Cinco mensagens da Goldman Sachs PWM para os seus clientes de banca privada para a asset allocation

Matheus Dibo. GSAM
Matheus Dibo. Créditos: cedida (GSAM)

O contexto económico global é muito diferente do que o consenso descontava há apenas 12 meses. Há precisamente um ano, as conversas centravam-se no risco de recessão iminente. Atualmente, o panorama é o de um crescimento sólido nas principais regiões.

A Goldman Sachs Private Wealth Management também melhorou as suas previsões de crescimento para este ano nos EUA, na Europa e no Reino Unido. A inflação, que continua acima do objetivo de 2%, também os levou a atualizar as suas previsões de descidas de taxas. No início do ano, o seu cenário de base contemplava que o ciclo de cortes ia começar em março, e agora, a data que definem para o primeiro movimento da Fed é em setembro. “Claro que, com a economia global nesta posição, a grande questão que se coloca é que motivo terão os bancos centrais para cortar taxas em primeiro lugar”, reconhece Matheus Dibo, responsável da equipa de Investment Strategy Group da Goldman Sachs AM.

  • O papel dos ativos privados

Neste quadro macroeconómico e monetário, uma primeira mensagem que a equipa Investment Strategy Group da Goldman Sachs PWM transmite aos seus clientes é a importância da diversificação na alocação de ativos, e não apenas nas obrigações e ações. “Estamos a propor aos nossos clientes terem uma sobreponderação em ativos privados. Acreditamos que há um prémio de iliquidez que os investidores que têm um horizonte longo devem captar”, defende o especialista. Embora varie segundo as necessidades do cliente, Matheus acredita que uma alocação próxima de 20% da carteira a mercados privados seria um bom intervalo.

  • Sobreponderação nos EUA

Dentro da melhoria das perspetivas económicas da banca privada, os EUA são a região desenvolvida onde veem mais força este ano. A entidade calcula um aumento do PIB dos EUA de 2,5% em 2024. Algo impressionante, ressalta Matheus Dibo, para uma economia tão grande como a dos EUA. E o potencial económico do país também é um motor para o seu mercado de ações. Assim, a Goldman Sachs PWM defende a sobreponderação em ações americanas.

“A prevalência dos EUA sobre outros mercados é algo estrutural. É a região que demonstrou mais resiliência, o país que está a liderar a inovação tecnológica, o que mais petróleo está a produzir num contexto de escassez energética, etc.”, argumenta o estratega. E a sua previsão é que este domínio dos EUA se mantenha. Mesmo após as fortes revalorizações deste e do ano passado. “Não se trata de um re-rating. O mercado está realmente a recompensar as empresas mais fortes”, insiste.

A tese da banca privada é mais estrutural do que tática, pelo que Matheus minimiza o risco de uma reversão para a média no curto-médio prazo. “As correções são inevitáveis. Em todo o ciclo ascendente, é normal ver uma queda de 10%, mas os níveis recuperam rapidamente”, explica. Não é a primeira vez que o mercado americano negoceia a estes múltiplos. Em julho de 1995, a bolsa americana também se encontrava em novos máximos. “Se, nessa altura, um investidor tivesse saído do mercado à espera de uma queda, nunca mais teria conseguido entrar a um nível tão baixo. Teria tido de comprar mais caro para regressar”, conta.

  • Subponderação em emergentes devido à China

A outra face da sobreponderação nos EUA é a subponderação em ações emergentes. A principal causa é a situação que preveem na China. Durante anos, a China foi o principal motor do crescimento mundial. No entanto, as ações chinesas não superaram o índice global. “Se não conseguiram fazê-lo quando o país estava a crescer a um maior ritmo, é-nos complicado ver um panorama fácil para a classe de ativos quando a nossa previsão é que o ritmo da sua economia abrande e a mesma enfrenta ventos contrários”, explica Matheus Dibo.

  • Táticos em oleodutos de petróleo e gás e em defesa

A nível mais tático, a equipa da GSAM está otimista com três nichos. Em primeiro lugar, os oleodutos de petróleo e gás americanos. Em segundo lugar, as empresas de consumo básico americanas, porque “o mercado tem exagerado com os receios de um debilitamento do consumidor norte-americano, que acabou por não acontecer”. E em terceiro lugar, os setores aeroespacial e de defesa da Europa, porque a equipa de Matheus Dibo identifica um maior foco dos governos europeus no aumento dos orçamentos de estado para a segurança nacional.

  • Onde não estão positivos: hedge funds e matérias-primas

Onde a Goldman Sachs PWM não está tão positiva é em hedge funds e matérias-primas (como o ouro e o petróleo). No caso dos primeiros, Matheus sente que não é uma classe de ativos que tenha demonstrado uma boa geração de alfa. “A longo prazo, a média do setor dos hedge funds é zero, e a isso soma-se o facto de ser uma indústria com pouca transparência em comissões”, argumenta.

Quanto ao ouro e às matérias-primas em geral, a banca privada não é a favor de uma alocação estrutural à classe de ativos. “A tese do ouro como proteção face às subidas de preços não é sustentável. A longo prazo, o único ativo que superou realmente a inflação foram as ações”, afirma. Segundo os seus cálculos, em qualquer período de 20 anos, a bolsa superou a inflação 100% das vezes; o ouro apenas o fez 50% das vezes.