As classes de ativos mais abrangentes nos fundos mobiliários registam quebras nos ativos sob gestão, ao longo dos últimos dois anos.
Os últimos dois anos foram complicados para os fundos de investimento em Portugal, bem como em grande parte do mundo. Verificando apenas o mercado nacional, alguns acontecimentos marcaram, de forma significativa, a história financeira nacional, com o fim do Banco Espírito Santo a encabeçar a lista. Destaque, também, para a saída da Troika de Portugal ou para as eleições legislativas que culminaram com a mudança de poder no país. Já a nível internacional, a volatilidade nos mercados internacionais derivou de acontecimentos relacionados com a Grécia, China e mais recentemente com o referendo que irá permitir ao Reino Unido sair da União Europeia.
Em Portugal, mais concretamente nos fundos de investimento mobiliários, notou-se um decréscimo nos ativos sob gestão ao longo dos últimos dois anos. Não podemos esquecer que o património sob gestão de um fundo resulta da conjugação de dois factores: as suas captações líquidas e o comportamento dos seus ativos.
No final do primeiro semestre do ano, os fundos de investimento nacionais geriam mais de 10.780 milhões de euros, um valor mais baixo em 20% do que o registado no final do primeiro semestre de 2014, onde o valor final roçou os 13.500 milhões de euros. Além dos dois factores mencionados, também deve incluir o facto de no período em questão o número de produtos nacionais ter encolhido de 190 para 181.
Dos quatros segmentos em que se podem dividir os fundos de investimento – ações, obrigações, monetário/curto prazo e outros fundos – aquele que mais resvalou no período em questão foi o que junta os fundos de obrigações. Este segmento viu os seus ativos decrescerem mais de 40%, em dois anos, para um valor pouco superior a mil milhões de euros. Já o que menos caiu foi o segmento que junta os fundos monetários e de curto prazo, com uma descida inferior a 10%.
Evolução nos ativos sob gestão nos fundos mobiliários

Fonte: APFIPP. Valores em milhões de euros.
Fundos imobiliários também em queda
Também os fundos imobiliários, em termos de ativos sob gestão, estão piores do que em junho de 2014. A queda situa-se em cerca de 15%, segundo os dados publicados pela APFIPP e que junta apenas as entidades que são associadas. Relembramos que, em junho passado, o valor da APFIPP era representativo de cerca de 90% do mercado nacional.
No final de junho o segmento imobiliário, cujas sociedades gestoras são associadas na APFIPP, registava um valor sob gestão que ascendia a mais de 10.800 milhões de euros, menos 2.000 milhões do que o valor atingido em junho de 2014.
Evolução nos ativos sob gestão nos fundos nacionais

Fonte: APFIPP. Valores em milhões de euros.