Cada vez menos gestores de fundos acreditam que a economia global entrará em recessão em 2023

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Créditos: Mathieu Stern (Unsplash)

Começa a surgir uma mudança na perceção das expetativas dos gestores de fundos. Isto ficou evidente nos resultados do último Fund Manager Survey, o inquérito a gestores de fundos do BofA, que revela que metade destes profissionais de investimento acredita que a economia global entrará em recessão durante este ano, a proporção mais baixa desde julho e abaixo dos 68% do mês passado e do pico de 77% em novembro.

De acordo com os dados correspondentes ao mês de janeiro, 75% espera uma recessão na Europa, abaixo dos 80% do mês passado e dos 95% em outubro. O otimismo em relação à China aumentou, depois do forte impulso no sentimento no mês passado, com 72% dos profissionais a esperar uma economia chinesa mais forte este ano (acima dos 59% do mês passado) e com 45% a acreditar que o gigante asiático irá contribuir para a reaceleração do crescimento global.

Embora 50% dos investidores acredite que a destruição da procura será o próximo grande tema macro, a proporção desceu em relação aos 76% em novembro, e 20% considera que a recuperação da China será o tema dominante, face a 0% em novembro.  

Perspetivas ainda sombrias para a Europa e EUA devido ao endurecimento monetário

Menos de 5% dos inquiridos pensa que o crescimento pode melhorar na Europa ou nos EUA, e 70% vê uma maior desaceleração devido ao endurecimento monetário (ligeiramente inferior ao mês passado). 3% dos gestores considera que a política monetária global é demasiado restritiva, a primeira leitura positiva em mais de 10 anos. Apenas 5% dos inquiridos considera que o ciclo macro já atingiu o fundo, com 36% a esperar um valor baixo no segundo trimestre.

Por outro lado, 83% dos gestores de fundos prevê que a inflação irá desvanecer nos próximos 12 meses, ainda próximo do recorde de 90% do mês passado. Dito isto, 34% afirma que a elevada inflação é o maior tail risk para os mercados. A isto segue-se o risco de uma profunda recessão mundial (20%).

Bancos de volta ao radar face ao impulso do value

34% dos gestores de fundos espera novas quedas das ações cíclicas face às defensivas (ligeiramente abaixo dos 36% do mês passado), enquanto 27% acredita que as cíclicas podem subir ainda mais (um pouco mais do que os 24% do inquérito anterior). 39% considera que não ter exposição cíclica suficiente no caso de um aumento sustentado é o maior risco para a carteira, muito acima dos 18% do mês passado.

A proporção de profissionais que considera que as ações de elevada qualidade irão superar as de baixa qualidade durante o próximo ano caiu de 74% no mês passado para 59%, enquanto a proporção que pensa que o value irá superar o growth aumentou de 18% para 41%. O setor segurador continua a ser o setor sobreponderado mais popular, seguido dos bancos, que registaram um grande aumento no posicionamento dos investidores e que os gestores consideram o setor mais subvalorizado.