BPG: “Deverá existir um especial acompanhamento da evolução da situação na Europa”

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Nuno Coimbra

2015 é já para muitos um dos anos mais desafiantes ao nível da gestão de ativos. O contexto de baixas taxas de juro impõe desafios, e o comportamento das economias mundiais também será condicionado por esse ambiente económico.

Para João Folque, diretor de mercados financeiros do Banco Português de Gestão (BPG), acima de tudo é essencial distinguir “o estado dos ciclos económicos nas diferentes economias”. Relativamente à economia norte-americana, que está num patamar mais avançado, o profissional realça a “forte probabilidade de subida de taxas já no primeiro trimestre do próximo ano”. Sendo estimado um crescimento próximo dos 3% para o país e mantendo-se a redução do desemprego, o especialista do BPG entende que os EUA “têm boas condições para enfrentar uma envolvente global de taxas de juro e níveis de inflação baixos”. Acrescenta que também a China “poderá conseguir um bom desempenho nesta envolvente, uma vez que o seu crescimento deverá alicerçar-se no consumo doméstico”.

Alemanha: novamente o “bom” filho europeu

Na Zona Euro, o aprofundamento do “Quantitative Easing” é o esperado, e João Folque crê que “as economias deverão crescer na sua generalidade pouco mais de 1%”. No lugar das exceções, “poderá estar novamente a Alemanha, cujo crescimento se espera mais forte, também devido a um incremento nas exportações, resultante da desvalorização do Euro”. Para além da moeda europeia, também o JPY, “deverá ser negativamente impactada pelas políticas de taxas baixas e estímulo monetário (Quantitative Easing) seguidas pelos respetivos Bancos Centrais”.

Mais ações

Sendo as perspetivas positivas para as ações – por causa da aceleração do crescimento económico global, dos bons desempenhos das empresas e múltiplos do preço ainda atrativos -  do BPG entendem que no próximo ano se deverá assistir a “uma sobre-exposição das carteiras à componente ações”, com a estratégia a ser mais centrada “nos EUA e nos mercados emergentes da Ásia Pacífico”.

No campo das obrigações, “o facto das yields apresentarem níveis historicamente baixos, deverá ser impeditivo de grandes valorizações”. A escolha em função do binómio risco-retorno será portanto fundamental e o “high yield poderá ser um a boa opção para conseguir algum “pick up” de rentabilidade”. Em termos de estratégia efetuar alguma cobertura de risco, “poderá revelar-se acertado”, acrescentam.

Não descurar situações específicas

Perante uma “envolvente desigual em termos geográficos”, e com a existência de “alguns fatores de incerteza que podem mudar o jogo de um momento para o outro”, a palavra-chave em termos de alocação de ativos é dita por João Folque sem hesitação: “diversificação”.  “Deverá existir um especial acompanhamento da evolução da situação na Europa, sendo chave perceber se as medidas adoptadas pelo BCE, permitirão evitar um cenário de estagaflação (deflação sem crescimento)”, refere.

De modo a conseguirem esta diversificação, da entidade referem que “o investimento em fundos e ETFs será uma excelente forma de conseguir esta diversificação, sendo importante a utilização de critérios rigorosos na seleção dos mesmos”. Assim, “a aposta deverá passar por “casas” e gestores com provas dadas, não descurando uma análise do processo de investimento e dos diversos componentes do “track record” do fundo”