No caso dos OICVM que investem em cat bonds, segundo o Relatório Anual da CMVM sobre a Exposição do Mercado de Capitais ao Risco Climático, os ativos sob gestão ultrapassavam os 10 mil milhões de dólares, no final de 2023, a nível europeu, mas ainda assim, continuam ausentes das carteiras dos OICVM nacionais.
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Num recente artigo da FundsPeople, com base no último Relatório Anual da CMVM sobre a Exposição do Mercado de Capitais ao Risco Climático, publicado pela CMVM, demos destaque à intensidade carbónica dos OIC nacionais. Agora, ampliamos o foco para explorar a evolução dos instrumentos de dívida que consideram objetivos climáticos.
Estes produtos financeiros, especialmente instrumentos de dívida sustentável, têm registado crescimento na zona euro. De acordo com o BCE, no final de 2023, o montante de dívida sustentável totalizava 1.364,4 mil milhões de euros, sendo 871,7 mil milhões em obrigações verdes. Tal representa um aumento de 27,5% em relação ao ano anterior. Já a dívida ligada à sustentabilidade cresceu 30% face a 2022, alcançando 117,3 mil milhões de euros. Apesar disso, esses instrumentos representam apenas 7% do total de emissões globais de dívida na zona euro.
Também em Portugal, a emissão deste tipo de títulos tem crescido. De acordo com o relatório, “a primeira emissão de obrigações verdes por uma empresa cotada portuguesa remonta a outubro de 2018, no valor de 600 milhões de euros, tendo como objetivo o financiamento do desenvolvimento e construção de parques eólicos e solares”. Desde então e até ao final de 2023, “sete empresas nacionais emitiram obrigações verdes, contabilizando um total emitido de 17.521,3 milhões de euros”.
A maioria das emissões nacionais de obrigações verdes segue os Green Bond Principles da International Capital Markets Association (ICMA), com verificações externas de alinhamento realizadas pela Sustainalytics ou ISS Oekom. O setor dos serviços públicos lidera essas emissões, representando 70,5% do total. Até à data, o Estado português ainda não realizou nenhuma emissão de obrigações verdes.
Cat bonds: OICVM portugueses sem exposição
Além dos instrumentos de mercado de capitais desenvolvidos para apoiar as empresas na transição para uma economia mais sustentável, existe ainda um tipo de dívida diretamente ligado à mitigação de riscos: as catastrophe bonds, comummente designadas de cat bonds. Relembrando, este tipo de produtos permite transformar o risco de desastres naturais ou causados pela ação humana em ativos negociáveis nos mercados de capitais, por meio de um processo de titularização.
Observando a evolução concreta das cat bonds, a emissão destes instrumentos financeiros tem crescido de forma sustentada desde o seu surgimento, embora com algumas oscilações, particularmente desde 2007. No final de 2023, os ativos sob gestão, no caso dos OICVM que investem em cat bonds, totalizavam 10,9 mil milhões de dólares, a nível europeu. Em termos de montante, a emissão deste tipo de obrigações ultrapassou os 12 mil milhões de dólares em 2021, a nível global, o maior montante anual desde a sua criação.
A Comissão Europeia reconhece, efetivamente, as cat bonds como ferramentas úteis para enfrentar riscos climáticos, visto que o dispersar do risco de eventos catastróficos naturais pelo mercado de capitais, fortalece o setor segurador e promove a adaptação às mudanças climáticas. No entanto, com referência a final de 2023, segundo o regulador nacional, os OICVM nacionais portugueses não possuem qualquer exposição a estes instrumentos financeiros.