Bom momento económico suporta emissão de dívida portuguesa a 10 anos

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Sergio Calleja, Flickr

Portugal voltou a capitalizar no bom momento económico do país, para uma emissão de dívida a 10 anos executada a taxas mais baixas do que as emissões comparáveis de junho (2,851%) e julho (3,085%). De facto, a emissão no valor de 850 milhões de euros beneficiou de uma procura que mais do que duplicou a oferta, o que permitiu uma colocação a uma taxa de 2,785%, a mais baixa desde o final de 2015. “A emissão a 10 anos deve-se ao interesse do IGCP em criar mais liquidez nas Obrigações do Tesouro, num ano em que Portugal tem menos capital a reembolsar e juros do que nos anos anteriores”, explica Steven Santos, gestor do BiG, ilustrando com o gráfico abaixo.

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Filipe Silva, diretor de Gestão de Ativos do Banco Carregosa realça que “Portugal está a beneficiar dos bons dados económicos que tem divulgado, da revisão otimista da perspetiva do rating da dívida por parte da Moody’s,  uma grande ajuda vem das compras do BCE”. Por outro lado “beneficia da própria folga financeira no financiamento do Estado que, com operações de troca e emissões tem conseguido alongar a maturidade da dívida portuguesa”, realça o profissional.

Steven Santos, vai mais além na análise e considera que o “resultado deste leilão é positivo, se considerarmos que esta manhã houve muita concorrência no mercado primário de dívida pública na Europa, com a Itália, a Alemanha e o Reino Unido a emitir títulos a 10 anos”.

 O especialista do BiG destaca que “por toda a Europa, nota-se que os países estão a aproveitar para emitir dívida antes do BCE reduzir o programa de compra de ativos, que poderá ser anunciado já em outubro”. “A Áustria, por exemplo, iniciou ontem a colocação de mil milhões de euros em obrigações a 100 anos, tendo recebido já interesse de investidores superior a 6 mil milhões e prevendo-se uma taxa em torno de 2,1%” e a “a Finlândia iniciou ontem a colocação de obrigações a 3 anos”, acrescenta. Ainda assim, Steven Santos considera também que “uma provável redução do ritmo mensal de compra de ativos por parte do BCE não deverá ter um impacto expressivo na compra de títulos portugueses”.