é que o Brexit e a política dos EUA impactarão os próximos anos, não há muitos sinais que indicam incerteza sobre os mercados. Enquanto que as yields das obrigações podem ter afundado em 2016, alguns mercados de ações terminaram o ano em máximos record. Grande parte disto deve-se ao resultado das eleições norte-americanas. Mas o que é que Trump será realmente capaz de oferecer em 2017?

Segundo Stefan Kreuzkamp, diretor de investimentos da Deutsche Asset Management, neste momento os investidores não devem analisar por alto a parte política, já que a divisa, as taxas de juro e os mercados de títulos norte-americanos marcarão o ritmo a nível internacional. Kreuzkamp recomenda que exista uma visão clara: “Os investidores necessitam de se assegurar que têm uma ideia clara de determinados aspetos como: quem decide, quando é que decidem, e com quem ou contra quem, e quem tem poder de veto? Onde estão os limites monetários e fiscais e que vínculos internacionais devem ser considerados?

Para começar, os mercados estão a centrar-se num maior crescimento com aumentos razoáveis de inflação. No melhor dos casos, a euforia predominante poderá desenvolver a sua própria dinâmica, ou no pior dos casos poderá facilmente acumular potencial de decepção. As bolsas europeias, pelo contrário, já incluem nos seus preços os riscos políticos, embora Stefab Kreuzkamp veja sinais de alento vindos de Espanha e França. O diretor de investimentos continua a ser realista em relação aos próximos meses: “Mantemo-nos expectantes perante o potencial de surpresas, positivas e negativas, que poderão surgir com o novo presidente eleito nos Estados Unidos. No final do dia a política move os mercados”, afirma. O especialista resume a sua visão em nove pontos:

  1. Foco: o final do QE na Zona Euro poderá estar para breve, mas o Banco Central Europeu ainda tem outros instrumentos de política monetária à sua disposição para limitar qualquer aumento das taxas de juro.
  1. Macro: taxas mais baixas e desregularização poderão dar um impulso modesto à economia dos Estados Unidos. A incerteza política perante as eleições chave pode prejudicar o crescimento na zona euro.
  1. Matérias primas: no início de 2016, os combustíveis fósseis e os metais industriais começaram o seu caminho de tendência de recuperação e continuamos a ser modestamente positivos com o petróleo, o ouro e a prata. A perspetiva é mista para os metais industriais.
  1. Ações: esperamos um mercado lateral volátil. O nosso foco permanece nas ações que gerem dividendos, assim como nos sectores atrativos como a tecnologia, a saúde e a energia, para além de qualquer oportunidade tática ao longo do caminho.
  1. Obrigações: durante os próximos doze meses esperamos um suave aumento das taxas de juro, mas muita volatilidade no caminho. O spread das taxas de juro entre os Estados Unidos e a Zona Euro pode alcançar um pico em 2017.
  1. Divisas: esperamos que a tendência de subida do dólar continue por agora, já que os investidores parecem cativados com a nova administração norte-americana. No entanto, esperamos que a libra continue a desvalorizar-se.
  1. Infraestruturas: investir numa carteira líquida de grandes empresas, de alta qualidade e em obrigações de infraestruturas investment grade pode dar lugar a retornos interessantes ajustados ao risco.
  1. Estratégia para hedge-fund: vivemos tempos de incerteza. As carteiras têm necessidade de proteção contra os riscos ocultos que podem acumular a busca de alfa.
  1. Multiativos: Dado o contexto de taxas de juro baixas em muitos mercados desenvolvidos e as incertezas políticas, deverá continuar a ser fundamental a diversificação tanto das classes de ativos como das regiões.