Ariel Bezalel diretor de Investimentos de rendimento fixo na Jupiter AM, explica como pode o investidor se proteger da situação atual do mercado global.
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No mais recente evento organizado pela BPI Gestão de Ativos, desta vez em conjunto com a Jupiter Asset Management, Ariel Bezalel, diretor de Investimentos de rendimento fixo na Jupiter AM, esclareceu a sua visão de mercado, divergente da visão geral do mercado, e como o Jupiter Dynamic Bond, fundo com Rating FundsPeople 2024, devido à sua popularidade entre os analistas e investidores portugueses, pode ser a chave para o investidor se precaver a médio prazo.
Para Ariel Bezalel, o principal foco num espaço temporal de 12 a 18 meses deverá ser a margem de segurança. “Nos ativos de risco faltam estas três palavras”, sugere o profissional. “Quando vemos gestores como Warren Buffett com mais de 300 mil milhões de euros em liquidez e equivalentes, algo não está bem”, remata.
A situação global
Na perspetiva do diretor de Investimentos da Jupiter AM, a Europa e a China estão em situações díspares, mas ambas complicadas. Por um lado, no ocidente, temos uma economia que não cresce, subjugada, com algumas das suas indústrias, como a automóvel, que representa cerca de 7% do produto interno bruto desta economia, a enfrentarem, como Ariel Bezalel descreve, “uma crise existencial”. “Temos também uma economia na qual o volume de empréstimos bancários continua reduzido, demonstrando o fraco desenvolvimento da economia”, completa.
Do outro lado do globo, a economia enfrenta um “impasse, entre deflação ou crescimento, e não sabe como ultrapassar essa situação”. “É uma economia que baseia uma grande parte do seu valor no imobiliário, isto é, o cidadão chinês tem grande parte dos seus ativos na sua residência, uma classe de ativos que, na região, não tem vindo a crescer em valor. Em oposição, por exemplo, o cidadão americano, tem grande parte dos seus ativos no mercado financeiro, facilitando o desenvolvimento económico”, acrescenta o diretor de Investimentos.
Porém, Ariel Bezalel acredita que a situação na América seja ainda mais complicada. “É verdade que o problema da inflação já parece ter ficado para trás, mas o elefante na sala agora é Donald Trump. O mercado está agarrado a uma narrativa de que Trump causará um mercado inflacionário e de impostos reduzidos, e que tudo está bem”, explica o profissional. A visão do profissional é outra, que cita Scott Bessent, gestor de fundos e possível futuro secretário do Tesouro dos Estados Unidos da América, Ariel Bezalel é da opinião de que a ideia atrás referida é absurda. “Os cortes dos impostos não vão ser no dia um, e não vão criar uma pressão inflacionária. O objetivo destes cortes é o contrário, criando um cenário de possível deflação”, aponta.
No mercado de trabalho, o crescimento da taxa de desemprego, do ponto de vista de Ariel Bezalel, dá indícios de recessão, com o agravante de “se tirarmos o emprego governamental, a criação de emprego é ainda pior”, refere. Vinculado a um aumento da taxa de desemprego, vem a queda da pressão salarial, que leva a um crescimento mais lento dos salários. “A 12 meses, as empresas americanas não esperam um crescimento salarial, pelo contrário”, afirma o profissional. “Esta situação, aliada ao facto de que os americanos estão, a quatro anos, com valores mínimos de poupanças, não poderá ser bom sinal”, conclui.
Um seguro para o futuro
Na carteira do fundo que gere, o Jupiter Dynamic Bond, a gestão é executada com o objetivo de que sirva, segundo Ariel Bezalel, como um “seguro” para os investidores que se querem precaver dos perigos apontados anteriormente, pensamento que se reflete na construção do portefólio. Com esse objetivo em mente, a equipa procurou esta segurança através do investimento em dívida de duração e rating elevados. “Estamos bullish em obrigações governamentais, especialmente da Nova Zelândia, do Reino Unido e dos Estados Unidos da América. Aumentamos a duração, e o rating, reduzindo a duração do spread”, desenvolve o profissional.
O diretor de Investimentos justifica esta aposta relembrando que “depois do primeiro corte da Fed, as quedas yields do Tesouro americano, no passado, foram, a três anos, quase sempre elevadas, podendo dar ao investidor um retorno de até 20% num determinado ano”. Além disso, o profissional explica que “os spreads de crédito estão comprimidos, o que faz com que a dívida obrigacionista de investment grade fique mais cara, reduzindo a margem de segurança destes ativos de risco”, conclui Ariel Bezalel.