Pontos-chave em que a Carmignac aposta: mercados como os do México ou da Índia, num contexto em que a economia chinesa continua em queda, a americana se encontra em desaceleração e a europeia regista uma ligeira recuperação.
A gestora francesa Carmignac organizou um encontro em que Xavier Hovasse, head of Emerging Equities, expôs a sua visão sobre os mercados emergentes. O encontro colocou em cima da mesa os pontos-chave em que a Carmignac vê valor: mercados como os do México ou da Índia, num contexto em que a economia chinesa continua débil, a americana se encontra em desaceleração e a europeia regista uma ligeira recuperação.
Xavier Hovasse explica que, apesar de nos encontrarmos num contexto de abrandamento, em que as perspetivas de crescimento são escassas, é um cenário favorável para investir em empresas quality growth, ou seja, empresas centradas na qualidade que podem reinvestir em si próprias e que são altamente rentáveis a longo prazo. O fundo que a empresa destina à gestão deste tipo de ativos é o Carmignac Emergents, com quase 1.000 milhões de euros em todo o mundo.
"Num contexto top-down, no geral, a qualidade é favorecida. Os mercados emergentes não contam com uma visão uniforme, pelo que, por vezes, o contexto top-down é muito favorável para a Ásia e desfavorável para os países exportadores de matérias-primas, ou vice-versa", comenta o responsável. Salienta que, em momentos difíceis, como o experienciado com a guerra da Ucrânia ou em períodos eleitorais como as próximas eleições nos EUA e na Índia, pode ocorrer uma grande variação do risco.
México e Brasil, um atrativo de investimento
São vários os países emergentes que o especialista destacou durante a apresentação. A região da América Latina é um enorme universo de investimento, com uma capitalização em bolsa de mais de dois biliões de dólares.
Neste sentido, Hovasse assinala que “o México é bastante atrativo” por ser um beneficiário direto do nearshoring que procura estabelecer a indústria de produção próxima dos EUA, beneficiando assim do momento de tensão nas relações entre os EUA e a China. Menciona também o caso do Brasil, que “é um país onde as matérias-primas estão no auge, a agricultura é muito forte e a produção de petróleo está em alta”, afirma o gestor. Além disso, o Brasil conta com dois setores de destaque: o de seguros e o comércio eletrónico, que atraem os investidores.
No México, o setor bancário está a experienciar o que Hovasse chama de “crescimento saudável”. “Quase metade da população não tem um banco”, expõe o especialista, “pelo que pode ser interessante no âmbito dos mercados de investimento, visto que a população está a começar a contratar os seus primeiros fundos. Existem oportunidades”, explica.
Índia, um emergente com futuro
O México e o Brasil são dois dos grandes objetivos dos investidores, mas não são os únicos. A Índia também é um país atrativo, com um mercado que se encontra numa posição semelhante à da China há dez anos.
A Índia é um dos países mais atrativos para a Carmignac, que atualmente procura ampliar o seu crescimento no estrangeiro com 60% das empresas internacionalizadas. “O seu presidente, Modi, quer que o país exporte para ser mais competitivo, investindo em indústrias como a farmacêutica e a eletrónica”, menciona o Xavier Hovasse. Além disso, destacou a oportunidade de crescimento do setor tecnológico indiano, que conta com Bangalore, a sua Silicon Valley.
Por outro lado, Hovasse expõe que o mercado chinês, embora esteja em queda há vários anos, “é o melhor país para a produção indústrial, visto que tem trabalho qualificado, barato e uma boa infraestrutura”. Por esse motivo, a Carmignac, embora tenha vindo a mudar o foco das suas carteiras, não deixou de investir em empresas chinesas, que ocupam atualmente 27% da sua carteira. Em particular, a gestora centrou o seu investimento no setor de comércio eletrónico, com empresas como a JD.com e a Vipshop.