A equipa de ações asiáticas e emergentes da Henley continua a sobreponderar a China por dois motivos: valorizações e baixas expetativas do consenso do mercado.
A grande esperança de 2023 acabou por ser uma grande deceção. Há um ano, o mercado esperava um boom económico na sequência do fim das políticas de COVID zero na China. Tal era a expetativa que, entre 31 de outubro de 2022 e 19 de janeiro de 2023, o índice MSCI China subiu 51% em dólares. Mas 12 meses mais tarde, o rally já tinha perdido forças, de tal forma que o mesmo índice fechou o ano 11% abaixo.
Muitos gestores desistiram. Mas nem todos. A equipa de ações asiáticas e emergentes da Invesco continua sobreponderada à China por duas razões: as valorizações que oferece (abaixo das 10 vezes no PER forward) são atrativas e as expetativas são baixas. “O que significa que as probabilidades de superar o consenso são maiores do que, por exemplo, no mercado indiano, onde quase metade dos componentes negoceiam acima de 30 vezes os lucros do próximo ano”, argumenta a equipa.
Agora, de que precisa o mercado chinês para se reativar? É uma pergunta à qual não se atrevem a responder diretamente. “O que sabemos é que, quando a corda estica para tais extremos, esta tende a inverter-se, e preferimos não estar no lado errado desse movimento. De facto, a nossa mentalidade contrarian leva-nos a sobreponderar a China e a subponderar a Índia, sem nos basearmos em grandes chamadas macro, já que este posicionamento é suportado pela análise das empresas”, afirmam.
Não se trata de os gestores não estarem conscientes dos desafios estruturais e geopolíticos que a China enfrenta. Por isso, a sobreponderação que defendem é ligeira. Não obstante, continua a ser a maior ponderação nos seus fundos da Ásia e de mercados emergentes. “E esperamos que estas empresas ganhem muito dinheiro nos próximos 3-5 anos”, defendem. Na sua opinião, nesta conjuntura, oferece bons pontos de entrada. Em contrapartida, as expetativas de crescimento na Índia, onde estão subponderados, serão difíceis de alcançar.
Riscos de surpresa crescentes
As recentes conversações sobre um pacote de resgate para estabilizar o mercado vão dar um sinal positivo, prevê a equipa, ajudando a dissipar a ideia de que o governo não se preocupa com o mercado. “Não nos surpreende que, aparentemente, a China esteja a intervir para estabilizar o mercado e a confiança, como é habitual nas fases de descida do mercado, mediante alterações normativas e a compra direta de ações”, apontam.
E mais importante ainda, o sentimento quanto à China é atualmente tão débil que as valorizações das ações com grandes descontos parecem muito sensíveis aos sinais de melhoria da economia e do setor empresarial. “O tempo dirá se estas medidas vão constituir um ponto de inflexão, mas é preciso esperar por uma série de medidas de apoio graduais durante o tempo necessário para restabelecer a confiança dos consumidores”, afirmam.