Na hora de incorporar ativos alternativos ilíquidos numa carteira, é preciso responder primeiro a uma série de variáveis questões.
Como em qualquer investimento, na hora de incorporar ativos alternativos ilíquidos numa carteira, é preciso responder primeiro a uma série de questões: qual é o objetivo de retorno; qual é a tolerância ao risco; que capacidade de liquidez está disposto a assumir; que estratégias complementam ou fortalecem a minha carteira atual.
Isto marcará o caminho para entrar no mundo dos investimentos em mercados privados, cujo ponto de partida é reconhecer que é um mercado muito diverso e conhecer qual é o perfil de risco-retorno-liquidez de cada um deles.
O que oferecem ao conjunto da carteira?
É fundamental avaliar como a carteira de ativos privados e a carteira tradicional já existente se complementam entre si para ter uma abordagem holística. “As normas e conceitos de diversificação que se aplicam nos mercados públicos também se aplicam nos privados, em todas as geografias, classes de ativos e fatores de risco”, afirma a Goldman Sachs.
No entanto, dada a maior dispersão de retornos nos mercados privados, o conceito de diversificação é ainda mais importante. O tipo de ativo e estratégia respondem, por sua vez, não só a distintas dinâmicas de risco-retorno, mas também a diferentes ritmos de compromisso de capital, efeito curva-J, cashflows, necessidades de liquidez, etc. Sem nos esquecermos da diversificação entre gestores e entre veículos. “É importante criar um programa de investimento ao longo de vários anos para diversificar o risco de entrada e para não ter de reinvestir toda a carteira de cada vez”, assinala Leonardo Fernández, diretor do Canal Intermediário da Schroders. A velha máxima de não pôr todos os ovos no mesmo cesto.
Perfil do investidor
A seguir, é preciso ser claro sobre qual é o objetivo do investidor. “Não é o mesmo querer maximizar a rentabilidade que ter fluxos de rendimento constantes, maximizar a diversificação com a nossa carteira tradicional ou ter uma tributação mais vantajosa”, assinala Leonardo Fernández. “Por isso, antes de analisar as características dos diferentes ativos, tem de estar claro onde queremos chegar para assim podermos criar um programa robusto que se adeque ao nosso objetivo final, deixando uma certa margem para nos ajustarmos às condições do mercado”.
O perfil do investidor irá determinar o tipo de ativo em que investir. Se se inclinam para o rendimento, é preciso priorizar a incorporação de ativos geradores de rendimentos como a dívida privada e ativos reais (imobiliário e infraestruturas) com fluxos de rendimentos seguros e previsíveis a longo prazo. Se o objetivo é a valorização do capital, a tendência será investir em estratégias como private equity.
“Os mercados privados têm frequentemente o potencial de aumentar o retorno global da carteira e de aceder tanto a impulsionadores únicos de rentabilidade como a partes da economia a que os mercados públicos não podem chegar, criando assim benefícios de diversificação atrativos”, explica a Goldman Sachs. No entanto, esta incorporação pode reduzir a liquidez da carteira.
Assim, considerações do horizonte de investimento de longo prazo e possíveis necessidades de liquidez que possa ter nesses anos. É o conceito do efeito curva-J observado. Se for preciso mitigá-lo, as estratégias a explorar estarão dentro do mercado imobiliário e infraestruturas.
Na lista de aspetos essenciais para investir em alternativos não pode faltar a seleção da gestora e da equipa gestora. É preciso realizar uma rigorosa due diligence para escolher gestores fiáveis com um historial sólido, um processo especialmente relevante devido a uma das características deste mercado: menor acesso à informação de uma forma aberta e pública.