CNSF alerta para a concentração significativa dos valores geridos em dívida pública portuguesa

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iboogaloo, Flickr, Creative Commons

2017 em análise:  o último relatório de atividades do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (CNSF) passa em revista diversos pontos do sistema financeiro que marcaram o ano passado, dando-se especial ênfase à vertente macroprudencial e à vertente microprudencial.

No âmbito da primeira, há espaço para algumas considerações sobre o mercado de valores mobiliários, mais concretamente sobre os fundos de investimento e também sobre a gestão individual de carteiras. No relatório elaborado por estes supervisores, é referido que “nos mercados de valores mobiliários, constatou-se uma recuperação das cotações acionistas, associada a uma volatilidade muito baixa em termos históricos, e uma diminuição contínua do número de sociedades cotadas”.

O ano positivo para os fundos de investimento nacionais também é realçado no documento. Escrevem que “as subscrições líquidas dos fundos de investimento tiveram uma evolução positiva no ano”, tendo existido contudo “desinvestimento em fundos do mercado monetário”. O Conselho Nacional de Supervisores Financeiros salienta também que o valor sob gestão dos fundos representa contudo uma percentagem diminuta face aos depósitos bancários.

Do lado da gestão individual de carteiras, o CNSF reporta que os valores geridos  “não têm sofrido alterações expressivas”, embora “o número de carteiras geridas continue a diminuir”. Um efeito que para este organismo pode significar que os “investidores de menor dimensão (retalho) continuam a sair do sector”. Salientada é também a “concentração significativa dos valores geridos em dívida pública portuguesa”, “por contraposição ao desinvestimento em dívida privada”, o que, na opinião do CNSF “pode motivar perdas relevantes para os investidores em caso de agravamento das condições de financiamento dos emitentes soberanos (a duração modificada é mais do dobro do que a dos fundos de investimento)”.

Obviamente que DMIF II também foi um assunto em cima da mesa no ano passado. É salientado, por exemplo, que o “CNSF aprovou a última versão do anteprojeto de transposição e aplicação dos diplomas do “pacote DMIF II” e o relatório com as conclusões da consulta pública realizada pelo CNSF (que tinha decorrido até 9 de fevereiro de 2017), que foram remetidos ao Ministério das Finanças”.