Há procura por mercados privados, tanto por parte do investidor institucional, como do particular, e a oferta está a responder. Neste contexto, a Schroders procura o seu papel como player-chave, posicionando a área de investimento em ativos privados como estratégica para a empresa.
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O avanço dos mercados privados é uma tendência global que está a acontecer em todas as geografias ao mesmo tempo. Há procura, tanto por parte do investidor institucional, como do particular, e a oferta está a responder. Neste contexto, a Schroders procura o seu papel como player-chave, posicionando a área de investimento em ativos privados como estratégica para a empresa.
Numa entrevista exclusiva com a FundsPeople, Carla Bergareche, responsável do segmento Wealth a nível global, explica os pontos-chave da proposta de valor da Schroders a estes clientes. “Estamos a dedicar recursos em toda a cadeia de valor: desde a inovação de produto ao serviço pós-venda, educação, etc.”.
O investidor particular no foco
O ponto de partida é a falta de acesso que o investidor de banca privada tem tido aos investimentos em mercados privados. Estas oportunidades só estavam disponíveis para os investidores institucionais ou para os de património muito elevado, devido a notáveis barreiras que, pouco a pouco, se vão derrubando. “A inovação de produto é um driver-chave neste avanço”, assinala. Os exemplos mais relevantes desta inovação são “as estruturas semilíquidas, os fundos com uma única chamada de capital, os fundos fechados em que se encurta o período de vida do fundo ou em que os mínimos de entrada são mais baixos”, explica Carla Bergareche.
Embora estes avanços na oferta tenham permitido que novas camadas de clientes acedam a oportunidades de investimento, Carla Bergareche alerta que a oferta tem de estar ajustada às necessidades de cada investidor. Aqui, entra em jogo a segmentação e o trabalho do consultor ou banqueiro para definir o seu perfil. Nesse sentido, destaca que “os wealth managers estão a avançar na segmentação de clientes, pensando bem na proposta de valor que vão oferecer a cada um deles. É algo que acontece na Península Ibérica e no resto do mundo”.
Aposta estratégica
Esta abordagem do distribuidor é necessária para que a indústria seja construída numa base sólida, tendo em conta as expetativas de crescimento que se têm para o cliente particular. “Embora haja muitas estimativas, em todos os casos fala-se de um crescimento de dois dígitos no património em alternativos por parte do investidor particular. Isto representaria passar de um peso de 16% em 2022 para 22% do total de volume de mercados privados em 2032”.
A procura e a oferta estão a crescer. Dentro dessa dinâmica, a Schroders posiciona-se como uma gestora “com capacidades de investimento muito fortes, produtos adequados ao segmento wealth e um profundo conhecimento do cliente e das suas necessidades”. Isto oferece à gestora, segundo Carla Bergareche, uma clara vantagem competitiva face a outras casas especializadas em alternativos, mas cujo cliente têm sido tradicionalmente o institucional.
Os mercados privados a nível global “são uma área mais complexa do que a dos mercados líquidos. São necessários mais recursos, mais capacidades e a adaptação da oferta de serviços e produtos continente a continente e até país a país”, explica. A adoção destes novos veículos é, segundo Carla Bergareche, um caminho lento que ainda exige a superação de determinadas barreiras. A primeira delas é a operacional: “Embora as entidades queiram avançar, estas não têm, por vezes, as ferramentas necessárias para fazê-lo. A procura existe, mas há que saber satisfazê-la”, acrescenta.
Outra barreira é a educação, tanto da rede de distribuição, como do cliente particular. Na Schroders, lançaram o Private Markets Knowledge Hub, uma oferta de educação e acompanhamento desenvolvida para ajudar tanto os consultores, como os clientes a entenderem melhor esta classe de ativos. Um terceiro ponto é a liquidez dos investimentos. “Embora as novas estruturas comentadas ajudem a reduzir esta barreira, o cliente tem de entender que há que ser paciente com estes investimentos”.
Ciente destes desafios, assinala que a indústria no seu conjunto tem de se focar em dois pontos-chave. O primeiro leva-nos à estruturação do veículo: “Quando construímos uma solução, temos de estar conscientes do compromisso que se assume e cumprir o que se afirma que o produto vai fazer”. O segundo é o trabalho de comunicação, pois tem de se fazer “um esforço para se explicar adequadamente as caraterísticas de cada fundo”.
Oferta e experiência
Em matéria de veículos, Carla Bergareche relembra que a Schroders foi a primeira gestora a lançar um LTAF no Reino Unido e que, agora, estruturou um para o cliente de retalho. Têm experiência com os ELTIF para fundos fechados, mas com uma operação simplificada. Além disso, o primeiro veículo semilíquido da gestora (Schroders Capital Semi-Liquid Private Equity) acaba de cumprir cinco anos. “Não há muitas casas com um produto com esse histórico e track record”, assinala. “Conhecemos bem todo o processo de venda”.
A gestora conta com uma gama que cobre tanto o cliente institucional, como o particular, aos quais procuram oferecer serviço, entre outras coisas, através das estruturas ELTIF. “Estamos a rever o que lançar no próximo ano, um ELTIF fechado ou um semilíquido. A ideia é continuar a oferecer soluções adaptadas aos segmentos de clientes que respondam a distintas necessidades”, acrescenta.
Aqui, segundo Carla Bergareche, é importante dispor de uma plataforma que cubra as quatro vertentes de negócio: private equity, dívida privada, infraestruturas e real estate. Isto permite-lhes cobrir um leque amplo de necessidades de investimento (geração de rendimentos, growth, cobertura da inflação, etc.) e até dar um passo além com alguns investidores: “Estamos a criar soluções à medida através de acordos estratégicos. Para isso, é fundamental entender os clientes um a um”, aponta.
A Schroders é uma gestora com mais de 200 anos de história e décadas de experiência a investir em mercados privados, e, “neste tempo, crescemos tanto orgânica, como inorganicamente”. A Schroders Greencoat, empresa especializada em investimentos vinculados à transição energética, é uma das aquisições mais recentes. Em Madrid, têm três pessoas desta equipa dedicadas à procura por oportunidades de investimento para os seus distintos veículos.
Democratização ou institucionalização?
Dos 97.000 milhões de dólares que gerem na Schroders Capital, 16.000 milhões vêm do investidor particular. Questionada sobre se a estratégia da Schroders procura mais uma democratização do investidor particular ou uma institucionalização do mesmo, responde que não a ambas. “Estes investimentos não são para todos, mas a oferta institucional também não é adequada para o cliente particular”, assinala.
Segundo Carla Bergareche, a sua proposta baseia-se em algo mais complexo: “Uma oferta ajustada às necessidades e ao perfil do investidor. Prestamos muita atenção à definição da proposta de valor que oferecemos, e a segmentação desempenha um papel fundamental. Conhecemos muito bem os clientes porque trabalhamos com eles durante muito tempo. Somos bons companheiros de viagem”.