Carmignac e a sua viagem além do Carmignac Securité

Paris
Créditos: Andreas Selter (Unsplash)

Atualmente, a Carmignac é uma das gestoras internacionais de referência no mercado ibérico. Segundo dados do barómetro da FundsPeople, a empresa que em Portugal e Espanha é dirigida por Ignacio Lana conta com um património ibérico que ronda os 6.500 milhões de anos. Primeiro foi um fundo misto, o Carmignac Patrimoine, o que lhe elevou a fama. Os seus extraordinários resultados durante a crise financeira fizeram a entidade ganhar popularidade. Posteriormente, foi uma estratégia de obrigações curto prazo, o Carmignac Securité, o que permitiu à gestora dar um grande salto em ativos.

Ambos conseguiram, claramente, posicionar-se como fundos de referência no mercado ibérico. Será muito difícil encontrar investidores que não conhecem qualquer destas estratégias. A notícia está a ampliar o seu espectro. Ao longo dos últimos anos, o investidor local foi descobrindo os aproximadamente 30 produtos que compõem a gama da entidade. Isto é especialmente evidente no segmento de obrigações, onde alguns fundos foram alcançando um património muito relevante no mercado ibérico. São concretamente três os que já superam a barreira dos 100 milhões na Península Ibérica e, portanto, desfrutam este ano do Selo FundsPeople pela sua classificação de Blockbuster.

1. Carmignac Portfolio Flexible Bond. É, atrás do Securité, o fundo da gestora com mais património na Península Ibérica. Anteriormente era conhecido como Carmignac Capital Plus. Eram os tempos nos quais o colombiano Carlos Galvis estava à frente da carteira. Nessa altura, definia-se como um fundo multiestratégia global macro conservador, que empregava estratégias direcionais e táticas em diferentes classes de ativos.

O nome do fundo mudou. Antes chamava-se Unconstrained Fixed Income. O folheto também. Aconteceu em julho de 2019 para se adaptar à nova equipa de gestão, que também mudou nessa data, quando a empresa francesa contratou Eliezer Ben Zimra e Guillaume Rigeade, na altura da Edmond de Rothschild AM, para gerir o produto.

A contratação de ambos os profissionais foi uma decisão muito ponderada que, com a passar do tempo, demonstrou ser acertada. Tratam-se gestores com mais de 15 anos de experiência, que partilham uma abordagem flexível e que, além disso, tinham tido um grande sucesso na sua etapa anterior. A transição na gestão do produto poderá ser um bom caso prático sobre como enfrentar este delicado processo com sucesso. Porque a estreita colaboração entre Galvis e o tandem Ben Zimra permitiu fazer uma rápida reorientação da carteira que, imediatamente, se repercutiu a nível de resultados. Em 2020, o fundo foi o terceiro melhor da sua categoria Morningstar.

2. Carmignac Portfolio Credit. É um dos fundos da Carmignac que está a ter um crescimento mais rápido. Trata-se de uma estratégia de obrigações corporativa global que não só é Blockbuster, como também é Consistente. E um dos motivos de destaque deste produto é o facto de ter conseguido ser o melhor dentro da sua categoria Morningstar dois anos seguidos, tanto em 2019 como em 2020. Também se destacam os resultados obtidos em 2018, quando foi o quarto melhor dentro do seu grupo de comparáveis. Este ano também está no primeiro decil. Ao nível de gestão, existe uma característica que torna este produto especial dentro da gama que comercializa a empresa francesa.

Em termos gerais, a filosofia de gestão que seguem a maioria dos gestores de obrigações da Carmignac é top-down. No caso do Carmnignac Portfolio Credit, não obstante, a estratégia baseia-se na análise bottom-up. É um fundo puro de alfa. Isto porque os gestores Pierre Verlé e Alexandre Deneuville, à frente do produto desde 2017, são especialistas em pôr em prática esta abordagem. Trouxeram ideias para o braço de obrigações do Carmignac Patrimoine. A empresa apostou neles como gestores e deu-lhes 30 milhões em seed money para gerirem o seu próprio fundo. Hoje, a estratégia já supera os 1.000 milhões em ativos.

3. Carmignac Patrimoine. Continua a ser um dos produtos de referência da Carmignac. Mantém a classificação de Blockbuster. Desde que em 2008 saltou para a fama na Península Ibérica, há muitas coisas que mudaram na vida do fundo. A mais importante é a equipa gestora. Historicamente, este era o fundo a partir do qual Edouard Carmignac, fundador da empresa, expressava as suas ideias. O que refletia a sua visão de mercado. Não obstante, acabou por deixar a equipa. Com Rose Ouahba, que era sua colega, encarrege da parte de obrigações, está agora David Older, contratado em 2018 pela gestora para ficar encarregue da parte de ações. Além do seu trabalho como gestor, Older é o responsável máximo de ações na entidade.

Recentemente, em abril, ao tandem que formam Older e Ouahba juntou-se Keith Ney, que foi responsável do Carmignac Securité. Todas estas mudanças não alteraram a filosofia do fundo. O Carmignac Patrimonoine continua a ser um misto moderado. Os seus resultados destacaram-se no ano passado, quando se situou como o terceiro melhor produto dentro da sua categoria. O interessante é que a gestora lançou a partir desta estratégia a gama de fundos Patrimoine. Assim nasceu, por exemplo, Carmignac Portfolio Patrimoine Europe (com foco na Europa), produto com Selo FundsPeople 2021, pela sua classificação de Consistente.

O fundo destaca-se por ter estar no percentil um em 2020, no percentil sete em 2017 e no percentil 13 em 2018. É cogerido por Keith Ney e por Mark Denham, gestor também do Carmignac Portofolio Grande Europe.

4. Carmignac Portfolio Grande Europe. Apesar da Carmignac ser conhecida na Península Ibérica pelas suas estratégias de obrigações, a empresa também possui produtos de ações interessantes. O que conseguiu atrair mais ativos no mercado ibérico foi o Carmignac Portfolio Grande Europe, fundo de ações europeias que, além de Blockbuster, ostenta este ano a classificação de Consistente. Este produto segue uma filosofia de análise fundamental e está englobado no Artigo 8.