Avalanche de gestores empreendedores: estudos de caso nos quais se podem enquadrar Paramés e Martín

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Τchasty ♥, Flickr, Creative Commons

A ruptura de Francisco García Paramés com o grupo Acciona depois de 25 anos de trabalho na Bestinver, a empresa que co-fundou e liderou em termos de track record, tem feito correr rios de tinta. Paramés, que trabalhava na sede de Londres da Bestinver desde Junho de 2013, anunciou em comunicado que vai sair da gestora para formar a sua própria boutique. Passados apenas dois dias, era conhecida outra saída sonante: Iván Martín, do Santander AM, anunciava a sua saída para criar um novo projecto que contará com o apoio da família Hernández (acionistas da Ebro Food) e com o assessoria do gestor de hedge funds Crispin Odey. Tanto Paramés como Martín converteram-se assim nos últimos exemplos de uma lista de gestores empreendedores que decidiram abandonar as empresas onde um dia brilharam, para formar a sua própria empresa, na qual pretendem imprimir o seu cunho pessoal… e arrastar antigos clientes.

Um exemplo muito recente de um gestor estrela que se emancipou para formar a sua própria empresa independente é o de Eric Bendahan, que até há semana passada trabalhava para a Oyster. Bendahn está neste momento envolvido no desenvolvimento da sua própria gestora de ativos, a Eleva Capital. O caso do ex-gestor da Oyster é duplamente curioso, dado que Bendahan seguiu os passos do seu antecessor no cargo, Nicolás Walewski, que em 2005 saiu do Banque Syz para pôr em marcha a sua própria gestora, a Alken. Nove anos depois, todos os fundos da oferta da Alken estão encerrados, por causa das fortes entradas de dinheiro de investidores interessados nos três produtos que têm o selo de Walewski.

Também no mês de Setembro apareceu outra nova firma, desta vez em Portugal, de um antigo trabalhador por conta de outrem: Pedro Assis. O director geral adjunto da Schroders para a península ibérica até 2012, dava a conhecer no passado dia 4 de Setembro o nascimento da Baluarte, uma sociedade consultora de investimentos criada a meias com Ricardo Martins, reconhecido gestor de fundos de pensões com uma vasta experiência, tendo exercido anteriormente o cargo de director de investimentos da gestora de pensões Previsão SGFP.

Neil Woodford, ou como fabricar um super vendas em três meses

No último ano e meio outra saída sonante foi também a de Neil Woodford, até há um ano gestor estrela da Invesco. A Woodford Investment Management está a operar no mercado desde há um ano, e no passado dia 19 de Junho o seu primeiro fundo, o CF Woodford equity Income Fund, protagonizou o maior lançamento de 2014. O património deste veículo alcançou os 3.000 milhões de euros em apenas 60 dias, liderando as vendas na Europa durante o primeiro semestre dentro da categoria de ações, segundo dados da Lipper Thomson Reuters.

Empreendedores veteranos: George Muzinich

George Muzinich iniciou a sua carreira em 1971 e em 1988 fundou uma empresa que tem o seu próprio nome, a Muzinich & Co, especializada exclusivamente em crédito empresarial. Atualmente, o volume de ativos sob gestão ascende a 28.000 milhões de dólares. A Muzinich foi notícia recentemente depois de ter sido anunciada a sua aliança com a Arcano para lançar o Iberian Private Debt Fund, um fundo dirigido a investidores institucionais (family offices, seguradoras e fundos de pensões, principalmente) cujo objectivo é oferecer uma rentabilidade anual bruta entre 8% e 9%.

“A saída”

E a fechar este rol de notícias surpreendentes, está aquela que foi uma das mais inesperadas saídas de sempre. Bill Gross depois de quase meio século à frente da entidade que ele próprio fundou – a PIMCO – decidiu sair da instituição e dos comandos do fundo PIMCO Total Return Bond Fund. O reputado gestor, ao contrário dos restantes exemplos enunciados, não irá sair para um projecto independente. Bill Gross integrará a Janus Capital, entidade na qual irá gerir um fundo de obrigações criado a partir de Newport Beach (California), onde Bill Gross tem atualmente residência.