Como evoluiu o sentimento do investidor europeu de fundos nos últimos anos?

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A dimensão do setor da gestão coletiva de ativos tem assistido a uma pronunciada trajetória de crescimento na Europa, ao longo dos últimos anos. Segundo o Relatório sobre os Mercados de Valores Mobiliários de 2019 publicado pela CMVM, entre 2011 e 2017 o valor líquido administrado pela gestão coletiva na Europa quase duplicou, passando de cerca de 8 biliões de euros para quase 16 biliões em apenas 6 anos.

Contudo, nos últimos anos, o sentimento do investidor face ao mercado tem sido afetado em inúmeras circunstâncias, o que põe em causa a referida trajetória ascendente da gestão de ativos. Segundo explica o regulador, a retração do mercado de 2018 foi explicada pela “descida das cotações no final desse ano, o aumento da volatilidade no mercado acionista, as preocupações dos investidores face ao abrandamento da atividade económica, as tensões comerciais e a incerteza política”, resultando numa forte diminuição das subscrições líquidas. Porém, em contraste, no ano de 2019 assistiu-se ao crescimento dos valores administrados, na Europa e em Portugal.

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No ano passado, na Europa, o valor dos ativos líquidos dos OICVM e dos Fundos de Investimento Alternativos (FIA) atingiu os 17,7 biliões de euros. Os principais catalisadores, referidos pela CMVM, para este aumento do valor sob gestão foram os aumentos de preços e a existência de subscrições superiores aos resgates (+549 mil milhões de Euros).

Também os investidores portugueses acompanharam esta tendência a partir do terceiro trimestre de 2019. Tal pode ser observado através do desenvolvimento do indicador de procura genérica, que, como indicam no relatório “descreve em termos gerais as alterações nas subscrições (líquidas de resgates) em todas as categorias de fundos”. Nos primeiros seis meses do ano os resgates superaram as subscrições em três meses, sinal de uma maior incerteza sentida pelos investidores. Porém, no resto do ano, o saldo entre subscrições e resgates foi positivo em todos os meses, “tendo aumentado de forma expressiva no mês de dezembro, particularmente nos Fundos de Poupança Reforma, refletindo assim um maior otimismo dos investidores face ao contexto macroeconómico e geopolítico”.

Depósitos reinam no sul

O peso dos fundos de investimento nas economias europeias segue uma distribuição muito dispersa. Por um lado, Luxemburgo e da Irlanda continuam a ser as economias em que a expressão destes instrumentos é maior. Também na Holanda e em Malta, o valor dos ativos sob gestão ultrapassa também o valor do PIB das respetivas economias. Contudo, no caso nacional, mas também no espanhol, italiano e grego, no final de 2019, o peso dos depósitos bancários de particulares no PIB era superior ao do valor sob gestão dos fundos de investimento; contudo, tal não ocorria em França e na Alemanha.

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